terça-feira, 30 de outubro de 2007

Reações

As pessoas são imprevisíveis, mas só até certo ponto. Hoje fiquei absolutamente surpreso com a reação de uma pessoa... Por uns dez segundos. O tempo de perceber que, no fim, a criatura só poderia ter reagido mesmo daquela forma.

E é assim com quase todo mundo. O marido matou a esposa? O vizinho do lado provavelmente irá dizer, desolado:

— Eu sabia...

E um amigo:

— Mas porque você não fez nada a respeito?

O vizinho:

— É que antes eu nem desconfiava, mas depois que aconteceu, descobri que já sabia disso o tempo todo.

O amigo, de olhos arregalados:

— Que observação esquisita!

E o mesmo amigo, logo em seguida, mais conformado:

— Se bem que, vindo de você, não me surpreende...

E a cada dia que passa, fico mais surpreso com o tanto de coisas que eu já sabia sobre determinadas pessoas.

De volta de novo

O Ninguém Perguntou está de volta. Se bem que, na verdade, ele não foi a lugar nenhum e, apesar de vocês não estarem recebendo atualizações, continuei escrevendo uma ou outra coisa por aqui. Portanto, o mais correto seria dizer que as atualizações automáticas do Ninguém Perguntou estão de volta.

E, dessa vez, são realmente automáticas. A loura eslava que encaminhava as mensagens para vocês agora trabalha full time como minha personal trainner, e o gmail faz tudo sozinho, com a ajuda de uns programinhas novos que me ajudam a medir a freqüência do site, entre outras coisas.

Aliás, é sobre isso que quero falar com vocês: a freqüência está péssima. Era de se esperar, já que meus e-mails não estavam mais te encaminhando para o site, mas agora vamos deixar de preguiça e mover esse dedinho, clicar no link abaixo e mexer os olhinhos. É isso aí! Quero ver todo mundo com olhinho mexendo. Quem não ler tudo, vai pagar 50 flexões, moleque!

Hm... Desculpe pela empolgação. Desde que minha nova personal assistiu à Tropa de Elite que minha vida tem sido um inferno... Preciso descontar em alguém.

Também quero aproveitar para dar as boas novas aos novos assinantes do Ninguém Perguntou. Para quem não sabe, o sistema de assinaturas do Ninguém Perguntou funciona da seguinte forma: algum amigo-da-onça manda seu e-mail para mim pedindo para que eu inclua a pessoa no banco de dados, sem sua autorização ou permissão*. Isso é feito imediatamente e qualquer pedido do dono do e-mail para ser removido da lista é terminantemente ignorado. A pessoa vai receber e-mails não-solicitados do Ninguém Perguntou para o resto da minha vida - o que não deve durar muito: tenho recebido algumas ameaças por causa desse sistema de assinaturas.

Bom, sem mais delongas,

Bem-vindos ao Ninguém Perguntou

http://ninguemperguntou.blogspot.com


 

*Na verdade, você pode remover seu nome a qualquer momento. Basta responder a este e-mail solicitando a remoção. Ou incluindo mais alguém, passando a sacanagem para a frente.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Genética Perigosa 2

Laboratórios no mundo todo estão patenteando genes a torto e a direito. Isso significa que, de uma hora para outra, você pode deixar de ser considerado o legítimo dono de algo que está dentro de você. Quer mais? Estão descobrindo que muitos genes são responsáveis não apenas pela cor dos olhos, mas também por comportamentos: violência, desejo, vícios - é a famosa predisposição genética.

Sabe o que isso significa? Um assassino poderá alegar predisposição genética em um tribunal e sair livre. Depois que todos os genes estiverem todos catalogados e mapeados, se você souber que tem predisposição para diabetes e ainda assim engravidar alguém, poderá ser responsabilizado legalmente.. Você estará conscientemente espalhando uma doença genética.

Não acaba aí: através da manipulação genética, poderemos alterar a natureza: cachorros que são eternamente filhotes, baratas gigantes como bichos de estimação, peixes no formato da garrafa de Coca-Cola (pet ou original).

A manipulação genética é uma forma de garantir que não precisemos de colônias de louras como sugeri na crônica anterior, pode curar diversas doenças e produzir alfaces com gosto de BigMac (quero ver as crianças recusarem as verduras), mas o que provavelmente vamos acabar fazendo é dar ainda mais dinheiro para advogados e corporações multimilionárias, criar um supervírus e, quem sabe, uma super-bomba, que misture mutações instantâneas e radioatividade, para garantir ainda mais mutações a longo prazo.

