terça-feira, 29 de junho de 2010

Falem mal, mas falem de mim 4

Enquanto a propaganda do Visa Electron é ótima, com os mariachis (ou algo parecido) cantando o jingle "que coisa triste", a do VISA institucional é menos interessante. Mais uma vez, é muito bem produzida e tem a narração do Antonio Fagundes, mas o texto é estranho.

A primeira coisa estranha é a utilização do slogan em inglês, "Go", que não funciona muito bem em português: "Mais pessoas vão com visa". Vão pra onde? Em tese seria para qualquer lugar que elas queiram, contanto que paguem, mas não acho nada genial, não. Porém, o problema do texto não é esse.

O comercial diz basicamente o seguinte: enquanto o resto do mundo espera o jogo acabar, espera pela próxima geração de craques, espera na fila para ser campeão, o Brasil comemora comprando com VISA. Um discurso estranho porque é arrogante, com clima de já ganhou e estabelece uma relação muito forçada entre comemorar um jogo de futebol com usar cartão de crédito. Não é horrível, mas a mensagem é enviesada e, no fundo, não diz nada.

Tchau Inglaterra!

O humor inglês é ótimo, embora muitas vezes de mal gosto e agressivo e às vezes, é ótimo justamente porque é de mal gosto e agressivo.
Mas achei essas duas fotos que estão circulando pela internet muito inteligentes e bem-humoradas. Pra dividir com a galera.



segunda-feira, 28 de junho de 2010

Só erra quem tenta, mas uma hora é preciso parar de tentar

É difícil admitir o erro. Especialmente se você é inseguro em relação ao que está fazendo, competente ou não. Marinheiros de primeira viajem como o Lula e o Dunga são mestres em fazer pose de estar sempre certos, mesmo quando obviamente não estão. Mas o Dunga subiu no meu conceito ao pedir desculpas para a torcida pela sua atitude. Não pediu desculpas para a imprensa e talvez não tenha mesmo que pedir, pois sabe-se lá o que realmente aconteceu nos bastidores do relacionamento entre ele e a Globo. Mas pediu desculpas lá do jeito dele. Bacana.

Até por que, com um pequeno ajuste de atitude, o Dunga vai perceber que a imprensa tem elogiado seu trabalho – e eu mesmo acho que ele foi muito bem no jogo contra o Chile, substituindo quem deveria ser substituído. Tá certo que parte das atitudes do Dunga foi em função de contusões e não de mudança de opinião, mas a cavalo dado...

Vou até confessar que eu mesmo resolvi abrir meu coração (essa expressão é muito Ana Maria Braga, não é?) e parar de criticar o Maradona, que está mais simpático do que sempre foi e tratando os jogos com uma alegria e empolgação contagiantes. Até demais – não me surpreenderia se saísse a notícia em uma revista de fofoca que o Maradonna está pegando o Messi. "Pegando" no mal sentido mesmo. Ou no bom, dependendo da preferência.

Claro que o "mea culpa" do Dunga só aconteceu por conta da pressão imensa de todas as emissoras de televisão, o que acabou deixando ele meio sem alternativa. Difícil mesmo é você admitir o erro quando só você sabe que errou. Quantas vezes você já fez isso?

terça-feira, 22 de junho de 2010

Falem mal, mas falem de mim 3

Outro comercial com boa estética e lógica estranha é o do Carrefour. Tem um narrador que fala: "Lá na vila é assim: de 4 em 4 anos a gente se reúne pra ver o jogo..." (até aí tudo bem), "E para decidir quem vai comprar o quê."

E aí, em vez de compras para um animado churrasco, o que seria o normal, vemos o pessoal da vila comprando, comunitariamente, geladeira, televisão e um 3em1!

Que porra de vila é essa? Nunca ouvi falar de uma comunidade que se reunisse pra comprar TV de 4 em 4 anos. Depois a TV fica com quem? Rifa? Se existe um negócio desses, seguramente não é comum. Parece que alguém classe média bem alta (um metro e noventa, pelo menos) tentou fazer um filme sobre uma comunidade mais simples. E falhou miseravelmente.

Todo mundo se acotovelando em um bar ou na casa de alguém? Beleza. Mas fazer vaquinha pra comprar TV de tela plana com os vizinhos é uma barra muito forçada, que não gera nem identificação e nem idealização. E quando um filme publicitário não casa com nenhum desses dois conceitos, acaba namorando um terceiro conceito: fracasso.

A empatia da Ana Maria Braga na assinatura é o que salva o filme (apesar de ser um truque mais velho que andar pra trás). Não funciona com certos tipos de pessoa, claro, mas é uma proposta adequada ao aparente público-alvo do filme.

Falem mal, mas falem de mim 2

Nem lembro o nome do carro, pois filme publicitário ruim é assim mesmo: não marca, mas o argumento de venda me chamou a atenção.

