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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Por que a DC fracassou onde a Marvel teve sucesso?


Muita gente não sabe disso, mas a ideia de fazer um filme com os seus principais heróis foi primeiro da DC. Em uma Comic-con há alguns anos atrás, o pessoal da DC anunciou a intenção e a possibilidade sobre um filme da Liga da Justiça e a Marvel decidiu: vamos fazer primeiro!

Mas por que o projeto da Marvel deu certo e o da DC ainda está patinando no gelo?

Motivo 1: Ação! A Marvel se moveu muito mais rapidamente. Aprovou roteiros logo de cara, acertou no casting de primeira, contratou com mais agilidade, produziu de forma mais eficiente. Só com o Super-Homem, a DC ficou patinando anos, sem definir diretor, sambando em torno de 4 roteiros diferentes (um do Kevin Smith. Google Kevin Smith Superman e divirta-se) e sugerindo atores nada a ver como o Nicholas Cage para o papel principal. Adoro o Cage, mas como Super-Homem nem pensar.

Motivo 2: Fundação. Com o premiado trabalho de Mark Millar e Straczinsky em Marvel Millenium, a Marvel já tinha de onde tirar inspiração para uma perfeita conversão dos seus heróis para os dias atuais. O perfil dos personagens, o design dos uniformes, a maneira como eles interagem com o mundo e entre si e até diálogos e cenas inteiras foram chupados do excelente quadrinho.

A DC não tinha nada parecido. Só agora com o New 52 que alguma coisa aconteceu nesse sentido. Mas, mesmo assim, embora a nova Liga da Justiça tenha começado muito bem, o trabalho ainda é muito inferior ao roteiro de Millar para The Ultimates.

Motivo 3: Padrão. O Cavaleiro das Trevas do Nolan é um bom filme e a sequência é ainda melhor, mas o clima dos filmes não tem nada a ver com o quase infantil Superman e a ficção científica B de Lanterna Verde – esses filmes não parecem pertencer a um mesmo universo. Os filmes da Marvel são diferentes entre si, mas têm um padrão – e personagens em comum – que os torna facilmente reconhecíveis. Esse padrão existe até mesmo nos filmes de X-men e Homem-Aranha, tornando perfeitamente possível um cross-over entre essas franquias.

A DC não soube estabelecer um padrão para seus filmes e, com isso, até os filmes bons, como os do Batman, atrapalham o projeto.

Motivo 4: Casting. Ok, o fato de existir um Robert Downey Jr – um ator de altíssima categoria que não só gosta de quadrinhos, como é o próprio Tony Stark na vida real - foi sorte, mas o resto é competência. Os caras escolheram tudo certo – dos atores principais aos atores secundários (que inclui gente do porte de Natalie Portman e Gwineth Paltrow). Tiveram o cuidado de incluir a Maria Hill no filme – sem a menor necessidade – mas com absoluta competência. Tá certo, penaram com o Hulk, mas, na hora que mais importava, Mark Ruffalo mandou muitíssimo bem.

A DC acertou com o Christian Bale.

Motivo 5: Direção. A DC escolheu ótimos diretores para seus filmes, mas nenhum deles é um team player. Se você vai fazer um projeto no qual vários filmes vão virar um só no final, o diretor precisa entender que alguma coisa precisa ser sacrificada para que o tom e o universo dos filmes seja coerente. Além disso, escalar o Keneth Branagh, o cara que mais entende de Shakespeare em Hollywood pra dar naturalidade ao jeito esquisito de falar dos asgardianos foi um golpe de gênio. Os diretores da Marvel entenderam que precisavam fazer um filme de Super-Herói. O Batman de Nolan é um pouco realista demais e, embora isso traga bons resultados como um filme individual, descaracteriza o projeto, como já mencionei.

Motivo 6: lastro financeiro e experiência. A Marvel já estava com a bola rolando com vários sucessos no bolso como Homem-Aranha e X-Men (apesar dos filmes pertencerem a estúdios diferentes). Foi mais fácil financiar suas idéias e realizar produções de ponta. A DC vinha de uma série do Batman que até teve sucesso, mas se perdeu no final. Em todo caso, O Batman ainda tinha crédito no caixa, mas personagens menos conhecidos como o Lanterna Verde e a Mulher-Maravilha demoraram pra engrenar (a Mulher-Maravilha nem engrenou ainda. E eu gostaria de ver a cara do executivo que recusou o roteiro do Joss Whedon para a personagem).

Além disso, a Marvel acertou na mão nos seus efeitos especiais de luta e vôo e optou pelo caminho já trilhado, fazendo melhorias incrementais a cada filme. A DC quis fazer algo diferente e gastou muito com experimentação, queimando orçamento onde não devia e, pior, obtendo resultados péssimos.

Motivo 7: Diversão. Enquanto os filmes da DC eram cheios de idas e vindas e repletos de histórias sobre complicações no set de filmagem, os sets da Marvel são cheios de histórias engraçadas e boa sintonia entre atores, diretores e equipe. Das sempre divertidas homenagens a Stan Lee às piadinhas sobre os personagens dadas em entrevistas. No próprio filme, os atores e diretores acertaram o timing conseguindo levar o filme a sério o suficiente, mas sem perder a piada quando surge a oportunidade por causa de um clichê ou situação absurda.

