quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Atropelei o pombo

Pra quem não sabe, a expressão "atropelei o pombo" é usada quando alguém consegue realizar uma sequência de ações improváveis, como no exemplo abaixo:

- Driblei dois zagueiros, bati de trivela, a bola foi no ângulo, fui pra galera e dei um beijão na boca do técnico – atropelei o pombo!

Outra utilização comum da expressão se dá quando uma pessoa age de forma estabanada e descuidada em exagero. Acompanhem o exemplo:

- A Rita chegou à festa já meio bêbada, tropeçou no tapete persa e se agarrou no decote da anfitriã, deixando-a com os seios recém retocados à mostra – atropelou o pombo geral.

Ou pode ser usada quando alguém, enfim, atropela um pombo, que é o meu caso.

Antes que os naturalistas venham com os ancinhos e tochas bater em minha porta, lembro a todos do episódio do Seinfield no qual o George atropela um esquilo e chega à conclusão de que a culpa é muito mais do esquilo do que dele. Ora, esses animais vivem no meio da rua e são conhecidos por desviarem sempre no último segundo. Historicamente, os motoristas não precisam se preocupar com esquilos e pombos. Um bicho desses que se deixa atropelar está sendo, no mínimo, incompetente.

No caso do pombo, há um agravante, pois o bicho tem um cocô ácido que destrói a lataria dos carros e todo tipo de roupa (é praticamente um Alien escatológico). Além disso, suas penas transmitem doenças e provocam bronquite. Não sei quem foi o idiota que escolheu essa ave pra ser o símbolo da paz.

Trata-se, portanto, de um bicho inútil, com um status muito acima de sua qualificação, que está começando a achar que pode fazer qualquer coisa, inclusive ficar ciscando incólume na frente do meu carro. Atropelei mesmo. Alguém tem que botar o pombo no seu lugar antes que seja tarde. Taí o exemplo de alguns senadores e até presidentes que não foram parados no momento certo e agora estão, na falta de uma expressão melhor, atropelando o pombo. E às nossas custas.