Vemos um cara parado em cima do morro ao lado do carro falando que nunca escalou montanha, nunca pulou de pára-quedas, nunca nadou com tubarões, etc. Mas que nunca sentiu nada igual como a emoção de pilotar o carro em questão.

Eu perdi alguma coisa? É claro que andar de carro é a coisa mais emocionante que o cara já fez – ele não fez nada! O argumento deveria ser o contrário: um cara superaventureiro que, mesmo assim,não abre mão da emoção de andar no carro X.

No texto como ficou, só faltou o slogan no final: o carro dos bananas!

Péssimo argumento de venda. Estava louco quem sugeriu e mais louco ainda quem aprovou. A direção de arte e os efeitos do filme são bem legais, mas o comercial perde todo o impacto com um argumento furado desses.

Falem mal, mas falem de mim

Com o mundo dominado pelo marketing burro e exagerado, o texto das propagandas anda sofrendo. Sempre tivemos comerciais malucos, mas os textos ruins eram normalmente reservados aos comerciais locais de orçamento baixo.

Hoje em dia, a falta de qualidade é geral, com textos com problemas de lógica, redundância e com apelos de duplo sentido.

Inaugurando a sessão Falem mal, mas falem de mim, o filme do Powerade, bebida cujo slogan é: Powerade – escolhido pela FIFA para hidratar os jogadores da Copa do Mundo da FIFA. Não é muito FIFA para uma frase só?

Ou: Escolhido pela FIFA para hidratar os jogadores da Copa do Mundo (que só pode ser a da FIFA. Ou tem também da CONCACAF?).

Ou, já que os marqueteiros agora decidiram que Copa do Mundo da FIFA virou um nome só: escolhido para hidratar os jogadores da Copa do Mundo da FIFA.

O excesso de FIFA mata a elegância do texto e não cabe em um anúncio da Coca-Cola.

domingo, 20 de junho de 2010

6 pontos

O Brasil jogou bem. Nada excepcional, mas foi eficiente, aguerrido e mostrou vontade com o ocasional bom futebol. Animei-me com o jogo. Destaque negativo para o juiz, francês, mostrando que a França não deveria mesmo ter vindo à Copa. Papelão dos jogadores se recusando a treinar, papelão do Domenec boicotado e sem moral e papelão até do juiz francês: frouxo e protagonista de uma cena das mais estranhas, a conversinha com o Luis Fabiano depois do gol, que, em minha opinião, deveria ter sido anulado.

Sim, teria sido um gol espetacular se a matada fosse no peito, mas não foi. Tem gente que adora isso no futebol, o gol de mão do Maradona contra a Inglaterra em 86, a mão na bola do Henry que classificou a França para a Copa. Eu não gosto, pois a incompetência em ver um lance desses é a mesma responsável pela expulsão do Kaká e pela violência desenfreada no final do jogo. Prefiro um juiz exemplar, que tivesse anulado o gol do Luis Fabiano, mas que também tivesse expulsado uns dois jogadores da Costa do Marfim antes que a partida virasse o que virou.

Além disso, o Brasil não precisava de favores do juiz para ganhar o jogo e nem para fazer um golaço, caso do primeiro gol brasileiro.

O Brasil me agradou – quem não agradou, pra variar, foi o Dunga. Destemperado durante o jogo, falhou na leitura do que estava acontecendo, pois deveria ter tirado o Kaká de campo logo depois do primeiro amarelo, e deveria ter tomado atitude para tranqüilizar os jogadores. Continuou destemperado durante a entrevista coletiva, falando palavrões ao vivo e sendo irônico e arrogante. Se o Brasil ganhar a Copa, o cara vai ficar insuportável.

Enfim, encerro o Ninguém Perguntou com o comentário da Bia, minha filha de 7 anos, que está acompanhando a Copa com grande interesse, apesar de afirmar que detesta futebol:

- Pai, essas pessoas são muito loucas. Elas brigam, brigam, brigam e no final se abraçam, ficam sem camisa. É muito maluco isso!

E sobre o lance com o Kaká:

- Se o Kaká encostou no peito dele, porque o moço botou a mão no rosto?

- Ele estava fingindo, filha, pra enganar o juiz.

- Mas então esse juiz é muito bobo, pai.

Fica aí atestado o óbvio, por uma criança de sete anos que detesta futebol.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Argentina

Perguntaram-me porque não botei a Argentina na minha lista de favoritos a levar o caneco desta Copa. É que eu sempre me esqueço da Argentina, afinal, apesar do bom futebol, a seleção Argentina ainda não tem nenhum título mundial. Em 78, a Copa foi meio roubada e, em 86, quem ganhou foi o Maradona, que vai morrer achando que é melhor que o Pelé (que não ganhou suas Copas do Mundo sozinho, mas foram três...).

