sábado, 28 de novembro de 2009

Perdendo tempo

As pessoas vivem falando que precisam de mais tempo, mas isso é porque as pessoas falam as coisas sem pensar: pois quanto mais tempo a gente tem, mais velho a gente fica. O que a gente quer mesmo é distância do tempo. Quer que ele pare, que ele volte. Queremos gastar o tempo que temos com coisas mais interessantes que ler relatórios ou sofrer por um amor perdido. Não quero ganhar, quero é perder tempo!

Dou um exemplo: achei que a solução para voltar a escrever com mais freqüência no blog era arrumar um tempinho a mais. Não estava conseguindo, então decidi usar menos tempo do que eu estava acostumado. Voltei a escrever, falei um monte de coisas que estava a fim de dizer e até sobrou tempo. Quer pra você?

Adiantando o assunto

Vou falar logo agora que é para não me acusarem de estar imbuído do espírito natalino: estou otimista em relação ao ano que vem. Não estou me esfregando na parede nem andando aos pulinhos como o Lula, já em campanha para 2014, mas estou otimista. Um otimismo desconfiado, mas otimista.

Curiosamente, não tenho nenhuma razão em particular para estar otimista. Trata-se de um otimismo sincero, baseado em xongas e completamente inconseqüente. Um otimismo puro, sem diluentes ou conservantes – e olha que será ano de eleição!

Mas isso tem uma explicação muito simples. Só não sei qual é.

Curiosidade

Queria saber uma coisa: o telefone da Luana Piovani. Quem souber pode me passar, mas eu pediria para evitar deixar recados com a minha esposa. Desde já, agradeço.

Hora da Verdade

Confesse: você também já mandou e-mail sem o anexo.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Engraçado

Esse blog começou com textos de humor. Humor questionável, possivelmente, mas humor. Humor barato, certamente, mas humor. De lá pra cá, todo tipo de escrevinhadura deu as caras por aqui: poesia, haikai, crítica, crônica, narrativa, boletim, mexerico, reflexão e por aí vai, mas o humor ficou mais intermitente, caprichoso, irresoluto. Compreensível, diria o amadorista, pois o texto é reflexo do espírito e varia com a vida. Bobagem! Embora todo o texto seja uma verdade, o verdadeiro escritor é um mentiroso: escreve coisas tristes quando está alegre e pode ser divertidíssimo quando está triste. A inconstância na escrita não é uma atribulação da alma, mas é, preparem-se para uma verdade desnuda, uma afetação da mente. Para o cérebro inquieto e efervescente não há dificuldade alguma em lapidar o texto. Para a cabeça enterrada na areia do cotidiano, o texto vai para onde é possível no momento – e vai decerto aos tropeções com a elegância do bebum e a graciosidade do perneta.

Felizmente, para tudo há concerto, especialmente quando se tem consciência do problema. Para tornar o humor mais freqüente nessas paragens basta meter estímulos na mente do Escritor, à força, se necessário, com jeitinho, de preferência. Sendo o Escritor um amigo próximo (tão próximo quanto possível, uma vez que se trata de mim próprio), a tarefa me parece das mais brandas. Bem sei que as aparências enganam e a experiência prévia mostra que o estilo do Escritor é costumeiramente evasivo e volúvel, dado mais à experimentação que à constância, mas sejamos pragmáticos: o humor é ferramenta preferida do Escritor e não tenham dúvida de que muito pouco será necessário para que a intenção de fazer rir volte a ser uma prioridade.

Contudo desconfio, cá entre nós, que nunca deixou de ser, pois o humor tem muitas qualidades (negro, sutil, mordaz, irônico, despropositado). Hm... Talvez seja o caso de reler alguns dos textos com outros olhos antes de propor mudanças desnecessárias.


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

FIFA VS PES










Durante muitos anos quem realmente curtia jogar futebol no Playstation só tinha uma escolha a fazer: Winning Eleven. Tudo bem que os jogos da FIFA tinham todas as licenças e os nomes originais dos jogadores, mas o Gaucho (sem acento mesmo) do Winning Eleven era quem jogava como o Ronaldinho Gaúcho. O FIFA tinha os dentões pronunciados, mas era o Winning Eleven que tinha o verdadeiro futebol mesmo.

Bom, a EA Sports produtora do FIFA e um dos maiores produtores mundiais de videogame correu atrás do prejuízo e, no ano passado, botou no mercado um jogo melhor que o PES 2009 (o nome ruim do novo Winning Eleven), já que a Konami, produtora da série PES ainda não tinha verdadeiramente se encontrado na nova geração de consoles. Mas e em 2010? Qual é o melhor dos dois títulos? As revistas internacionais todas são unânimes em dizer que o FIFA 2010 é melhor, mas o que esses gringos entendem de futebol? Rosca! Então, para ver uma opinião de quem realmente entende do assunto você vai ter que ler o meu review, com uma comparação item a item dos dois títulos.

