segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Pendurando as chuteiras


Existem Milhares de razões pra não se gostar de futebol. Das mais imbecis (não se marcam muitos pontos) às mais dolorosamente verdadeiras: futebol é o esporte coletivo menos técnico que existe.

Embora o futebol tenha jogada ensaiada, posicionamento, treinamento e preparação física, em qualquer outro esporte (vôlei, handebol, basquete), tudo isso é mais importante, mais evidente e tem muito mais impacto no resultado final.

Futebol é o único esporte no qual o pior em campo pode ganhar. Não o pior historicamente ou estatisticamente, mas efetivamente quem está jogando pior na partida! O time vai lá faz um gol meio que na cagada (o cara quis cruzar e a bola entrou) e aí vão os onze pra defesa e o goleiro pega tudo, a bola bate na trave, o juiz é ruim, etc. Embora isso faça até um pouco parte da emoção do futebol, não dá pra negar que é muitas vezes injusto.

É o esporte que menos se modernizou ao longo do tempo, é o que tem a pior arbitragem, a torcida mais violenta e é o que tem mais ladrão. E ainda assim, é o mais popular por aqui e o que movimenta mais dinheiro.

A explicação pra isso é até relativamente simples: tradição e acesso. A gente cresce assistindo a esse troço desde criança e dá pra jogar futebol em quase qualquer lugar, com quase todo tipo de coisa remotamente esférica. A bola não precisa quicar direito (como no handebol) e não precisa ter um peso razoável (como no vôlei).

Mas com todas essas críticas eu sempre gostei de futebol. De jogar e de assistir. Porém, ao acompanhar o Brasil nessas Olimpíadas (no futebol e nos outros esportes), o meu interesse por esse esporte, que já vinha minguando, murchou praticamente de vez.

E a explicação pra isso também é desgraçadamente simples: o futebol do Brasil, hoje em dia, não inspira nada. Não evoca patriotismo, garra, competência, dedicação, nada disso. Os moleques de periferia que jogam e treinam futebol como loucos, fazem isso pra ganhar dinheiro e pegar mulher. A paixão pelo esporte, quando existe, vem em segundo plano.

O futebol movimenta dinheiro demais. Os jogadores bons têm dinheiro muito antes de ter caráter, personalidade e maturidade. Os níveis mais altos de organização do esporte são panelinhas e portas giratórias, aonde as mesmas pessoas seguem dividindo o mesmo bolo, que só fica maior.

Eu assisti aos jogos de vôlei da seleção feminina nas olimpíadas com minha filha de nove anos, a Bia e, quando a Fernanda Garai fez o ponto final, abocanhando a medalha de ouro, ela pulou e comemorou e, depois de algum tempo, me disse:

 - Poxa, pai. Agora eu entendi porque você sempre me fala que é muito importante a gente lutar pelo que acredita.

Inspiração.

Na hora do hino ela ficou em pé e cantou o hino nacional (da melhor forma que ela pôde).

Patriotismo.

Sabe quando o futebol vai atingir esse nível? Acho que nunca.

E só pode ser o dinheiro. Não pode ser a origem humilde, pois cansei de ver corredores brasileiros que treinaram sem patrocinador e em condições horríveis abraçados com a bandeira e dizendo que tem orgulho de representar o Brasil. 

Claro, vários jogadores também já fizeram isso, mas nenhum é tão convincente. O último jogador de futebol que vi gritar de raiva, emoção e garra como a Thaísa foi o Maradonna, naquele jogo que ele tinha cheirado todas e foi expulso da competição.

Veja bem, não estou dizendo que todo jogador é mercenário, mas o que estou falando é que o que no vôlei é regra, no futebol é exceção.
Thaísa - garra e inspiração.
E bem melhor de olhar que o Neimar.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Tanananananananananananananan - BATMAN!


O último filme do Batman quase não tem o Batman, pois o homem-morcego propriamente dito é quem provavelmente menos aprece. Apesar disso, e talvez por causa disso, é muito bom.

Melhor que os outros? Talvez sim, mas vai depender muito de sua perspectiva. 

Tecnicamente é praticamente igual. Tem uma montagem de som levemente superior aos outros dois, fotografia semelhante, cenas de ação um pouco piores, tomadas mais ambiciosas, edição tão primorosa quanto.

A maior diferença entre os filmes está na trama e na construção narrativa.

O primeiro tem a vantagem de ser o primeiro. Nolan acertou no climão gótico sem cair na caricatura com sua visão realista do Batman que os quadrinhos modernos pregam e que os fãs mais novinhos exigem, como se o Batman não existisse antes do Frank Miller. Além disso, a história original do Batman é uma história boa de contar e não é preciso malhar demais o roteiro.

O segundo vai ter sempre a aura da morte do Ledger e isso torna o filme maior do que o que realmente foi. Não me leve a mal, o segundo é um filmão e o Coringa de Ledger é ótimo, mas ele nem é o melhor Coringa de todos os tempos. Esse troféu vai para o Mark Hamil, que interpreta o Coringa com perfeição nas animações e nos videogames. Ledger fez um ótimo psicopata inspirado no Coringa, atuou superbem e ganhou impulso com o tom realista que deu cara nova ao personagem. Show. Aí o cara morreu e tudo isso dobrou de valor. Fica difícil competir com esse tipo de coisa.

O terceiro tinha a ingrata missão de, mesmo sem a capacidade de surpreender esteticamente, dar um fim à sequência de filmes, sem manchar o legado dos dois primeiros. E, apesar do roteiro previsível, acaba fazendo um pouco mais que isso.

O filme tem fan service, tem uma deliciosa Selina Kyle (não tem mulher-gato, ninguém a chama de mulher-gato no filme e não, não é a mesma coisa), tem uma presença maior do elenco de suporte (e tinha que ter mesmo que os caras são bons pra caralho), tem um vilão interessante na figura do Bane e tem até o Batman.

Nolan pagou o preço de escolher um arco narrativo longo e não conseguiu contar toda a história com os detalhes que poderiam ajustar o tom de determinadas cenas e explicar melhor uma ou outra parte. O filme acabou um pouco sem “gravitas”, mas ficou divertido pra cacete. Quem não tem um mínimo de criatividade pra preencher um ou outro pedaço que ficou em branco não deveria nem estar vendo filme do Batman.

Teve gente que reclamou do final, mas vale à pena lembrar que esse Batman do filme é a versão do Nolan e não é bem o Batman dos quadrinhos. Acho que é até necessário um pouco de liberdade pra deixar as coisas interessantes.

Fora isso, o filme é meio idiossincrático, herdando dos dois primeiros esse contraste entre o realismo que Nolan insiste em imprimir com cenas piegas, frases de efeito, poses com mãozinha na cintura e a voz meio ridícula do Christian Bale como Batman, mas acho que é nisso que está uma boa parte da graça do filme.

Vale à pena ver? Claro.

É melhor que os outros dois? Todo mundo vai dizer que não, mas talvez seja, pois era o que tinha a missão mais difícil e ele segura a onda.

Audrey Hepburn - a Selina dos meus sonhos.

Michelle Pfeiffer - a Selina do fetiche (MILF e Bondage).

Anne Hathaway - a Selina melhor resolvida das versões live action
do Batman - e delicinha, delicinha.