domingo, 20 de novembro de 2011

True Grit

Bravura Indômita é um excelente filme. Como todo bom western, conta uma história que é grandiosa em sua insignificância: fala da determinação de uma menina de 14 anos em levar à justiça o assassino de seu pai e de seu relacionamento com um Marshall e um Texas Ranger.

A história é boa, mas não é nem de longe a atração principal do filme. A fotografia, a edição, a montagem e a composição dos personagens são trabalhos de mestres.

O fato dos personagens serem interessantes não vai ser surpresa para quem acompanha o trabalho dos irmãos Cohen, mas a narrativa mais estruturada e a utilização parcimoniosa de situações surreais são mais inesperadas. Os filmes dos irmãos Cohen costumam propositadamente segurar a evolução da trama para valorizar os personagens e o “clima” da história. Em True Grit, esse talento é usado em doses mais homeopáticas e o resultado é realmente excepcional - o filme acaba ganhando em ritmo e funciona em vários níveis: como um bom western, como um filme de personagens, como filme autoral. É uma lição de cinema.

Diz a lenda que a produção executiva de Spielberg deu ao filme um tom mais comercial e embora isso possa ser visto como sacrilégio pelos intelectuais de plantão, a verdade é que os filmes de Spielberg são comerciais muito mais pelo fato de serem bons do que por seguirem fórmulas prontas (É a diferença entre Caçadores da Arca Perdida e Transformers). O que eu vi no filme foi qualidade e não babaquice de grupo focal. Um filme autoral demais poderia perder o seu caráter de homenagem ao material de referência (tanto o livro quanto o primeiro filme) e poderia descaracterizar a história.

Jeff Bridges está de novo caricato (e funciona! Quantas vezes ele vai conseguir fazer isso?), Matt Damon faz uma versão texana do seu personagem em 11 Homens e um Segredo e a atriz adolescente Hailee Steinfield prova que, apesar dos Crepúsculos da vida, ainda existem papéis interessantes para jovens em Hollywood.

A química do trio funciona, e os personagens adultos crescem com a evolução da trama (a menina é meio que um samba de uma nota só, mas, pelo menos, é um bom samba).

Enfim, gostei das decisões tomadas e da forma como True Grit foi conduzido. O humor do filme é inteligente, as cenas de ação são cruas e a história é deliciosamente previsível. Você sabe que está assistindo a um grande filme quando o que importa não é o que acontece, mas, sim, como acontece.