sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Scott Pilgrim Vs the World


Há algum tempo atrás saíram dois filmes que fracassaram na bilheteria e que alguns críticos disseram que, na verdade, foi o público que não entendeu a mensagem, que os filmes eram muito inteligentes e as massas não conseguiram absorvê-los.

Um deles foi Sucker Punch, que eu considero um filme razoável. Sim, mais inteligente que a maioria dos filmes de ação, mas nada demais. Uma autocrítica da cultura nerd machista e fetichista, com bons efeitos especiais.
O outro filme era Scott Pilgrim Vs the World.

Como não achei Sucker Punch nenhuma maravilha, esfriei pra ver Scott Pilgrim, até porque já tinha lido o quadrinho e também não achava ele lá essas coisas. O quadrinho é simpático, mas nada brilhante.

Mas ontem tive a oportunidade de ver Scott Pilgrim e posso dizer sem sombra de dúvida que o filme é genial. E, sim, nem todo mundo vai entender e mesmo quem entender tem grandes chances de não gostar.

Em primeiro lugar, o filme é ousado: ele conta uma história sem se preocupar em direcionar o filme para um público específico. Ele tem uma linguagem adolescente, os protagonistas são jovens na faixa dos vinte, as referências culturais são da década de oitenta, o pano de fundo é nerd, a trama central é um romance, a estrutura narrativa é a metáfora misturada com realismo fantástico e, esteticamente, o melhor do filme são as cenas de luta.

A única coisa que pode chegar perto da alucinação estética do filme é o novo Cloud Atlas, dos irmãos Seiquelovski (os caras do Matrix). Mas Cloud Atlas tem o Tom Hanks, os caras do Matrix, milhões de dólares e provavlemente se leva a sério. Scott Pilgrim é um filme besta e não tem nenhuma pretensão além disso: ser um filme besta narrado de uma forma diferente, criativa e divertida.

Prevejo que Scott Pilgrim será um eterno sucesso underground entre os jovens nerds de ambos os sexos e meninas e mulheres descoladas, que vão adorar a subjetividade e complexidade dos personagens femininos. Além, é claro, de também encantar adultos que têm uma queda por uma mistura criativa que dá certo, por mais maluca que seja.

Ao ver Scott Pilgrim não pude deixar de ver as semelhanças com a tal saga do crepúsculo (que escrevo com letra minúscula pra evitar qualquer sinal de respeito da minha parte). Ambos tratam de um jovem triângulo amoroso com elementos fantásticos. Mas enquanto os personagens de crepúsculo são ridículos sem intenção, Scott Pilgrim abraça o ridículo e o transforma em metáforas incrivelmente realistas, de forma bem-humorada e inteligente.

Enquanto crepúsculo é só bobo, Scott Pilgrim é bobo e brilhante, o que faz toda a diferença.
Pilgrim, Ramona e, ao fundo, a Liga dos Ex-namorados do Mal

domingo, 14 de outubro de 2012

Regresso científico


Ah, merda! Não se pode mais mesmo confiar na ciência. Em vez de fazer coisas interessantes como carros que voam e clonar dinossauros de uma vez, os cabeções só se ocupam em fazer versões novas de celulares, o que, se me perguntarem, é uma perda de tempo.

Já reparou que o celular faz tudo pior que sua contraparte? É uma agenda pior que uma agenda, um computador pior que um computador, uma plataforma de jogos pior que uma plataforma de jogos e um telefone pior que um telefone. A única “vantagem” é que você pode levá-lo para qualquer lugar – é uma fralda pra quem não sabe fazer uso da tecnologia no lugar certo.

Mas digresso, digresso.

Estou preocupado mesmo é com a questão da clonagem dos dinossauros, pois não é que um grupo de cientistas australianos (ou canadenses, agora não lembro) descartou completamente a hipótese de um dia clonarmos dinossauros?

Eles descobriram que com âmbar, gelo ou calcificação, a meia-vida do DNA não dura mais do que uns parcos milhões de anos. Pra resumir: do triássico, jurássico e essa turma toda só vamos ver mesmo os ossos.

Ou seja, meu sonho de ir pro trabalho montado em um velociraptor, ou num carro voador já que tocamos no assunto, parece cada dia mais distante. Agora montado na porra de um celular até já dá pra ir, porque o computador de bordo hoje em dia tá virando um celular com um carro em volta.

Enfim, ainda dá pra clonar o mamute e o tigre dentes-de-sabre.

Galera, vamos então fazer um combinado e parar de comprar todo ano o mesmo produto de novo só porque ele agora vem com uma câmera que tira fotos em uma resolução que o nosso olho não capta. Ok? OK?

Se todo mundo para de comprar, os caras param de quebrar a cabeça com essas porcarias e vão pensar em coisas que valem mais a pena. Fala sério: não é muito mais legal ir pro trabalho montado num tigres dentes-de-sabre do que ter um aparelho que faz dez milhões de coisas, mas que você só usa pra mudar de toque pro tema da novela (oi, oi, oi) e pra jogar angry birds?