Inclusive, só lembrei novamente da Argentina porque minha filha viu o Maradona na televisão e perguntou quem era aquele baixinho gordinho que ficava beijando os outros jogadores. Ela achou que era tipo um palhaço para animar a torcida por causa do gestual exagerado e das caras e bocas. Não tinha me tocado o quanto o Maradona tinha ficado ridículo. Ele sempre foi caricato, arrogante e personalista – bem parecido com o Dunga nesses quesitos, somando inclusive, mais uma semelhança: são dois ex-jogadores sem experiência alguma assumindo as seleções de seus países. Mas existem diferenças: o Dunga está a vários níveis abaixo do Maradona no quesito futebol e vários níveis acima no quesito profissionalismo, já que o treinamento do Maradona se resume a dar folgas para os jogadores e adulá-los na frente da imprensa com beijos, abraços, elogios e olhares carinhosos.

O Messi joga muita bola – é talvez o jogador mais excepcional da atualidade. E a Argentina ainda tem alguns outros jogadores que fazem muita diferença como o Tevez, o Milito, o Masquerano e até o velhinho Verón. Além disso, os argentinos contam com a sua tradicional raça e a presença do Maradona no banco, animando a torcida e assustando as crianças, com o seu jeitinho bizarro e simpático ao mesmo tempo.

É uma das favoritas ao título, sim, ainda mais em uma Copa com apresentações tão irregulares. Tem boas chances de ser campeã de verdade pela primeira vez.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Falem mal...

O Marketing é um acessório. Após uma decisão ser tomada a gente a veste de marketing para que ela seja mais eficiente, mais visível, melhor divulgada, etc. Quando a decisão é tomada em função do Marketing existe uma inversão de papéis – é o rabo balançando o cachorro. O que pode até ser interessante para o rabo, mas deixa o cachorro em uma posição desconfortável.

Bom exemplo é a Jabulani.

Bola de futebol não é algo que precise de concerto. Funciona muitíssimo bem do jeito que está. Então, pra que mexer? Ora, marketing.

Vá lá – entendo que se queira inventar um nome pra bola e pintá-la de cores diferentes (é o marketing como acessório), como as outras tantas bolas de Copa – a Jalisco, a Etrusco e outras que não lembro o nome, mas mudar o material do qual ela é confeccionada é uma decisão imbecil, não importa o tanto de tecnologia utilizada.

Na Copa do Mundo, todos querem ver os craques no seu apogeu, o que já é difícil já que a competição acontece no final da temporada européia. Fica mais difícil ainda se o jogador ainda tem que se adaptar à bola. As mudanças não foram tão grandes assim e, sem dúvida os dois grandes perus da copa pouco têm a ver com a Bola, mas temos visto um festival de inversão de jogadas fracassadas (a bola quica mais que o normal), lançamentos inalcançáveis e faltas nas quais a bola se recusa a descer (como o material da bola sofre menos atrito, a parábola que ela descreve é mais alongada). Ou seja, o futebol de algumas seleções já não é lá essas coisas e a bola está, sim, enfeiando as partidas.

O marketeiro vai argumentar que esta será a bola mais famosa de todas as copas. Mas ser famoso porque atrapalha não é o que eu chamaria exatamente de um sucesso. Assim como é o caso das vuvuzelas, que estão ficando famosas por serem chatas. A primeira Copa da África merecia menos marketing.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Abrem-se as cortinas, etc.

Foi dada a largada para a Copa do Mundo num show à parte (à parte mesmo- emissora de TV que quisesse transmitir tinha que pagar extra) do maluco, mas o meu tipo de maluco, Desmond Tutu e da cada dia mais gostosa e mais loura Shakira. Pelé assumiu que o importante é ganhar e que se exploda o futebol bonito (nome do projeto que ele criou!) e os favoritos são a Espanha (de novo!), que nunca leva, o Brasil (de novo!), que já levou mais que todo mundo e os outros suspeitos de sempre: Alemanha, Holanda (outra que nunca levou) e Inglaterra. E o Brasil pode jogar de novo contra a Holanda – quem faz o sorteio dessa porcaria? A Copa só acontece de quatro em quatro anos e a gente tem que jogar sempre contra os mesmos caras? Queria jogar contra o Uruguai, caramba! Dar o troco por 50!O Uruguai que é aqui do lado a gente só enfrenta nas eliminatórias, mas a porra da França e da Holanda é copa sim, copa não, quando não são as duas na mesma competição. A bola, a tal da Adidas Jabulani, que a TV chama só de Jabulani, é uma merda: leve e sem aderência. Inclusive, cada vez que reformulam a bola ela fica mais leve e mais sem aderência, mais umas duas Copas e vão encher a gorducha com gás hélio e lambrecar de vaselina. Quem sabe assim eu não volte a me empolgar com o futebol? E hoje voltei a me emocionar com as letras do Renato Russo, quase sem querer. O que isso tem a ver com bola? Nada. Mas a Shakira também não tem nada a ver com futebol e, hoje em dia, nem o Pelé.