Maria Hill nos quadrinhos...

... E Cobie Smulders, Maria Hill no filme - casting correto (do qual eu gostaria de ter participado).
A Marvel não é infalível, claro. Motoqueiro Fantasma é um exemplo. E o reboot do Homem-Aranha parece que está indo na direção contrária do que o estúdio aprendeu com Os Vingadores, mas depois de juntar cinco filmes em um sexto de alta qualidade, os caras estão com muito, mas muito crédito mesmo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Avengers assemble!


Vamos ser diretos como um chute no estômago: Os Vingadores é um dos melhores filmes de ação já feitos e, possivelmente, o melhor filme de super-heróis de todos os tempos.

O primeiro motivo eu já falei em posts anteriores: Os Vingadores não é apenas um único filme, mas o ápice de um projeto que envolveu 5 outros filmes, todos sucesso de público (alguns em menor escala, mas todos foram sucesso). Quando o filme começa, pouquíssimas explicações precisam ser dadas, pois a audiência já sabe quem é quem e está pronta para o desenvolvimento da história.

Motivo 2: os atores estão à vontade em seus papéis, especialmente Robert Downey Jr que parece que nasceu pra ser Tony Stark. Mas todos parecem estar se divertindo e entraram totalmente no clima dos seus personagens.

Motivo 3: O tempo de tela de cada herói é ótimo. Todos têm boas cenas e oportunidade de brilhar e, por causa do motivo número dois, a sinergia entre os atores é excelente. Os diálogos têm um ótimo timing e algumas trocas de sopapos e ideias são antológicas.

Motivo 4: Tecnicamente o filme é do caralho. Excelente música, fantásticos efeitos especiais, tremenda montagem e as cenas de ação são variadas, características pra cada herói. Das artes marciais da Viúva Negra à bordoada nua e crua do Hulk o filme tem de tudo: nave espacial, tiroteio e chute no saco.

Motivo 5: O filme é bem-humorado e crítico. A história é levada a sério apenas na medida certa, com amplas passagens bem-humoradas e um humor auto-referencial que funciona muito bem. Do discurso do vilão interrompido com sutileza pelo Hulk até as piadinhas corta-clima de Tony Stark, mostrando que o roteiro sabe muito bem o que é clichê e o que não é.

Motivo 6: O roteiro. Espertamente, ninguém tentou fazer o roteiro do século. Copiaram a maior parte das idéias dos Vingadores de Mark Millar (que foi um puta sucesso nos quadrinhos e, na verdade, a referência para todo esse projeto) e deram ênfase na interação entre os personagens, deixando todo o resto como pano de fundo. Os produtores sabiam muito bem o que era importante para o filme funcionar.

Motivo 7: Fan service. Da primeira à última cena, o filme é repleto de referências a histórias famosas, frases marcantes dos heróis e cada coisinha que se espera de um Team Up de heróis está presente: conflito, união, traição, vingança, admiração, confiança, adversidade, vitória. Tá certo que tudo isso é exposto em alta velocidade e sem rodeios (o filme não exatamente Conduzindo Miss Daisy), mas dá pra entrar no clima sem forçar muito a barra. E mais: músculos dos garotões e close na bunda e nos peitos da Scarlet Johanson, pra todo mundo ficar satisfeito.

Motivo 8: a direção de Joss Wheddon é brilhante e o ele mantém o filme com um ritmo surpreendente. O cara entende de quadrinhos (fez uma boa rodada com os X-Men) e provou que consegue transmitir boa parte dessa linguagem para a telona, com cenas que funcionam muito bem em câmera lenta por serem reproduções fiéis de cenas famosas desenhadas por grandes artistas da Marvel.

Esse tipo de filme existe pra ser divertido e, honestamente, não lembro qual foi a última vez que me diverti tanto no cinema. Já vi filmes mais inteligentes, melhor editados, mais empolgantes, mais emocionantes e mais envolventes – mas vi poucos filmes mais divertidos. Os Vingadores conseguiu fazer o que a nova trilogia de Star Wars e o último Indiana Jones poderiam ter feito, mas falharam miseravelmente: me transformar de novo em criança, com olhos atentos na tela e um sorriso que não queria sair do rosto. 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Entendendo o Mangá e o Anime – a linguagem japonesa de narrativa ilustrada

Você sabe por que o Mangá e o Anime são mais bem aceitos pelos mais jovens? A resposta é simples, os mais jovens têm menos preconceitos culturais. Alguém que já está muito acostumado à linguagem narrativa ocidental (especialmente a importada dos Estados Unidos) pode estranhar muita coisa quando lê um mangá ou assiste a um Anime pela primeira vez e, muitas vezes, não consegue absorver o que está sendo mostrado, pois não consegue se livrar de suas pré-concepções sobre como uma história ou cena devem se desenvolver.

