domingo, 9 de outubro de 2011

Dark, muito, muito Dark

Por força das circunstâncias (se “as circunstâncias” fosse uma pessoa seria o cara mais forte do mundo) fiquei meio de molho e resolvi jogar o tal do Dark Souls.

Eu já tinha ouvido falar que era o jogo mais difícil de todos os tempos e tal, mas pensei: exagero da galera!

Puta que o pariu! O jogo é difícil pra caralho!

O tutorial do jogo é assim: você acorda em uma cela, avança em um corredor de quinze metros com uns sinais no chão que te dizem qual é o botão que você aperta pra atacar e qual o botão pra correr, dá uma pancada em dois monstros manés, chega a um save point, abre uma porta...

E aí um monstro de quatro metros de altura com um tacape de seis metros cai na sua cabeça, tremendo a porra do chão inteiro. Se ele te acertar, você perde metade da sua vida (se der sorte) e fica deitado no chão. Não adianta nem tentar levantar que não dá tempo – ele vai pular em cima de você e te dar mais uma porrada firme. Morri em dois segundos.

Um detalhe: nesse jogo quando você morre, perde todas as suas “almas”, que são, ao mesmo tempo, seu dinheiro e sua experiência. Ou seja, você perde toda a sua evolução (não que eu tivesse muito pra perder porque eu estava jogando há CINCO MINUTOS!).

Vamos tentar novamente, vai ver eu estava distraído.

Não. Morri de novo. E de novo. E de novo. Na quinta vez eu consegui dar uns tapas na bunda do monstro, fazendo o total de dois pontos de dano a cada porrada, o que não significava muita coisa, já que o bicho tinha mais de mil pontos de vida. É isso mesmo: ele tinha mais de mil pontos e o meu melhor ataque fazia DOIS PONTOS DE DANO!

Na sexta vez, com o rabo de olho, enquanto o monstro me jogava para o outro lado da sala, eu consegui enxergar um detalhe em um canto e falei: não acredito!

Não vou estragar a surpresa, mas o fato é que só na sétima tentativa eu entendi o que era preciso ser feito. Isso no tutorial.

E o chão vai se abrir sob os seus pés, pedras gigantes vão rolar sobre sua cabeça, monstros vão se juntar e te cercar em um canto. Qualquer coisa pode acontecer a qualquer momento. É a experiência eletrônica mais tensa que já vi. Se eu fosse realmente um cara perdido em um mundo infernal entupido de criaturas bizarras, eu me comportaria exatamente como o meu personagem: entraria em cada nova sala bem devagar e com o escudo levantado e correria de volta pro acampamento a qualquer sinal de algo mais suspeito.

Chegou ao ponto de acontecer o seguinte: mais pra frente no jogo entrei em uma sala que tinha um canto meio escondido. Ao me aproximar, ouvi uma respiração esquisita. Em qualquer outro jogo eu iria com tudo pra cima do monstro. Nesse eu não tive dúvidas: me virei e abri o gás, correndo de volta pra um local seguro igual à uma menininha. Nem vi o jeitão do monstro :D

Genial.

O jogo é incrível. É o primeiro jogo dessa nova geração que não te pega pela mão a todo instante. Só existe um arquivo para salvar (e o salvamento é automático), ou seja, tudo o que você faz é definitivo. Não queria gastar aquele item? Que pena, não tem segunda chance – ou você começa o jogo inteiro de novo ou aprende a viver sem o item. Como na vida real, não tem botão de rewind.

E, mesmo com toda essa dificuldade, Dark Souls está sendo considerado um dos melhores jogos de todos os tempos.

Pra mim, o segredo do sucesso do jogo está no fato de que o avanço do jogador não é uma questão de reflexo ou de memorizar combos, é uma questão de inteligência, persistência e foco – qualidades normalmente subvalorizadas nos games de hoje.

Fica a dica aí para os masoquistas de plantão.