Gráficos

FIFA: Os estádios são legais, mas os jogadores têm uma cara esquisita. Porém, as animações são de primeira linha e o PES não chega nem perto desse nível de excelência. A bola flui naturalmente e parece ter o peso certo

PES: Os jogadores têm um modelo gráfico melhor e se parecem mais com os modelos reais. As animações estão infinitamente melhores que na edição passada, mas os caras ainda têm que comer feijão pra chegar aos pés do FIFA. Curiosamente, eu sempre achei que a animação do PES era muito legal, mas depois de ver o FIFA o padrão muda.

Vencedor: FIFA

Física

FIFA: Fantástica. A bola é um elemento vivo em campo e até a força com que os jogadores chegam na jogada influencia o resultado de cada disputa. Os jogadores também se movimentam em 360º reais, o que aumenta o realismo.

PES: Os passes e alguns movimentos dos jogadores são meio "encaixotados", quase pré-definidos, mas os algoritmos ainda conseguem variar as jogadas o suficiente para surpreender de vez em quando.

Vencedor: FIFA

Jogabilidade (palavra inventada pelos gamers para substituir o inglês playability)

FIFA: o jogo é mais rápido que o PES, mas é também mais "tumultuado". A FIFA pisou na bola na questão de proporção do campo, e o espaço e o tempo que você tem para fazer as jogadas é menor. Por isso, embora os controles sejam simples – e muito parecidos com os do PES, fazer grandes jogadas vai requerer mais treino e mais reflexo – e as oportunidades para essas jogadas também serão menores. É um jogo mais arcade, que valoriza reflexos rápidos, o que ainda é herança do passado e um pouco contraditório com os avanços em realismo nas outras áreas.

PES: Não mudou grande coisa. A sorte da Konami é que já era excepcional pra começo de conversa. Tem duas grandes vantagens sobre o FIFA (para os brasileiros): a familiaridade (eu, ao menos, jogo essa porcaria desde a sexta edição e essa é a décima segunda ou décima terceira) e o ritmo mais cadenciado, que permite uma maior variação de jogadas e estratégias. A recompensa imediata pro jogador tupiniquim ainda é maior.

Vencedor: PES

Goleiros

FIFA: São melhores que os do PES, mas também mais desastrados. São mais divertidos, porém menos realistas.

PES: São piores que os do FIFA (ou os atacantes são melhores hehe), mas mais equilibrados. Rola um frango de vez em quando, mas é mais raro.

Vencedor: Empate

Inteligência Artificial

FIFA: A marcação e o posicionamento defensivo no FIFA são melhores. Mas a turma de meio-campo e os atacantes têm dificuldades em se posicionar no contra-ataque, por exemplo. O jogador tem um módico controle sobre a turma que está sem a bola, mas nem sempre eles fazem o esperado.

PES: Os jogadores fora do seu controle são horríveis na defesa, mas bem melhores no posicionamento ofensivo. Não é à toa que, em um mesmo nível de dificuldade, jogos que terminam 1 a 0 no FIFA, terminam 6 a 0 no PES. Porém, os comandos para os jogadores sem a bola funcionam mais dentro do esperado.

Vencedor: Empate

Estratégias pré-fixadas:

FIFA: FIFA traz muitas opções aqui, elevando um pouco o nível de complexidade da função, que requer certo investimento de tempo para aprendê-la bem, mas a coisa toda funciona muito bem. Bem até demais pois estão pensando em banir as jogadas ensaiadas dos jogos online.

PES: A mesma coisa de sempre, mas a "ajeitadinha" no time antes da partida começar continua fazendo diferença.

Vencedor: FIFA

Modo liga

Vencedor: FIFA. Tudo, do menu á maneira como as compras e trocas de jogadores são realizadas, tudo é melhor. O modo Be a Legend também é melhor disparado.

Online

Vencedor: FIFA, pois o PES ainda tem um pouco de lag.

Diversão:

FIFA: Pela falta de familiaridade com os detalhes do controle e dificuldade de fazer dribles e jogadas matadoras, o FIFA oferece uma opção equilibrada e sempre com um ou outro elemento inesperado. As partidas são um pouco mais caóticas e às vezes por causa disso, bastante divertidas.

PES: As coisas correm mais ou menos dentro do esperado, às vezes, com um pouco de tédio. As longas corridas dos bons jogadores ainda estão presentes e a troca de bola no meio campo é bem mais cadenciada. Mas a tensão do jogo é maior, porque é muito mais difícil impedir o adversário de fazer um gol.

Vencedor: depende do momento.