Hoje em dia, os elementos artísticos andam bem misturados, graças a artistas ocidentais que importaram referências orientais (como Frank Miller e Tarantino), graças à pesada influência dos videogames japoneses no ocidente (muito diminuída nos últimos dez anos, infelizmente) e graças também à forte penetração da cultura ocidental no Japão que, habituado a tratar tudo com certa reverência, absorveu de maneira quase religiosa uma série de elementos da cultura pop americana.

Mas os japoneses foram pioneiros em uma série de técnicas – e de manias - narrativas e hoje vou falar sobre algumas delas. Por quê? Porque ninguém perguntou, claro.

Representação do tempo

Mesmo antes da MTV, o ocidente já tinha a mania de contrair o tempo em suas narrativas, exibindo em minutos o transcorrer de horas e em poucos quadrinhos o que seria uma longa cena de ação. Quem nunca viu nos quadrinhos os recordatórios falando “horas depois...” ou “no dia seguinte...”? Ou, no seriado antigo do Batman, aquela vinhetinha que envolvia toda a cena em uma espiral para reapresentá-la no segundo seguinte já bem adiantada?
No Japão, a representação do tempo é muitas vezes bem diferente. O tempo é distendido. E por dois motivos muito fortes:

1. A preocupação com o que se passa na cabeça do personagem no momento da ação e não apenas com a ação em si.

2. A necessidade do autor de detalhar uma ação. Não basta mostrar que o Batman deu um soco no vilão. O autor de mangá e anime quer mostrar a tensão do músculo, o ponto de impacto, a técnica marcial exata utilizada, a expressão de raiva no rosto do atacante, a expressão de dor no rosto de quem levou o soco e, não raro, a reação de todo mundo que estava presente na cena e viu o soco sendo dado.

Esse elemento cultural pode resultar em momentos sublimes, como os estudados duelos de samurai que os westerns tipo spaguetti copiaram (câmera na arma, câmera nos olhos, câmera nos dedos se movendo, câmera nos olhos, câmera na platéia se escondendo, câmera na boca mascando o tabaco, etc.) a momentos que desfiam a lógica linear, como o herói que dá um pulo e parece que passa meia hora no ar, porque antes de cair no chão ele fala dos seus ensinamentos, relembra a infância e explica a técnica do pulo. Se você entende que o tempo ali naquela cena está distendido e que o narrador está apresentando contexto misturado com a ação, as coisas fazem bastante sentido. Se você não consegue perceber isso, a primeira reação é classificar o que viu como coisa de maluco (o que talvez até seja, mas agora você sabe que existe uma lógica por trás da loucura).

Expressões exageradas
Por trás das expressões exageradas dos desenhos japoneses existe um motivo cultural e um motivo estético.

O motivo cultural: embora isso tenha mudado um pouco nos tempos modernos, a sociedade japonesa sempre foi bastante reservada e a arte de uma forma geral sempre foi um outlet para a expressão mais desinibida e, muitas vezes, caricata, como um contraponto a esse universo de constante repressão social.

O motivo estético: a obsessão japonesa pelos detalhes e pelo desenvolvimento psicológico de seus personagens. É mais fácil partir para a caricatura quando você quer ter plena certeza de que a audiência entendeu o seu recado. Embora possam parecer ridículo os olhões esbugalhados e bocas gigantes, enquanto os quadrinhos americanos tinham três expressões: feliz, sério e zangado, o mangá japonês já conseguia mostrar coisas como: tesão, decepção, inveja, surpresa, constrangimento e loucura - veja a capa de A Piada Mortal, uma das histórias em quadrinhos mais aclamada de todos os tempos. A cara do Coringa na capa, magistralmente desenhada pelo Brian Bolland é puro mangá.

Hipersexualização
Essa coisa da mulher ser tratada desde novinha para servir o homem (em todos os sentidos) é um elemento cultural forte do Japão. E a presença dele nas ilustrações narrativas é reflexo dessa obsessão pela submissão feminina.

A Europa também sempre gostou do sexo e da sacanagem nos seus quadrinhos (herança da nobreza libidinosa), mas na Europa o sexo quase sempre aparece retratado como uma coisa que acontece entre adultos.

No Japão, a sexualidade é quase exclusivamente fetichista, e o fetiche normalmente envolve pré-adolescentes, dominação e, contraditoriamente, inocência. Essa mistura rende bons momentos quando cria interações complexas e provocantes entre os personagens, mas também freqüentemente gera cenas embaraçosas e constrangedoras para as nossas sensibilidades ocidentais.

Violência

Essa é simples. No Japão, assim como na Europa, quadrinhos e animação não são necessariamente coisas de criança. Esse conceito está mudando também por aqui no ocidente, mas por lá já é assim há muito tempo.

Além disso, lá existe um respeito muito grande à visão do artista e há menos revisões editoriais e menos preocupação em falar apenas sobre o que é politicamente correto. Por isso, não só violência como outros temas considerados tabu por aqui, por lá são “fair game”. Temas como homossexualidade, racismo, depressão, depravação e morbidez são comuns – até em desenhos considerados “infantis”. Na série O Pirata do Espaço, em um dos finais os dois personagens principais morrem. No final oficial, mais light, os personagens que cultivaram um amor platônico durante todo o desenho ficam separados para sempre. Esse desenho passava no Clube da Criança, apresentado pela Xuxa (na época que ela ficava pelada).

