terça-feira, 30 de junho de 2009

Transitando

Algumas coisas no trânsito me irritam.

Palhaço em sinal de trânsito, por exemplo. Lugar de palhaço é no circo – principalmente porque nunca vou ao circo. Não acho palhaço divertido, não acho engraçado, acho bizarro um homem adulto com a cara pintada de branco, nariz falso e calças folgadas. Não é à toa que muitos filmes de terror têm o palhaço como personagem principal. Tá, alguns palhaços podem até ser interessantes – mas eu te garanto que esses não estão se apresentando no sinal.

Outra coisa que me incomoda é o ciclista que, vindo na contramão (o que já está errado), decide de repente atravessar na faixa de pedestre, dando um pulinho pra fora da bicicleta, como se fosse um Transformer vagabundo, indo de ciclista a pedestre com apenas um movimento. Um cara desses é atropelado e depois ainda te processa, o Optimus Prime dos pobres.

Gente que dá o sinal depois que faz a curva também vai pra minha lista de pessoas que precisam sofrer uma morte lenta e dolorosa. Não sou vidente e, se fosse, ia gastar minha vidência pra ganhar na loteria e não adivinhando pra onde os outros querem ir no trânsito. Tenho quase tanta raiva desse povo quanto da turma que fala ao celular crente que tá abafando, quando, na verdade, está andando no meio da faixa a 30 quilômetros por hora.

Motoboy também não é meu tipo preferido de gente. Tivesse eu feito vestibular pra psicopata, iria com certeza me especializar em serial killer de motoboy. Sei que o cara é pressionado a correr para fazer o seu trabalho, mas, sério, quantos retrovisores esses caras precisam levar pra casa? Eles vendem issso na feira do rolo? Fazem coleção? Competem entre si pra ver quem quebra mais? Motoboy é um cargo no qual bom senso deveria ser pré-requisito, mas achar alguém com bom senso está mais difícil que uma virgem em boate de strip-tease – o que me lembra que estou atrasado pra um compromisso!

Vejo vocês na próxima crônica! E não se esqueçam: a maneira mais segura de dirigir é ser do sexo masculino.

domingo, 28 de junho de 2009

Bad

Morreu Michael Jackson.

Minha primeira reação, nada elegante, diga-se de passagem, foi cair na gargalhada.

Isso se deve, em parte, ao fato de que a notícia me foi dada de supetão, completamente fora de qualquer contexto adequado e, em parte, porque o pobre coitado era motivo de piada há tanto tempo que não consegui levar a sério nem sua morte.

Insensibilidade de minha parte, pois o homem foi importantíssimo para o mundo da música pop, tendo conseguido a enorme façanha de ser o titular do disco mais vendido de todos os tempos. Recorde que, ouso dizer, jamais será batido, especialmente em épocas de download ilegal de músicas e distribuição digital.

É realmente uma pena que ele tenha passado a última década enlouquecendo cada vez mais, distanciando-se não apenas de seu gênio musical, como também da humanidade como um todo. Protagonista de episódios bizarros que vão desde cirurgias plásticas hediondas a pendurar um bebê pela janela (passando por aliciamento de menores), não tenho dúvida de que sua vida dará um filme interessante e chocante, que provavelmente concorrerá ao Oscar daqui a uns dois anos.

Que ele agora tenha a oportunidade de descansar em paz. Mas seu legado musical vai continuar, assim como as piadinhas do homem que foi negro, foi branco e agora vai virar cinza.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Como nos filmes

Cismou de ter um mordomo. Empregada doméstica todo mundo tinha e sempre dava confusão: uma hora falta, outra hora fala mal do patrão, em outra come biscoito escondido e por aí vai. Mordomo, sim, era confiável. Não vê o Alfred? Podia ganhar uma grana preta se revelasse a identidade secreta do Batman, mas, em vez disso, faz a faxina sozinho na Mansão Wayne E na Batcaverna e ainda é médico, psicólogo, ator e faixa preta de tae bo. Tá certo que não lá essas coisas como psicólogo, já que o Batman é meio zureta, mas, mesmo assim, tá muito bom.

Queria mesmo era um mordomo inglês, mas tava difícil sobremaneira de achar um lá em Patos, sua cidade natal. Arrumou foi um infeliz de bigode escovinha, torneiro mecânico desempregado, chamado Mariano que topava ser chamado de Mathew por trinta reais extras no fim do mês.

Alugou um fraque pro Mariano e chamou o sujeito pra conversar.

— Ô Méfiu!

— Não me chama de meu filho que eu não gosto!

— Não é "meu filho", é que em inglês é assim que pronuncia seu nome: méfiu!

— Ah, sim! Meu nome artístico! Tá certo. Digaí.

— Pois é, assim não dá. O visual tá resolvido, mas tá te faltando o treinamento pra mordomo. A elegância do trem (lembrem-se que essa história se passa em Patos de Minas). Faz o seguinte: tá aqui um punhado de filme de mordomo. Assiste a tudo e aí é só fazer igualzinho.

— Igualzinho?

— Tal e qual.

Morreu estrangulado pelo Méfiu duas semanas depois. Em sua defesa, Méfiu alegou que estava apenas cumprindo ordens. Afinal, nos filmes, o assassino é sempre o mordomo.