terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Avatar

Os americanos tem um certo tesão pela Pocahontas. Justificável se ela for mesmo mais ou menos como é mostrada nos filmes e desenhos, mas não é exatamente isso que eu queria dizer. Esclareço: quando Kevin Costner reviveu o conto do soldado estrangeiro que se apaixona pela cultura local (entenda-se por cultura uma índia suspeitamente gostosa) em Dança com Lobos, deu Oscar. Agora, em Avatar, James Cameron conseguiu garantir sua presença no Oscar com o mesmo enredo.

A falta de originalidade de Cameron vai além: reciclando a Sigourney Weaver e a cultura mariner de Aliens, com direito a um mech que lembra pra cacete a empilhadeira do referido filme.

Mas o filme é bom?

Achei o design meio cansativo. Os aliens azuis de Mass Effect (o videogame) são melhores. Além do fato de serem todos mulheres gostosas, em Mass Effect, os elementos culturais são mais criativos. Os N'avi de Cameron emulam em exagero uma cultura indígena, lembrando ainda mais a Pocahontas do primeiro parágrafo. Legal o fato do planeta todo ser uma entidade viva em simbiose com todas as suas criaturas, mas a idéia acaba sendo politicamente correta demais nessa época pós Al Gore pra estimular o meu cérebro Nerd.

Mas o filme é bom?

Não sei se os aparelhos do Cinemark não são lá essas coisas, mas o peido 3D do Shrek no filme que vi na Disney me impressionou mais. Ok, Ok, os efeitos são interessantes, mas, de novo, pouco criativos. A única cena que me arrepiou o cabelo da bunda foi uma tomada menor na qual o cara pega a tela transparente do computador e sai carregando ela pela sala. Muito bom! As naves voando, as explosões e as criaturas não me encantaram. Achei tudo tecnicamente muito bem feito, mas sem alma, sem agressividade, sem ousadia. Os bichos eram basicamente cavalos, lobos, dinossauros e pterodáctilos com mais dentes e a mesma paleta de cor. Os aliens de um Star Wars da vida são até menos coerentes, mas muito mais interessantes.

Mas o filme é bom?

Se tem uma coisa que me surpreendeu foi a atuação dos avatares dos atores, a versão digital dos caras. É uma animação muito bem feita e a gente até esquece que estamos vendo um cara que está interpretando um cara que está interpretando um cara. Entendeu? É um construto de computador simulando um ator que está simulando que está num construto genético. É uma metalinguagem que poderia até ser filosófica se o roteiro estivesse à altura.

Mas o filme é bom?

É, é, pode ir ver... Mas o marketing em torno dele é melhor e colocá-lo para concorrer ao Oscar de melhor filme entrega de cara o estado da indústria cinematográfica americana. Isso e o fato de, neste ano, o Oscar ter 10 indicações para o prêmio máximo. A continuar nesse ritmo, no ano que vem eles vão estar indicando os mais assistidos do Youtube!