Essa mocinha com cara de inocente
matou o ex-namorado e deixou o garotão
aí chupando o dedo no final de
O Pirata do Espaço.
Um dia desses, o filho de dez anos de um amigo meu me perguntou, na frente do pai, o que era sodomia e apartheid, na mesma frase. Na hora deduzi que ele andou lendo a série Eden que emprestei pro pai dele. E se ele leu até a parte do apartheid, significa que ele também já tinha lido sobre genocídio, estupro, traição e fascismo. Essa revista foi parcialmente editada aqui pela Panini e qualquer moleque de dez anos poderia tê-la comprado na banca. Ou seja, não são os produtos japoneses que são inapropriados – inapropriada é a maneira com a gente consome esses produtos, sem entender para que público eles foram feitos.

E com isso, encerro esse post. Espero que tenha sido, como sempre, inútil, mas interessante.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Chronicle

Sabe o post anterior no qual eu falei que nem todo filme se beneficia do formato “filmagem encontrada”? Pois bem, Chronicle é um desses filmes.

Claro, claro, o fato dos personagens filmarem eles mesmos o que está acontecendo encurta distância e nos coloca na pele dos personagens, mas sabe o que mais nos coloca na pele dos personagens? Boas atuações. E os garotos do filme estão ótimos – os supercloses e imagens tremidas são desnecessários.

Chronicle ou “Poder Absoluto” é um filme de super-herói. A diferença é que esse, como já falei, conta a história a partir de pedaços de filme “encontrados” e, na verdade, essa diferença é um dos problemas do filme. Apesar de a mecânica render algumas boas cenas, da metade pro final a ideia vira mais um problema que uma solução, pois o filme toma outro ritmo.

O diretor se vira e conta a história, mas é obrigado a recorrer à câmera de segurança do caixa eletrônico, a câmeras de celulares anônimos, de helicópteros, enfim, o clima intimista, de documentário acidental, vai pro espaço. Sem contar, claro, as dezenas de cenas em que ter alguém com uma câmera ligada não faz o menor sentido.

O filme não precisava disso porque ele é diferente em outro sentido. O roteiro pseudo-realista conta a história de três jovens que se vêem com superpoderes e mostra, junto com a evolução dos poderes, a evolução desses jovens – como amigos e como pessoas.

O filme consegue ser bem humorado, dramático e dinâmico e termina de forma previsível mas não menos espetacular, com direito a flashbacks do mangá Akira. Teve um momento no qual eu achei que um dos personagens ia gritar: Tetsuooooo!

Enfim, o diretor poderia ter usado o fetiche de um dos personagens principais com câmeras de filmagem como recurso narrativo (intercalando com outras cenas) e não como obrigação (amarrando o filme, acelerando a narrativa e diminuindo a ousadia de alguns takes), mas no resto o filme acerta. Achei muito divertido. Um dos trunfos do filme é conseguir fingir que é despretensioso até o momento certo e tá, confesso, nesse ponto a “filmagem encontrada” até ajuda, mas tá na hora de acabarmos com esse gênero, não?

segunda-feira, 26 de março de 2012

Atividades Paranormais

Quando todo mundo começou a falar de Atividade Paranormal, confesso que a ideia do filme não despertou o meu interesse (até porque meu interesse ultimamente tem tido o sono muito pesado). Apesar de gostar de histórias de horror, não sou muito fã desses filmes de “filmagem encontrada”, pois acho que isso acaba sendo uma desculpa para justificar orçamentos baixos e, na maioria das vezes, diminui o filme, pois fica muito artificial.

Cloverfield, por exemplo, seria muito melhor sem esse “gimick”. Acho que a coisa funciona em Canibal Holocausto, por ter sido um dos primeiros e em Troll Hunter, pois o mecanismo está atrelado à história do filme. Nos dois casos, a intenção é fazer um documentário sobre o tema, o que justifica a ânsia de filmar tudo o que está acontecendo.

No caso de um ataque alienígena (Cloverfield) não sei se minha primeira reação seria filmar tudo segurando a câmera em ângulos improváveis. Mas eu gosto de Cloverfield, não vou matar o filme por causa de uma má ideia. Ah, e só pra constar e encerrar esse preâmbulo: acho que A Bruxa de Blair é uma merda.

Mas o assunto é Atividade Paranormal. Pois é, cansado de falsos documentários, ignorei o filme na época do lançamento, mas confesso que a curiosidade acabou falando mais alto e assisti logo aos três filmes de uma vez, porque eu, obviamente, não sou uma pessoa comedida.

Gostei muito do primeiro filme. A história é besta, mas o clima é fantástico e o diretor provou que um filme de horror pode ser interessante sem: cortes abruptos, edições acrobáticas, sustos baratos e baldes de sangue. Pelo contrário, os longos períodos de silêncio são os principais responsáveis pelo ambiente do filme.
A Paramount acertou em cheio ao comprar os direitos do filme pela bagatela de trezentos mil dólares (o filme faturou quase duzentos milhões) e Spielberg provou mais uma vez que tem o toque de Midas, pois foi ele quem sugeriu que o final do filme mudasse. Não vou estragar o final, mas do jeito que era seria muito difícil transformar o filme em uma série de sucesso.

