sexta-feira, 4 de maio de 2012

Por que a DC fracassou onde a Marvel teve sucesso?


Muita gente não sabe disso, mas a ideia de fazer um filme com os seus principais heróis foi primeiro da DC. Em uma Comic-con há alguns anos atrás, o pessoal da DC anunciou a intenção e a possibilidade sobre um filme da Liga da Justiça e a Marvel decidiu: vamos fazer primeiro!

Mas por que o projeto da Marvel deu certo e o da DC ainda está patinando no gelo?

Motivo 1: Ação! A Marvel se moveu muito mais rapidamente. Aprovou roteiros logo de cara, acertou no casting de primeira, contratou com mais agilidade, produziu de forma mais eficiente. Só com o Super-Homem, a DC ficou patinando anos, sem definir diretor, sambando em torno de 4 roteiros diferentes (um do Kevin Smith. Google Kevin Smith Superman e divirta-se) e sugerindo atores nada a ver como o Nicholas Cage para o papel principal. Adoro o Cage, mas como Super-Homem nem pensar.

Motivo 2: Fundação. Com o premiado trabalho de Mark Millar e Straczinsky em Marvel Millenium, a Marvel já tinha de onde tirar inspiração para uma perfeita conversão dos seus heróis para os dias atuais. O perfil dos personagens, o design dos uniformes, a maneira como eles interagem com o mundo e entre si e até diálogos e cenas inteiras foram chupados do excelente quadrinho.

A DC não tinha nada parecido. Só agora com o New 52 que alguma coisa aconteceu nesse sentido. Mas, mesmo assim, embora a nova Liga da Justiça tenha começado muito bem, o trabalho ainda é muito inferior ao roteiro de Millar para The Ultimates.

Motivo 3: Padrão. O Cavaleiro das Trevas do Nolan é um bom filme e a sequência é ainda melhor, mas o clima dos filmes não tem nada a ver com o quase infantil Superman e a ficção científica B de Lanterna Verde – esses filmes não parecem pertencer a um mesmo universo. Os filmes da Marvel são diferentes entre si, mas têm um padrão – e personagens em comum – que os torna facilmente reconhecíveis. Esse padrão existe até mesmo nos filmes de X-men e Homem-Aranha, tornando perfeitamente possível um cross-over entre essas franquias.

A DC não soube estabelecer um padrão para seus filmes e, com isso, até os filmes bons, como os do Batman, atrapalham o projeto.

Motivo 4: Casting. Ok, o fato de existir um Robert Downey Jr – um ator de altíssima categoria que não só gosta de quadrinhos, como é o próprio Tony Stark na vida real - foi sorte, mas o resto é competência. Os caras escolheram tudo certo – dos atores principais aos atores secundários (que inclui gente do porte de Natalie Portman e Gwineth Paltrow). Tiveram o cuidado de incluir a Maria Hill no filme – sem a menor necessidade – mas com absoluta competência. Tá certo, penaram com o Hulk, mas, na hora que mais importava, Mark Ruffalo mandou muitíssimo bem.

A DC acertou com o Christian Bale.

Motivo 5: Direção. A DC escolheu ótimos diretores para seus filmes, mas nenhum deles é um team player. Se você vai fazer um projeto no qual vários filmes vão virar um só no final, o diretor precisa entender que alguma coisa precisa ser sacrificada para que o tom e o universo dos filmes seja coerente. Além disso, escalar o Keneth Branagh, o cara que mais entende de Shakespeare em Hollywood pra dar naturalidade ao jeito esquisito de falar dos asgardianos foi um golpe de gênio. Os diretores da Marvel entenderam que precisavam fazer um filme de Super-Herói. O Batman de Nolan é um pouco realista demais e, embora isso traga bons resultados como um filme individual, descaracteriza o projeto, como já mencionei.

Motivo 6: lastro financeiro e experiência. A Marvel já estava com a bola rolando com vários sucessos no bolso como Homem-Aranha e X-Men (apesar dos filmes pertencerem a estúdios diferentes). Foi mais fácil financiar suas idéias e realizar produções de ponta. A DC vinha de uma série do Batman que até teve sucesso, mas se perdeu no final. Em todo caso, O Batman ainda tinha crédito no caixa, mas personagens menos conhecidos como o Lanterna Verde e a Mulher-Maravilha demoraram pra engrenar (a Mulher-Maravilha nem engrenou ainda. E eu gostaria de ver a cara do executivo que recusou o roteiro do Joss Whedon para a personagem).

Além disso, a Marvel acertou na mão nos seus efeitos especiais de luta e vôo e optou pelo caminho já trilhado, fazendo melhorias incrementais a cada filme. A DC quis fazer algo diferente e gastou muito com experimentação, queimando orçamento onde não devia e, pior, obtendo resultados péssimos.

