No caminho de volta da Pousada do Rio Quente (sim, eu estive lá nos últimos dias, caso contrário não poderia estar voltando), uma placa de trânsito me chamou a atenção.
Você sabe como funcionam essas viagens ao interior do País (e pouca coisa é mais interior que o interior de Goiás): passamos por povoados e pequenas cidades com todo tipo de sinalização pitoresca. Do "Motel Topa's" à "Ofissina do Jeguinha" que, vale lembrar, também é borracharia, videolocadora (de VHS, claro) e vende doces caseiros.
Mas essas placas são produto de um povo necessitado e de pouca instrução e, além de perdoáveis, são sinal de uma simplicidade e astúcia que os arqueólogos do futuro escavarão avidamente. Eu as aceito, rio e me encanto com elas.
Já a sinalização rodoviária não pode ser vista com a mesma condescendência. Claro, no Brasil, perdura o hábito de perdoar muito e exigir poucos de nossos governantes. Inclusive, quanto mais perdoamos, mais nos afeiçoamos a eles – e nos dispomos a perdoar cada vez mais, como se o político fosse uma espécie de cachorrinho travesso.
Isso explica porque a popularidade do Lula não estremece nem mesmo depois dele menosprezar uma das maiores crises financeiras da história moderna. E talvez explique porque uma das placas de sinalização em um trevo apontava para Goiânia em duas direções diferentes.
Isso mesmo! Em determinado ponto da estrada, vi-me diante de uma placa que me informava (ou desinformava) que a cidade de Goiânia poderia ser alcançada tanto se seguíssemos em frente quanto se virássemos à direita. Isso poderia significar três coisas:
1. Durante minha estada na Pousada, Goiânia havia conquistado militarmente o Centro-Oeste, expandindo suas fronteiras e, portanto, todos os caminhos levariam à Roma, perdão, à Goiânia.
2. A placa está correta, e uma das duas estradas fará uma volta maior, sendo, portanto, mais longa que a outra. Como a quilometragem não estava disponível na placa, cabe ao viajante escolher na base da adivinhação ou conhecimento prévio do caminho.
3. A placa está errada.
Como o levante armado Goiano não havia acontecido, a placa deveria ser alterada e corrigida. E, já que começamos o assunto, a estrada de Luziânia deveria ser completamente reformada acrescentando-se á ela ao menos o acostamento.
Mas como também tão cedo não volto na Pousada do Rio Quente, não é mais problema meu. *
*Pensamento típico brasileiro que também explica o estado de muita coisa no País, mas não necessariamente espelha as opiniões do autor.