Bom, vale à pena. É uma excelente experiência especialmente para ver com a namorada no escurinho.

Atividade Paranormal 2 não acrescenta nada à fórmula, mas acrescenta muito à história, juntando os dois primeiros filmes de maneira muito inteligente. Bem mais inteligente que os padrões normais de Holywood para continuações. Assista na ordem.

Já em Atividade Paranormal 3 a vaca parou de dar leite e o filme é apenas uma oportunidade desperdiçada, pois não acrescenta nada nem à formula nem à história. Por incrível que pareça é um filme que funciona até razoavelmente bem sozinho, mas se você já viu os dois primeiros ele fica sem graça e previsível ao extremo. Dá pra assistir, mas aí já tem coisa muito melhor por aí como por exemplo Troll Hunter e Cloverfield.

Acho que já dá pra aposentar a série que, honestamente, já rendeu bem mais que o esperado, né? 

domingo, 20 de novembro de 2011

True Grit

Bravura Indômita é um excelente filme. Como todo bom western, conta uma história que é grandiosa em sua insignificância: fala da determinação de uma menina de 14 anos em levar à justiça o assassino de seu pai e de seu relacionamento com um Marshall e um Texas Ranger.

A história é boa, mas não é nem de longe a atração principal do filme. A fotografia, a edição, a montagem e a composição dos personagens são trabalhos de mestres.

O fato dos personagens serem interessantes não vai ser surpresa para quem acompanha o trabalho dos irmãos Cohen, mas a narrativa mais estruturada e a utilização parcimoniosa de situações surreais são mais inesperadas. Os filmes dos irmãos Cohen costumam propositadamente segurar a evolução da trama para valorizar os personagens e o “clima” da história. Em True Grit, esse talento é usado em doses mais homeopáticas e o resultado é realmente excepcional - o filme acaba ganhando em ritmo e funciona em vários níveis: como um bom western, como um filme de personagens, como filme autoral. É uma lição de cinema.

Diz a lenda que a produção executiva de Spielberg deu ao filme um tom mais comercial e embora isso possa ser visto como sacrilégio pelos intelectuais de plantão, a verdade é que os filmes de Spielberg são comerciais muito mais pelo fato de serem bons do que por seguirem fórmulas prontas (É a diferença entre Caçadores da Arca Perdida e Transformers). O que eu vi no filme foi qualidade e não babaquice de grupo focal. Um filme autoral demais poderia perder o seu caráter de homenagem ao material de referência (tanto o livro quanto o primeiro filme) e poderia descaracterizar a história.

Jeff Bridges está de novo caricato (e funciona! Quantas vezes ele vai conseguir fazer isso?), Matt Damon faz uma versão texana do seu personagem em 11 Homens e um Segredo e a atriz adolescente Hailee Steinfield prova que, apesar dos Crepúsculos da vida, ainda existem papéis interessantes para jovens em Hollywood.

A química do trio funciona, e os personagens adultos crescem com a evolução da trama (a menina é meio que um samba de uma nota só, mas, pelo menos, é um bom samba).

Enfim, gostei das decisões tomadas e da forma como True Grit foi conduzido. O humor do filme é inteligente, as cenas de ação são cruas e a história é deliciosamente previsível. Você sabe que está assistindo a um grande filme quando o que importa não é o que acontece, mas, sim, como acontece.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

The Third Gathers - Backstroke of the West

E por falar em alterar os filmes do Star Wars (veja post anterior), nada como o bom e velho “engrish” para garantir umas risadas.

Não conheço a história direito. Parece que um cara que morava na coréia comprou uma versão pirata do filme The Revenge of the Sith, que tinha a opção de legenda em inglês. Daí bastou uma postagem na Internet para que o filme virasse o hit cult Backstroke of the West.

Porque alguém ia se dar ao trabalho de fazer uma legenda em inglês para um filme falado em inglês nunca ficou bem explicado, mas isso é detalhe. O importante é que o filme fica dez mil vezes mais divertido com as novas legendas.

Confira. E, se não quiser ver tudo (afinal, é o filme inteiro novamente), assista ao menos a cena final do Darth Vader, a origem do, já famoso nos círculos geeks, “DO NOT WANT!”.

Link:

http://www.youtube.com/user/BackstrokeOfTheWest

A Revolta dos Nerds

Vamos ser honestos: a única coisa realmente boa que George Lucas produziu foi a trilogia original de Star Wars. Tá bom, tá bom, ele também participou da série do Indiana Jones, mas não é segredo que o sucesso da série se deve mesmo ao dedinho de ouro do Spielberg.

Caravana da Coragem e Willow – na Terra da Magia são até filmes simpáticos, mas tremendamente infantis e meio bobos – como a nova trilogia (que em alguns momentos não chega nem a ser simpática).

Os três primeiros Star Wars são bem melhores. Só quem não acha isso é, aparentemente, o próprio George Lucas, que vive remendando os filmes, com resultados duvidosos.

