terça-feira, 16 de setembro de 2014

Honestamente,

Não é de hoje que a elite ocidental vem roubando idéias do oriente, dos irmãos mais pobres e, na falta de alvo melhor, até uns dos outros.

Não estou falando aqui de inspiração, como no caso de Sete Homens e Um Destino (inspirado em Os Sete Samurais), na qual a idéia original está lá, mas com uma cara nova o suficiente pra ter seus próprios méritos, mas de pegar uma idéia e usar ela praticamente na íntegra, de forma meio desavergonhada mesmo. O plágio.

Harry Potter e Os Livros da Magia, Paulo Coelho e Carlos Castanheda, O cara da Vida de Pi e o livro do brasileiro que me fugiu o nome, Jogos Vorazes e Battle Royalle e por aí vai.

Com tanta gente pegando idéias dos outros impunemente, me espantou a honestidade do Aronofsky. Em Réquiem para um Sonho e Cisne Negro ele copiou deslavadamente cenas, idéias, conceitos e diálogos do Anime japonês Perfect Blue (de 1998, salvo engano), mas pagou por isso. E adiantado!
Aronofsky comprou os direitos do filme para poder copiá-lo com toda propriedade, com a moral e a lei ao seu lado. Foi esperto, pois o anime é sensacional, um exercício de onirismo e delírio, muito melhor que Cisne Negro (com exceção da Natalie Portman lésbica).

O diretor, se não foi criativo, foi de uma honestidade admirável!

Mas, aproveitando o assunto, se você não assitiu a Perfect Blue, pare de ler essa porcaria e corra atrás do filme (de preferência a edição sem censura). Ele é um dos mais perfeitos filmes do gênero mind fuck, com o apelo adicional de apresentar um final bem interessante (normalmente esses filmes mind fuck nem o diretor nem o roteirista tem noção de como encerrar a merda que começaram).


Minha reação ao terminar de assistir ao filme foi a de que havia acabado de consumir uma boa história. Meia hora depois eu ainda estava viajando na direção de arte e trilha sonora. Uma hora depois eu comecei a desconfiar de que a história principal não era bem a que eu achei que era. Duas horas depois eu estava vendo o filme de novo.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

FIFA inconsequente



Que a FIFA é meio burra ninguém duvida.

Primeiro falaram mal da organização do Brasil pra só depois cair a ficha de que se a Copa aqui fosse um desastre continuaria sendo a Copa da FIFA (como eles fazem questão de chamar agora). Então dá-lhe a enfiar dinheiro por aqui e mudar o tom do discurso, mesmo que por baixo dos panos fique aquele pensamentozinho: “se arrependimento matasse...”.

Depois faz jogos à uma da tarde, matando o bom futebol. Impede que os filhos do Mondragon entrem em campo e outras trapalhadas. Claro que A FIFA não decide nada. Quem decide são as pessoas que a representam em um ou outro momento, com graus diferentes de culpa.

Mas culpa é uma coisa e responsabilidade é outra. A responsabilidade continua sendo do órgão. Portanto, vamos continuar chamando o vilão de FIFA.

Enfim, nenhuma dessas burrices se compara ao resultado do julgamento do Zuniga, o jogador colombiano que quebrou o Neymar. A FIFA declarou, entre outras coisas, o seguinte: “nenhum fato pode ser julgado em função de suas conseqüências”.

Não sou jurista, mas a frase me parece absurda, pois, pra mim, qualquer coisa só pode ser julgada em função das consequências. Praticamente nada pode ser julgado em função só da intenção porque não podemos ler a mente dos outros. Avaliar apenas a intenção é função do pai e da mãe, não do juiz.
Uma coisa é dar um tiro em alguém e errar, outra é acertar e outra maior ainda é matar. A intenção, comprovada ou não, é agravo. Mas alguma coisa tem que ser feita independente da intenção. Educar é avaliar a intenção. Julgar é avaliar as consequências. Uma coisa é fazer merda, outra coisa é fazer merda e  detonar a vida dos outros.

Tenho certeza absoluta que o Zuniga não teve intenção de tirar o Neymar da Copa. Mas tirou. Com uma falta covarde, de força desproporcional, já que muito pior que uma cotovelada é uma joelhada, pois, não sei se repararam, o jogador de futebol tem muito mais força na perna que no braço. Uma joelhada nas costas é algo que não tem como ser “de jogo”. Uma coisa é, em uma bola dividida, um jogador, sei lá, quebrar a perna. Nesse caso a conseqüência é realmente imprevisível, mas a falta do Zuniga foi um ato exagerado, no mínimo impensado. Tão errado que o próprio jogador pediu desculpas.

Não quero crucificar o Zuniga. O cara não precisa levar punição de nove jogos e ficar seis meses sem jogar. Mas uma multa, uma punição de três jogos, um dedinho na cara dizendo que, se fizer de novo fica de castigo. Qualquer coisa.

Mas a FIFA não está muito interessada em ser rigorosa e justa. Ou, no mínimo consistente, se considerarmos o caso do mordedor Suarez. E, confesso, eu também não estaria se não estivesse nem aí pras consequências do que eu faço.