Assim é a raça humana. Existimos para nos explorar uns aos outros. É hereditário. Se ao menos houvesse um jeito de mudar isso...

Genética perigosa

Foi com um pouco de horror que recebi a notícia de que as louras podem entrar em extinção nos próximos 400 anos. Bom, tecnicamente, os louros também vão se extinguir, mas estou preocupado mesmo é com as louras.

E, ao contrário do que muita gente maldosa possa pensar, não se trata do processo de seleção natural de Darwin, que defende que só os mais capazes sobrevivem. Nada disso, você não vai encontrar nesse texto nenhuma piadinha sobre a falta de inteligência das louras. Apenas os duros e frios fatos.

A culpa é da globalização, e desse povo que anda transando para cima e para baixo, misturando os genes e desorganizando o caldo biológico. O gene dos cabelos louros é recessivo e tem tudo para se perder no meio dessa suruba genética.

O ser - humano se adapta rápido e já estamos preparados para o pior. A tintura e a água oxigenada são correções evolutivas eficazes, assim como a lança e a roda foram necessárias para a preservação da espécie no passado. Mas ainda podemos agir enquanto é tempo.

Sugiro a construção de reservas na Dinamarca, na Noruega e na Suécia... Hmm... Na Suécia, não. As revistinhas de sacanagem de lá são ótimas. É melhor deixar a libertinagem correr solta por lá (por razões parecidas poupei a Holanda). Pode ser a Finlândia. Pronto: Dinamarca, Noruega e Finlândia.

Com três países voltados só para a reprodução de louras (e louros, inevitavelmente) acho que ficamos bem. Ei! Já fazemos isso com baleias e micos, por que não com as louras? Não é machismo, é consciência ecológica.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Eu e o Rio.

Em ordem cronológica, veja mais ou menos o que aconteceu comigo nas últimas vezes em que estive no Rio de Janeiro:
- Andei em um táxi com um motorista psicótico;
- Fui assaltado, com direito a ter um tiro disparado em minha direção.
- Dormi em um motel. Sozinho – o que torna a situação ainda mais deprimente (longa história). E esperei oito horas no aeroporto para voltar para casa.
- Aconteceu uma das maiores chuvas da história do Rio de Janeiro. Atente para o fato de que não foi simplesmente uma chuva forte. Vale repetir: uma das maiores chuvas da história do Rio de Janeiro. Demorei três horas para chegar ao aeroporto – e fiquei preso mais uma hora e meia dentro do avião antes que o mesmo pudesse decolar.

Gostaria, ainda, de deixar claro que jamais falei mal abertamente do Rio de Janeiro até o episódio do motorista psicótico. E que só passei a falar mal sistematicamente da cidade depois do episódio do tiro. O Rio começou e obviamente não tem a menor intenção de pedir desculpas. É guerra!

Não sei exatamente como um único indivíduo pode travar uma guerra com uma cidade, mas pretendo descobrir. Vou começar pela minha área: a publicidade. Nesse caso, negativa.

As principais cidades do mundo são cenários importantes, que refletem a cultura e o comportamento dos seus cidadãos. Enquanto Nova York é a escolha preferida para filmes que valorizam as relações humanas e a arte, enquanto Paris é a cidade preferida para a filosofia e o amor, o Rio de Janeiro faz sucesso pelo mundo mostrando a fragilidade humana diante da violência e da degradação moral. Ou vocês nunca ouviram falar de Cidade de Deus e Tropa de Elite?

Que coisa feia, Rio, que coisa feia. Quando é que você vai tomar jeito, hein?

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

House

Quem tem o canal da Universal na TV a cabo provavelmente já assistiu a um episódio de House e, se não assistiu, está perdendo.

House é um médico extremamente competente que usa toda essa competência como desculpa para ser intratável: arrogante, convencido, agressivo e antiético. É uma pessoa impossível de existir, mas o roteiro do seriado (e a atuação de Hugh Laurie) é inteligente o suficiente para dar credibilidade ao personagem.

Mais que isso: House é o profissional que todos gostaríamos de ser! Confesse: você bem que queria ser um fodão, o escroto do pedaço, o cara que todo mundo detesta e admira ao mesmo tempo, o cara que está certo o tempo todo, que tem sempre a frase certa no momento certo.