Começou atualizando os efeitos especiais. OK, faz até certo sentido. Depois, cenas digitais extras. OK, quem é que não queria ver o Jaba andando ou a cidade das Nuvens em toda a sua glória? Ou os Ewoks piscando? (ai, ai...).

Mas, logo em seguida, veio a mudança mais estranha: ele mexeu no caráter do Han Solo, mudando a cena da cantina fazendo parecer que Greedo tinha atirado primeiro. Afinal, o herói Han Solo jamais atiraria primeiro!

Que cagada!

A transformação de Solo em verdadeiro herói só acontece no final do filme. O charme do personagem é o fato dele ser um contrabandista malandro e, sim, assassino, disposto a qualquer coisa, que se transforma em um dos líderes rebeldes ao longo da saga.

Os nerds foram de archotes e ancinhos para seus teclados, inundaram a Internet de protestos e, em 2005, saiu uma nova versão com os dois atirando juntos e, finalmente, em 2006, uma outra versão com Solo voltando a atirar primeiro. E todo mundo comprou o mesmo filme umas quinhentas vezes. Lucas pode ser um péssimo diretor, mas é o maior gênio do universo quando se trata de vender a mesma coisa várias vezes.

Daí pra frente foi tudo pras picas. Tem uma dessas reedições na qual o Anakin novo (o Christensen) aparece como fantasma no final de O Retorno de Jedi. Mas como pode? O cara não morreu velho? Porque o diabo do fantasma é um moleque de tererê?

E teve ainda uma versão de A New Hope com a voz adicional do Obi Wan dando um grito muito doido pra enxotar o Povo da Areia como se fosse um bando de galinhas que, graças aos céus, teve vida curta.

Mas por que eu estou falando tudo isso? É que, claro, vai sair mais uma versão dos filmes originais e dessa vez a mudança é a mais foda de todas. Lembra do filme O Retorno de Jedi? Lembra da cena final? Aquela na qual o Darth Vader silenciosamente resolve seu conflito interno e finalmente se redime matando o Imperador? Lembra que o bacana da cena é justamente o silêncio de Vader, vendo o próprio filho ser torturado?

Pois é, na próxima versão, Vader não vai ficar em silêncio. Ele vai falar... Preparem-se... Lá vai:

— Não... Nããããããão!

É isso aí. Uma reedição do gritinho ridículo do final da trilogia mais recente. Pode?

Bom, poder, pode. O cara é o dono da bodega e se ele quiser reeditar a porra toda com o Jar Jar Binks no lugar do Luke Skywalker ele pode (não dá ideia, não dá ideia...), mas quando vejo uma coisa dessas fico com sérias dúvidas sobre o verdadeiro papel de Lucas na execução da trilogia original. Ou então o cara tá milionário e de saco cheio e resolveu sacanear a própria obra, só pra provar que, mesmo assim, ele ainda consegue vendê-la pra meio mundo mais uma vez.

Agora, que ficou ridículo, ficou. Veja aí:

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Super 8

Super 8 é um filme que tem uma imensa desvantagem: é extremamente previsível. Até mesmo porque a ideia do diretor JJ Abrahams era “homenagear” os filmes de Spielberg dos anos 80, que tinham crianças como protagonistas e foram grandes sucessos, como ET, Goonies, etc.

A homenagem foi um pouco longe demais e ele copiou não só a fórmula como também o roteiro, principalmente no caso de ET.

A vantagem é que o próprio diretor sabe que fez isso, e acabou utilizando-se de um recurso interessante para disfarçar a falta de criatividade (ou o medo de fugir da fórmula e dar errado): criou uma história paralela sobre a produção de um filme amador feito pelas crianças. O estratagema funciona e a história paralela acabou sendo tão boa que deu até título ao filme.

Apesar de despretensioso e formulaico, o filme acerta onde mais conta. Um primeiro ato muito bem montado, que introduz os personagens de forma decente, e um elenco de atores mirins bem calibrado, com ótima sinergia.

O filme acaba sendo nostalgia pura e, se você já passou dos trinta (e ainda não ultrapassou os 50), é quase certo que vai se sentir transportado no tempo e não vai conseguir evitar o sorriso em algumas cenas. É uma pedida interessante para renovar o espírito e também para ir com a namorada ou esposa – o relacionamento entre o casal mirim é bonitinho e vai deixá-la suspirante, sem dúvida. Ou seja, todo mundo sai ganhando e você não precisou assistir a uma comédia romântica.

domingo, 7 de agosto de 2011

The FP

Eu poderia viver sem os malucos perigosos, mas os malucos inofensivos são indispensáveis. Por exemplo, veja só o filme que brevemente será lançado no link abaixo.

Um aviso: não assista no trabalho a não ser que seu chefe seja bem liberal (ou que você seja o chefe...).

http://www.gameinformer.com/b/news/archive/2011/08/01/west-side-story-meets-dance-dance-revolution-in-this-real-trailer-for-a-movie-that-actually-exists.aspx

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Continuidade não é continuação

O que a Marvel está fazendo com suas produções de filmes de super-heróis é algo impressionante. Não apenas porque muitos dos filmes são genuinamente bons (o primeiro homem-aranha, Homem de Ferro), mas porque eles estão tendo sucesso em trazer algo inerente aos quadrinhos para o cinema: continuidade.