Motivo 7: Diversão. Enquanto os filmes da DC eram cheios de idas e vindas e repletos de histórias sobre complicações no set de filmagem, os sets da Marvel são cheios de histórias engraçadas e boa sintonia entre atores, diretores e equipe. Das sempre divertidas homenagens a Stan Lee às piadinhas sobre os personagens dadas em entrevistas. No próprio filme, os atores e diretores acertaram o timing conseguindo levar o filme a sério o suficiente, mas sem perder a piada quando surge a oportunidade por causa de um clichê ou situação absurda.

Maria Hill nos quadrinhos...

... E Cobie Smulders, Maria Hill no filme - casting correto (do qual eu gostaria de ter participado).
A Marvel não é infalível, claro. Motoqueiro Fantasma é um exemplo. E o reboot do Homem-Aranha parece que está indo na direção contrária do que o estúdio aprendeu com Os Vingadores, mas depois de juntar cinco filmes em um sexto de alta qualidade, os caras estão com muito, mas muito crédito mesmo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Avengers assemble!


Vamos ser diretos como um chute no estômago: Os Vingadores é um dos melhores filmes de ação já feitos e, possivelmente, o melhor filme de super-heróis de todos os tempos.

O primeiro motivo eu já falei em posts anteriores: Os Vingadores não é apenas um único filme, mas o ápice de um projeto que envolveu 5 outros filmes, todos sucesso de público (alguns em menor escala, mas todos foram sucesso). Quando o filme começa, pouquíssimas explicações precisam ser dadas, pois a audiência já sabe quem é quem e está pronta para o desenvolvimento da história.

Motivo 2: os atores estão à vontade em seus papéis, especialmente Robert Downey Jr que parece que nasceu pra ser Tony Stark. Mas todos parecem estar se divertindo e entraram totalmente no clima dos seus personagens.

Motivo 3: O tempo de tela de cada herói é ótimo. Todos têm boas cenas e oportunidade de brilhar e, por causa do motivo número dois, a sinergia entre os atores é excelente. Os diálogos têm um ótimo timing e algumas trocas de sopapos e ideias são antológicas.

Motivo 4: Tecnicamente o filme é do caralho. Excelente música, fantásticos efeitos especiais, tremenda montagem e as cenas de ação são variadas, características pra cada herói. Das artes marciais da Viúva Negra à bordoada nua e crua do Hulk o filme tem de tudo: nave espacial, tiroteio e chute no saco.

Motivo 5: O filme é bem-humorado e crítico. A história é levada a sério apenas na medida certa, com amplas passagens bem-humoradas e um humor auto-referencial que funciona muito bem. Do discurso do vilão interrompido com sutileza pelo Hulk até as piadinhas corta-clima de Tony Stark, mostrando que o roteiro sabe muito bem o que é clichê e o que não é.

Motivo 6: O roteiro. Espertamente, ninguém tentou fazer o roteiro do século. Copiaram a maior parte das idéias dos Vingadores de Mark Millar (que foi um puta sucesso nos quadrinhos e, na verdade, a referência para todo esse projeto) e deram ênfase na interação entre os personagens, deixando todo o resto como pano de fundo. Os produtores sabiam muito bem o que era importante para o filme funcionar.

Motivo 7: Fan service. Da primeira à última cena, o filme é repleto de referências a histórias famosas, frases marcantes dos heróis e cada coisinha que se espera de um Team Up de heróis está presente: conflito, união, traição, vingança, admiração, confiança, adversidade, vitória. Tá certo que tudo isso é exposto em alta velocidade e sem rodeios (o filme não exatamente Conduzindo Miss Daisy), mas dá pra entrar no clima sem forçar muito a barra. E mais: músculos dos garotões e close na bunda e nos peitos da Scarlet Johanson, pra todo mundo ficar satisfeito.

Motivo 8: a direção de Joss Wheddon é brilhante e o ele mantém o filme com um ritmo surpreendente. O cara entende de quadrinhos (fez uma boa rodada com os X-Men) e provou que consegue transmitir boa parte dessa linguagem para a telona, com cenas que funcionam muito bem em câmera lenta por serem reproduções fiéis de cenas famosas desenhadas por grandes artistas da Marvel.

Esse tipo de filme existe pra ser divertido e, honestamente, não lembro qual foi a última vez que me diverti tanto no cinema. Já vi filmes mais inteligentes, melhor editados, mais empolgantes, mais emocionantes e mais envolventes – mas vi poucos filmes mais divertidos. Os Vingadores conseguiu fazer o que a nova trilogia de Star Wars e o último Indiana Jones poderiam ter feito, mas falharam miseravelmente: me transformar de novo em criança, com olhos atentos na tela e um sorriso que não queria sair do rosto.