Pelo menos por alguns momentos - porque claro que ser o House o tempo todo seria um saco. Um sujeito sem amigos, sem namorada e sem esperança.

Mas ser o House não é um objetivo de vida, é uma catarse. Não é alguém que planejamos ser, mas alguém que gostaríamos de ser em uma situação saia-justa.

E é por isso que o seriado funciona. Por uma hora, você fica ali, vendo aquela personalidade magnética dominado o mundo à sua volta (inclusive o espectador) e, antes que você fique realmente incomodado, o episódio acaba. E ficamos com a ilusão perfeita de que ser alguém como o House pode ser muito bacana.

Os diálogos rápidos e inteligentes também colaboram com a diversão. Uma das minhas frases preferidas: “você não pode ter raiva de Deus e não acreditar nele ao mesmo tempo”.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A lente da verdade

O nobre mago andava distraído, pensando nos grandes enigmas do universo quando tropeçou e caiu. Seus óculos voaram longe, bateram contra uma pedra e se partiram, irremediavelmente quebrados. "Justo hoje", pensou o nobre mago, "que não tenho comigo meu livro de feitiços banais".

Sim, porque, verdade seja dita, com um feitiço banal, o mago poderia restaurar seus óculos e voltar a ter uma visão perfeita. Que infelicidade! E ele nem conseguia se lembrar do feitiço banal! Era tão simples - como pôde esquecer?

Mas nem tudo estava perdido, pois um pobre camponês que passava por perto assistiu a tudo e aproximou-se do nobre mago:

— Nobre mago, perdão, mas vi o que aconteceu e acredito que posso ajudá-lo. Acontece que sofro do mesmo mal e carrego comigo sempre meus óculos sobressalentes. Posso emprestá-los para o senhor, se quiser.

Mas aconteceu o seguinte: vários aprendizes de feiticeiro tinham também assistido à cena e observavam o nobre mago atentamente. O mago percebeu que pegar os óculos emprestados com o camponês seria admitir a todos os presentes que havia esquecido o óbvio, que ele já não se lembrava de algo tão banal quanto o feitiço reparador. O que pensariam dele?

O nobre mago, então, se empertigou e, gesticulando no ar, falou:

— Não se preocupe. Já fiz um grande feitiço que me permitirá enxergar por um breve tempo até que pegue meus óculos sobressalentes.

Todos ficaram admirados com o mago, pois nem sabiam que o tal feitiço existia e o mago continuou seu caminho, cego, mas com a dignidade intacta. O mesmo não pôde ser dito do camponês que ainda foi alvo de algumas risadas. Que inocência achar que o mago precisava de ajuda, justo o grande nobre mago escolhido pelo próprio rei!

E cada um seguiu seu caminho.

Moral: Para enxergar as coisas através do ponto de vista dos outros é preciso humildade. Ou: se você é convencido, melhor usar lentes de contato.

Solúvel 2

Determinados problemas são muito difíceis de serem solucionados. Encaixam-se nessa categoria problemas que são seus, mas cuja solução depende de outros.

Se uma pessoa, por exemplo, bater no seu carro e fugir. O que fazer? Você pode torcer para alguém ter anotado a placa, torcer para que a pessoa entre em crise de consciência e volte para o local do acidente ou, simplesmente, declarar o problema insolúvel, arcar com o prejuízo e seguir em frente.

Alguns podem argumentar que seguir em frente é uma forma de solucionar o problema, mas essas pessoas são as mesmas que costumam ver a vida de forma positiva e que acham que tudo de ruim acontece por um motivo. Qualquer um sabe que esse tipo de pensamento só pode trazer tranqüilidade - e quem é que quer ficar tranqüilo hoje em dia? Eu, certamente, não.

Por algum estranho motivo, gosto de ver o mundo como ele é: um lugar sem solução.

Hipótese

A seguir, um roteiro hipotético para uma camapanha hipotética voltada para o jovem, com foco no direito de usar camisinha, hipoteticamente, claro.
ROTEIRO
CAMISINHA É UM DIREITO
30”

TEXTO LIDO EM ALTA VELOCIDADE, REPLETO DE IMAGENS RÁPIDAS E RECORTADAS DE JOVENS DE TODAS AS ETINIAS, GÊNEROS E CLASSES SOCIAIS, ILUSTRANDO DE FORMA BEM-HUMORADA O QUE O NARRADOR ESTÁ FALANDO.