Não estou falando de uma história em sequência ao longo de diversos filmes, coisa relativamente comum, presente nas telas do cinema desde a década de cinquenta com os seriados semanais (conceito que atingiu seu ápice com Harry Porter – uma cacetada de filmes com os atores envelhecendo junto com seus personagens). Estou falando de vários filmes com personagens diferentes ambientados dentro de um mesmo universo.

Isso era exclusividade dos quadrinhos, mas a ousadia da Marvel está trazendo a ideia para o cinema – e com excepcionais resultados.

Primeiro porque, como eu disse, muitos dos filmes são realmente bons. E mesmo os que não são, são bem produzidos, com alguns bons momentos.

Segundo porque eles conseguiram se conter e estão dando vida ao projeto de forma discreta e consistente. A presença de Nick Fury no final dos créditos já é algo esperado pelos fãs, a continuidade dos x-men não atropela a dos vingadores, cada filme funciona perfeitamente bem com um elemento isolado, etc.

Quer um exemplo do funcionamento dessa continuidade? Em Capitão América, o mito dos deuses nórdicos faz parte da trama, mas eles não perdem tempo explicando nada sobre o tema... PORQUE JÁ EXPLICARAM NO FILME DO THOR!

Em que pese o contexto infanto-juvenil de super-heróis e o gosto pessoal de uns e de outros pelo tema, todos têm que reconhecer que essa ferramenta narrativa é simplesmente brilhante. É original, envolvente e está sendo utilizada com absoluta maestria.

Aproveito o assunto para comentar que, ao que tudo indica, o filme do Capitão América vai surpreender e ser excepcional (eu esperava um filme bacaninha, mas os críticos mais ácidos americanos estão tirando o chapéu para o filme dizendo que acertaram em tudo: na caracterização do personagem, na escolha do elenco de apoio, na história e até no tom de patriotismo, que era o coelho mais difícil de tirar dessa cartola).

Enquanto isso, no outro universo, o da DC, só Batman salva. O reboot do Superman a alguns anos atrás foi um dos piores filmes que já vi, o filme do Lanterna Verde é um dos piores filmes já produzidos na história da humanidade, o filme E a série da Mulher Maravilha foram cancelados... Enfim, o melhor filme de heróis da DC dos últimos tempos foi o Watchmen, que afundou nas bilheterias, embora tenha sido esteticamente brilhante e executado dentro do que era possível, dadas as limitações narrativas do cinema (sim, o cinema ainda tem limitações narrativas que os quadrinhos não têm).

Enfim, a Marvel já me convenceu de que Os Vingadores será o maior (e talvez melhor) filme de super-heróis de todos os tempos, simplesmente porque o filme é só a última parte da série composta por todos os filmes de heróis que eles fizeram nos últimos quinze anos.

Excelsior!*

* Se você não entendeu essa referência, sugiro ler mais sobre a pessoa que podemos considerar responsável por essa porra toda (e quando falo porra toda, quero dizer A PORRA TODA!), Stan Lee.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Oscarzinho

Agora que já não é novidade, não faz o menor sentido falar sobre o Oscar. Ou seja, é o momento certo para o Ninguém Perguntou dar pitaco.

Esse foi o Oscar mais previsível dos últimos tempos, se eu tivesse entrado em um bolão, teria ganho (ou ganhado, dependendo da forma irregular de sua preferência) praticamente tudo. O Discurso do Rei é um filme com fórmula pronta pra ganhar: bons atores, choque de classes, fotografia correta - e não deu outra.
Ficou provado que a indicação de 10 filmes para o prêmio máximo é apenas mesmo para aquecer a indústria cinematográfica, que anda mal das pernas, e não para premiar a ousadia (Black Swan), a intensidade (127 horas) ou a temáticas modernas (A Rede Social).

Mas a safra de filmes em si é muito boa. Da pegação lésbica da Natalie Portman à gagueira contida de Collin Firth, tudo vale à pena ver – o que é mais do que o que se pode dizer dos filmes indicados no ano passado.

Uma última reclamação: Inception indicado a melhor roteiro? Pessoas, o filme é legal, muito bem montado, super bem dirigido, com efeitos bem criativos, etc. Mas o roteiro é Matrix versão deprê sendo que, dentro do contexto, a desculpa do sonho faz muito menos sentido do que a realidade virtual do Matrix.

Em outras palavras: estou cada vez menos interessado no Oscar. Bom, no dia em que tiver ganhado (ou ganho) um, isso muda.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Teste Nerd (parte 2)

FILMES

1. Qual a pior parte da nova trilogia de Star Wars?
a) Jar Jar Binks.
b) Midi-chlorians.
c) A trama sem sentido.
d) Os diálogos ruins.
e) A história de amor que não decola.
f) NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO.
g) Todas as anteriores.