Veredito Final:

Pra jogar em casa e explorar a profundidade do jogo: FIFA

Pra chamar os amigos (viciados ou não): PES

Mas se a turma começar a jogar mais o FIFA e se familiarizar mais com os controles, é possível que a Konami seja desbancada tranquilamente. Eu quero mais é que eles se matem fazendo o melhor jogo possível pra mim.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A coisa certa

Você já fez a coisa certa?

Não o que esperam que você faça, não "o melhor dentro das circunstâncias", mas a coisa certa. Não estou falando de uma boa ação e nem uma doação pra Igreja – estou falando de fazer o que é justo, mesmo que isso exponha você de alguma forma ou seja a maneira mais complicada de resolver uma situação.

Não é fácil fazer a coisa certa porque não é qualquer um que pode fazê-la, pois, pra fazer a coisa certa você precisa de certo grau de poder. Precisa ser um juiz, um pai, um chefe, precisa ter a capacidade de tomar uma decisão que pode afetar a vida dos outros. Pra fazer a coisa certa, você precisa ter o poder de fazer a coisa errada.

Você precisa tomar uma atitude inesperada, precisa não ceder a pressões, precisa rever seus valores, precisa ter compaixão e precisa se colocar no lugar de outras pessoas. Dito assim ,parece que fazer a coisa certa é algo extremamente complicado ou difícil e, no entanto, fazer a coisa certa na prática é algo muito simples e direto.

Na vida, existem apenas quatro tipos de decisões que podemos tomar: a que nos beneficia, a que nós achamos que nos beneficia, a que prejudica os outros (mesmo que depois nos beneficie) e a que só beneficia os outros (podendo ou não nos prejudicar). Pense nisso antes de tomar qualquer decisão e veja onde ela se encaixa. Se você fizer essa pequena reflexão de forma honesta e sincera, você fará a coisa certa. E nunca se esqueça de que não fazer nada também é uma decisão.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Bastardos Inglórios


Vamos ser honestos: Bastardos Inglórios não é um grande filme. Veja por que:

1. A trama: embora a premissa seja espetacular, um grupo de ianques entrincheirados atrás das linhas inimigas com o único objetivo de matar nazistas, o desenvolvimento da história é por demais previsível. Talvez não previsível do ponto de vista holywoodiano, mas a verdade é que eu já sabia como a grande maioria das cenas iria acabar – talvez eu tenha visto filmes demais do Tarantino, mas, enfim...

2. Tarantino também se repete na direção: o filme é um cachorro de um truque só: diálogos ambíguos no qual uma das partes está acuada e a outra exercitando o sadismo da tortura psicológica. Bom. Mas fica melhor quando dosado de forma mais parcimoniosa. Também achei que o tom de muitas das cenas ficou intermediário: nem humor negro, nem drama, nem nada. O personagem de Mike Myers não é nem engraçado, nem sério, nem trágico – ficou só esquisito. Algo como: "quase engraçado".

3. A fotografia: Ora belíssima, ora exageradamente B. A dança de estilos funcionou maravilhosamente em Kill Bill, mas, em bastardos, deixa o filme irregular, errando o tom às vezes.

4. A trilha sonora: pontuada pelo exagero, o tom de cartum funciona de vez em quando, mas em Pulp Fiction o mesmo exagero foi usado de forma mais interessante.

Mas é um filme imperdível, porque o fato de Tarantino se repetir como diretor tem suas vantagens:

1. Personagens: Os filmes de Tarantino têm personagens marcantes e inigualáveis e em Bastardos isso não é diferente. O melhor deles é o Coronel Lana, o caçador de Judeus inteligente, histriônico e candidato ao Oscar, sem dúvida. Bradd Pitt chega perto com o seu Aldo Apache, e o restante dos Bastardos também é interessante. Me surpreendeu muito a personagem Bridget Von Hammersmark. A atriz alemã vivida por Diane Kruger chaga a ser mais marcante que a sofrida Shosanna (ou algo aprecido), personagem de Julie Dreyfuss – que está bem no filme, o personagem dela é que é meio burocrático de vez em quando.

2. Diálogos: Tarantino tem um timing peculiar em seus diálogos, frequentemente surreais. E o texto de Bastardos Inglórios, embora inferior em muitos aspectos a outros filmes do diretor, ainda é inteligente o suficiente para ser engraçado e/ou chocante na medida certa.

3. Ousadia: Desde a história, que não segue a História, até as opções de edição, som e fotografia, Tarantino tem o seu próprio livro de regras – e elas, apesar de irregulares, quando funcionam, proporcionam uma experiência única. Só o fato de dar um tratamento de western a um filme de guerra diz muito sobre o jeito Tarantino de fazer cinema.

Enfim, Bastardos Inglórios não é marcante como Cães de Aluguel, não é inovador como Pulp Fiction, não é ousado como Kill Bill. É só mais um filme de Tarantino. Mas, por enquanto, isso ainda é razão suficiente para ir ao cinema.