terça-feira, 7 de setembro de 2010

Licença para ser ruim 3





Connery topou fazer Zardoz porque precisava de grana e, vá lá, Sword of the Valiant poderia ter dado um filme razoável se a produção não tivesse tomado todas as decisões erradas, mas, meu Deus, por que diabos Connery topou fazer Highlander 2?

O primeiro filme foi um aclamado Cult e foi, finalmente, onde Connery achou um personagem interessante fora do perfil 007, mas, no segundo, as coisas desandaram.
Algumas curiosidades:
1. O filme é tão ruim que o diretor afirmou que o filme era péssimo na noite de estréia, saindo da sala de projeção depois de 15 minutos de exibição.
2. Cristopher Lambert ameaçou desistir do projeto, mas a multa contratual era muito grande e ele ficou.
3. Os imortais foram transformados em alienígenas do planeta Zeist (ou Zest, não lembro). Curiosamente, os nomes alienígenas de McLoud e Ramirez (os personagens de Lambert e Connery) eram McLoud e Ramirez!!!!!!
4. O filme foi todo montado errado, com cenas importantes cortadas e duas cenas de lutas de espada erroneamente fundidas em uma só, com o cenário e as armas dos personagens constantemente mudando.
5. O filme tem 4 versões, em diversas tentativas desesperadas de fazer a história colar. Em duas versões as referências ao Planeta Zest (ou Zeist) foram retiradas.
6. Nenhuma das quatro versões foi considerada para a continuação ou para a série de TV, que ignoram completamente a existência do episódio 2.
A culpa disso tudo? De acordo com o diretor, o fato do filme ter sido co-produzido por uma produtora argentina... Esses hermanos, hein?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Licença para ser ruim 2

Como prometido, mais do pior de Sean Connery.

Diz a lenda que, na época que foi convidado para fazer Zardoz, Connery estava na pindaíba e chegou até a dispensar o motorista que teria na produção para incluir metade do que seria o salário do cara no seu cachê.

É que Connery só recebia convites para papéis no estilo 007 e, como ele estava querendo se livrar do estigma do personagem, acabou ficando muito tempo sem trabalhar. Porém, Connery continuou sendo convidado a fazer papéis de espião, mesmo depois de Zardoz e até fez outra vez o 007!

Pra se livrar de vez do personagem, Connery teve uma idéia brilhante: fazer um vilão!

Em sua defesa, The Sword of The Valiant – The Legend of Sir Gawain and the Green Knight (1984) prometia ser uma espécie de superprodução de fantasia para a época e vários outros atores de nome foram arrastados para a roubada, como Peter Cushing e John Rhys-Davies. Além disso, o roteiro, baseado em uma das lendas da Távola Redonda, não poderia ser tão ruim, poderia?

Famosas últimas palavras.

O problema é que, por conta do sucesso de Conan, os roteiristas decidiram que tinham que incluir muitos elementos fantásticos na história, e a produção não deu conta de acompanhar essas idéias.

Entre as coisas mais bizarras estão um unicórnio de chifre flácido (parecia feito de maria-mole), o visual bárbaro-gay de Connery (com maquiagem de purpurina, capacete de chifre de veado e cabelos Elba Ramalho), a cena terrivelmente executada na qual Connery arranca a própria cabeça e põe de volta só pra mostrar que é fodão e uma série de erros de continuidade bizarros, incluindo o cabelo de Morgana Le Fey, que é um nas cenas de longe e outro nas cenas de perto.

Soma-se isso a um herói com cara de bobo (o infame Miles O'Keefe), uma trama desconjuntada, que tenta contar a história toda de Sir Gawain, mas acrescenta umas partes e remove outras e uma trilha sonora das mais infelizes e temos mais um filme bem ruinzinho estrelado pelo nosso Sean Connery.

Para ser justo, enquanto as histórias do Rei Arthur, Sir Tristão e Sir Percival eram carregadas de drama, tensão e tragédia, a história de Sir Gawain, nos contos da Távola Redonda, é mais leve e até bem-humorada, sem maiores complicações. "Desafiado por todos, derrotado por ninguém" era o slogan do nobre cavaleiro, mas, mesmo considerando esse espírito meio Indiana Jones do personagem, o filme é fraco.

Além disso, nada justifica o fato de que o filme não tem nenhuma mulher pelada (fato comum e corriqueiro nas diversas produções de Espada e Fantasia da época), especialmente porque a atriz principal é a lindíssima Ciryelle Clair.

Mas você, é claro, não precisa acreditar em nada disso que estou dizendo. É só seguir o link abaixo e ver o trailer do filme com seus próprios olhos.

http://www.youtube.com/watch?v=TW7B-UNWk4s

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Inception

A Origem é um Matrix dos pobres.

Note que isso não quer dizer que o filme seja ruim, porque Matrix é um filmaço, o que significa que até uma versão mais pobre dele pode render um bom filme.

Os atores estão bem, as cenas de ação são legais, os efeitos são bacanas, o filme tem ritmo, tem tensão, tem um bom clímax, mas Crsitopher Nolan perdeu uma oportunidade gigantesca ao copiar mais idéias que o necessário.

A maneira como os caras entram no mundo dos sonhos é igualzinho a entrar na Matriz: deitadinho na cadeirinha, os amuletos foram chupados de uma história do Alan Moore sobre viajem em sonhos, mas até aí tudo bem.

Nolan teve inclusive o cuidado de criar personagens anti-heróis: paranóicos, deprimidos, neuróticos, etc. Pra diferenciar dos super-heróis de Matrix, mas falhou ao querer imprimir realismo ao mundo dos sonhos, que ficou parecendo uma Matriz sem graça.

Caramba! Mundo dos Sonhos! Era a hora de soltar a imaginação e estourar o orçamento da computação gráfica! Cadê os peixes de chapéu? As paisagens etéreas? Os diálogos enigmáticos? O mundo dos sonhos de Nolan é tão real que reflete as propriedades físicas do plano físico (se alguém cai enquanto sonha o mundo do sonho fica sem gravidade! WTF?).

Pra ser sincero, Nolan conseguiu criar um universo coerente, com regras bem definidas, que ajudam a envolver o espectador, mas é um universo que me pareceu repetitivo e sem inspiração. Em Matrix, a idéia era apresentar um mundo real para depois desconstruí-lo gradativamente. O mundo de Nolan é desconstruído apenas para atender à trama para, logo em seguida, voltar a ficar realista.

Parece-me até que essa era a intenção, já que uma das idéias centrais do filme é que nem sempre é possível diferenciar o sonho da realidade. Meh. A idéia tinha espaço para mais ousadia e foi pouco aproveitada mesmo.

E Michael Caine deveria ganhar o Oscar de melhor ator subutilizado da história do cinema. Muitas vezes bons atores aparecem pouco em um filme porque seus personagens são importantes e a cena, embora curta, precisa ter impacto. As falas do Michael Caine no filme (todas as duas!) têm impacto zero e, inclusive, o personagem dele poderia ter sido facilmente removido na edição final do filme que faria pouca diferença.

Enfim, eu esperava mais. Ainda não é o filme de ficção moderno que vai substituir Matrix.

Um outro detalhe: O Leonardo DiCaprio não compromete, mas achei todos os outros atores melhores que ele no filme – inclusive o Michael Caine.