A equipe de marketing de Deus é fenomenal. De alguma forma eles conseguiram nos convencer de que tudo de ruim que acontece com a gente é para o nosso próprio bem (ou um bem ainda maior).
Perder o emprego, bater o carro, perder um filho, qualquer coisa. Tudo faz parte de um plano fantástico que nós não entendemos ainda porque não estamos lá muito avançados na escala evolutiva.
E mais: o sofrimento que todas essas perdas provocam não é culpa e nem vontade de Deus. Tudo isso recai sobre nós mesmos que somos falhos e não seguimos o manual de instruções direito. O homem é ciumento vaidoso e egoísta – e isso gera o sofrimento.
Não sei, não, mas suspeito que, de acordo com as leis da física (também obra de Deus), mesmo que todos nós nos amemos muito, ainda seria possível morrer caindo da escada, por exemplo. Se fosse alguém próximo de mim, eu sofreria do mesmo jeito.
Mas ainda não acabou. Não só nada do que é ruim é culpa de Deus, como tudo que é bom é responsabilidade direta dele. Isso é brilhante.
Aumento de salário? Graças a Deus! Passou no vestibular? Graças a Deus! Sobreviveu a um acidente de carro? Graças a Deus!
Claro que também reconhecemos o nosso esforço – e às vezes até o supervalorizamos (lembram da vaidade e do egoísmo?). Mas Deus e equipe sempre ficam com os seus 10%.
É a lógica do otimista. A esperança de que no final tudo vai dar certo. É a convicção de que, se alguém nos colocou neste mundo, este alguém não pode ser nem malvado e nem indiferente. É a nossa maneira de seguir em frente.
E o mais irônico é que pode ser verdade.