A CADA DOIS SEGUNDOS A IMAGEM MUDA ENQUANTO O LOCUTOR FALA.

ALGUMAS IMAGENS SUGERIDAS:
JOVENS DANÇANDO, GRUPO DE AMIGOS, DOIS HOMENS TROCANDO UM SELINHO (BEIJO RÁPIDO), MÃOS DADAS, UM SENHOR BEM VELHINHO BRINCANDO COM O NETO, UM CASAL DE JOVENS SE AGARRANDO DENTRO DE UM CARRO VELHO, CENAS DE RUA, JOVEM DE CAMISA VELHA E PÉS DESCALÇOS, SOL, CHUVA, SERTÃO E PRAIA.

TEXTO:
O JOVEM É UMA CRIATURA HUMANA, RESIDENTE NO PLANETA TERRA, COM IDADE INDEFINIDA ENTRE 12 E 120 ANOS.
ELE SE DIVERTE, ELE NAMORA, ELE AMA, ELE TRANSA – ÀS VEZES SEM CAMISINHA.

IMAGEM :
JOVEM AO LADO DE UM AMIGO QUE BATE NA CABEÇA DO OUTRO COM DOIS CASCUDOS.

TEXTO:
MAS, MESMO ASSIM, É O JOVEM QUEM MAIS ENTENDE QUE A CAMISINHA EVITA A GRAVIDEZ E PROTEJE DA AIDS E DAS DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS.

E, POR ISSO, ELE CONQUISTOU O DIREITO DE ANDAR SEMPRE COM UMA CAMISINHA AO ALCANCE DA MÃO. OU DUAS.

IMAGEM :
APARECEM OS MESMOS JOVENS DA IMAGEM ANTERIOR FALANDO. O AMIGO TEM UMA CAMISINHA NA MÃO E O OUTRO, DUAS. ELE AGORA SORRI E DÁ UM CASCUDO NO AMIGO.

ASSINATURA (OUTRA LOCUÇÃO):
CAMISINHA – É UM DIREITO DE QUEM TRANSOU E DE QUEM AINDA VAI TRANSAR.

Amizade

Descobri recentemente que sou muito exigente com meus amigos. O que é péssimo, pois eu mesmo não sou o que pode ser considerado um amigo exemplar. O máximo que você vai conseguir me tendo como amigo é um telefonema de seis em seis meses e, com sorte, que eu lembre do seu aniversário de dois em dois anos. Não garanto que vou dar presente.
Esse é o pacote básico, mas eu ofereço um upgrade gratuito se as coisas se complicarem:
- Não dou em cima da esposa ou da namorada. (Se for muito gostosa, der em cima de mim e o amigo em questão estiver me devendo dinheiro, me reservo o direito de abandonar essa regra – mas usarei camisinha).
- Aceito qualquer desabafo por horas (e em qualquer horário) em casos de desilusão amorosa, chefe escroto ou perda de título nacional por causa de roubo do juiz.
- Levo no hospital em caso de bebedeira, acidente com objetos perfuro-cortantes e bolada no saco.
- Dou carona se não tiver que sair muito do caminho.
E é mais ou menos isso.
Por outro lado, exijo de quem queira ser meu amigo o seguinte: lealdade e respeito.
Tenho tido poucos candidatos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Opinião

Minha filha de quatro anos acha que um fusquinha se parece muito com um cachorro quente e que o ser humano não pode pertencer ao reino animal porque não late e nem bota ovo.

Isso mostra que uma opinião pode ser tanto baseada em fatos quanto em experiência pessoal e ainda assim soar estranha aos ouvidos de muita gente. Isso também prova que, à medida que envelhecemos, nossas opiniões vão ficando cada vez menos originais e ainda menos interessantes.

Mas isso é só minha opinião.

domingo, 7 de outubro de 2007

Aparências

Na prática, coincidência e destino são a mesma coisa. Sendo assim, por coincidência ou destino, a ética (ou a falta dela) acabou estando muito presente em minha vida nos últimos meses: de um livro meu publicado sem minha autorização até uma possível campanha de publicidade que tive a oportunidade de discutir. O tema voltou a chamar minha atenção hoje quando, ao ler o jornal, dei de cara com a declaração da senadora escolhida para ser relatora na CPI das ONGs.

O nome dela me fugiu agora, mas a declaração dela me marcou: "A ética não pode ser o centro de tudo". Tudo indica que ela mantém ou manteve relações com uma das ONGs arroladas na CPI e, apesar de identificar um conflito ético na questão, isso não parece ser motivo suficiente para desqualificá-la como relatora. Pelo menos, não na visão da própria senadora.

Não vou entrar em detalhes nas outras discussões éticas que citei no primeiro parágrafo. As histórias são boas, mas mais adequadas para um bate-papo em uma mesa de bar que para o Ninguém Perguntou. O que me chamou atenção é que tenho tido a impressão de que o meu conceito de ética não é muito popular e não bate com o conceito de muita gente por aí.

Qual é minha referência para ética? É mais ou menos a seguinte: se uma atitude parece ser errada é porque provavelmente é mesmo.

Mas o mundo é mais complicado que isso e as pessoas, mais complicadas que o mundo.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Bobagem

O bobo da corte não se veste como os outros, não se comporta como os outros e é alvo do ridículo de todos. Ninguém dá crédito às coisas que ele diz e, embora seja divertido apreciá-lo por uns tempos, ninguém gostaria de ser visto junto ao bobo da corte em uma ocasião social. O bobo da corte normalmente está sozinho em suas convicções, que são esquisitas, improváveis e fora de moda.

O Renan Calheiros daria um ótimo bobo, pois só o próprio se vê como inocente, mas a ele falta um pré-requisito fundamental, o detalhe primordial que define o bobo: o bobo só fala a verdade, o que o torna inconveniente e chato de vez em quando.

Por conta dessa inconveniência, o Rei poderia mandar matar o bobo, mas o bobo o faz lembrar-se de outros tempos, quando ele ainda não era rei. Quando ele e o bobo sentavam juntos na calçada e ele ria de tudo que o bobo falava sobre o monarca anterior.

 

Jogos

Finalmente achei um hobby que parece ser saudável. Uma coisa que, além de divertida, não aliena você do mundo à sua volta. Pelo contrário, aumenta sua capacidade de socialização e já me rendeu, senão amigos, prováveis candidatos.

Jogos de tabuleiro.

Minha esposa gosta, minha sobrinha gosta, minha filha gosta e meu cunhado gosta (nada é perfeito). Uma porção de gente em todo mundo gosta e a comunidade online é uma das mais inteligentes e bem-humoradas que já visitei... Tá, você me pegou: é a única comunidade online que visitei – mas foi também a única que, após passar os olhos rapidamente, me interessou.

Além disso, hoje pela manhã acompanhei a história de uma família que, por intermédio de um jogo de tabuleiro, conseguiu fazer com que seu filho autista interagisse com o resto da família.

A dificuldade para o autista não é entender as regras ou os mecanismos de um jogo. A dificuldade para ele está em dividir a experiência do jogo com alguém, já que ele tem resistência em sair de seu universo particular. Ele agora está aprendendo a esperar a vez de jogar e entende os limites do que pode fazer em seu turno, respeitando também o direito dos outros de participar da brincadeira.

Acho que qualquer hobby que aproxima famílias e que ensina a respeitar limites e a compartilhar bons momentos é um bom hobby.

O videogame, agora meio esquecido, anda morrendo de inveja...

1, 2, 3, testando...

Ontem fiz uma coisa da qual não me orgulho muito. Resolvi fazer um teste de confiança.
Explico: estava prestes a tomar uma decisão importante e, para isso, seria interessante saber se uma determinada pessoa confiava em mim ou não.
Fiz o teste, a pessoa falhou miseravelmente e eu achei melhor ficar quieto e não tomar decisão nenhuma.
Embora a coisa toda tenha tido um efeito prático que me foi benéfico, o resultado final foi o seguinte: a pessoa confia ainda menos em mim e eu estou ainda mais decepcionado com a criatura (se é que isso era possível).
Lição: em qualquer situação onde um teste de confiança seja necessário é porque já não existe confiança há algum tempo e o teste é, portanto, desnecessário.


A história acima, apesar de narrada em primeira pessoa, é uma obra de ficção. A não ser, é claro, que a carapuça sirva em alguém.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Orelhas

Engraçado, cortei o que resta do meu cabelo bem rente há poucos dias atrás, o frio aumentou e tudo indica que vai chover - mas minhas orelhas continuam quentes.