2.Em que série de filmes você encontra um Xenomorfo?
a) Star Trek
b) Aliens
c) Xena

3. Qual dessas franquias foi assassinada por continuações pobres, mal escritas e feitas às pressas, na tentativa de capitalizar com o inesperado sucesso do original?
a) Darkman
b) Highlander
c) Robocop
d) Sexo Erótico na Ilha do Gavião
e) Todas as anteriores

4. Qual dessas séries já tiveram reboots no cinema?
a) Superman
b) Batman
c) Hulk
d) Homem-Aranha
e) Quarteto Fantástico
f) Punisher
g) Todas as anteriores. Sim, todas as anteriores – depois do cancelamento da parte 4 de um dos filmes aí de cima.

5. O que os filmes O Mundo Selvagem da Mulher-Morcego e Ela era Uma Vampirinha Neurastênica têm em comum?
a) São o mesmo filme. Os produtores tiveram que mudar o nome para não levar um processo (Batwoman, Batman, sacou?).
b) São filmes eróticos.
c) Só o Zinho para saber que esses filmes existem.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Run for your lives

Revivendo os piores momentos de Sean Connery, resolvi refletir cinco minutos sobre as porcarias que assisti durante minha adolescência. E cheguei à conclusão, com uma mistura de orgulho e consternação, que sou um especialista em filme ruim.

Só o fato de ser fã de filmes de zumbi (e outros monstros em geral) já garantiu um alto grau de exposição a cerca de 70% dos filmes piores filmes já produzidos na história da humanidade.

Resolvi, então, espalhar a miséria e relatar aqui alguns dos piores filmes que já vi. Pra tornar a tarefa mais massacrante e a experiência do leitor mais traumática, não vou pelo caminho fácil de citar filmes ruins famosos como O Ataque dos Tomates Assassinos e Plan 9 From Outher Space. Esses filmes viraram Cult e perderam seu lugar na galeria dos piores. Pois ruim mesmo são aquelas produções que, até quem gosta de filme ruim, acha ruim.

São eles, em nenhuma ordem em particular:

Starcrash – versão italiana de Star Wars. O momento mais bizarro do filme é, sem dúvida, quando uma mulher assassinada aparece vivinha da Silva na cena seguinte, em primeiro plano, por conta do erro de continuidade mais escroto de todos os tempos. Achei a cena no youtube! (veja abaixo).

Não vou fazer nenhum comentário sobre a coroa de minissaia, o bambolê e a perseguição de carros a 10km/h.

Troll 2 – Não vou colocar o link desse aqui porque procurar pelo filme faz parte da diversão. Vá até o Google, clique na barra vídeos e, no campo Pesquisar digite: OH MY GOOOOOOOOOOOOOOOOOOD! Isso mesmo – com 18 “Os”.

The Giant Claw – é claro que os efeitos especiais do final da década de 50, início da década de 60, não são lá grandes coisas, mas não é por isso que esse filme é ruim. É que na ânsia de fazer algo que não fosse nem macaco, nem inseto e nem dinossauro gigante, os caras inventaram um negócio que voa e é uma mistura de abutre, peru e uma vítima de incêndio. Giant Claw é o monstro mais tosco, mais absurdo, mais... Mais kitsch da história do cinema.

Detalhe bizarro: toda vez que alguém pede uma descrição do monstro no filme, as pessoas só dizem que ele é como um porta-aviões! Claro, claro. PUTA QUE P...

Nookie – esse filme é todo errado. Na tentativa de surfar na onda do ET, os produtores acharam que era só criar um alienígena feio e enrugado que o resto se ajeitava.

Eu não sei nem por onde começar. O ET tinha como característica o dedo que brilhava. O tal do Nookie tinha como característica o fato de que, quando chorava, seu nariz escorria torrencialmente. Nojento pra cacete.

Quer mais? No final do filme, quando tá tudo indo pra merda, o superdiretor da agência americana que captura o irmão do Nookie pergunta para o computador, uma das maiores inteligências artificiais já criadas pelo homem (de acordo com o roteiro do filme):

— O que devo fazer agora?

E o computador responde:

— Seja um palhaço! - (no original: be a clown!).

E continua a desgraça: a porra do Nookie vai a pé da África para os Estados Unidos (carregando um menino pelado e um macaco), e anda balançando os braços parecendo que tá cagado (igual a um teletubie), o filme era pra ser pra criança, mas tem um clima depressivo, sem contar que o irmão do coisinha é cruelmente torturado durante quase todo o filme. NADA, NADA faz sentido no filme.

Tem mais uma porção e todos valem à pena pesquisar no youtube se você estiver meio à toa: Canibal Girls, Kilma – Amazon Queen, Ator, etc.

Mas essa crônica ficaria incompleta sem duas referências: A série Os Bárbaros, dos irmãos gêmeos bombados que me fugiu o nome agora e Yor – o pior filme de que eu me lembro de ter realmente assistido.

A música de abertura do Yor é algo fantástico – a letra é totalmente surreal e sem sentido. O filme também tem uma sequência inacreditável: Yor usa um pterodátilo morto como asa delta dentro de uma caverna para resgatar a peituda do filme. Tudo feito com efeitos especiais de décima categoria – para a época! É uma das cenas mais famosas da história dos filmes ruins.

Tinha mais filmes ruins na lista, mas a verdade é que já adiei demais esse post. Se der tempo e a galera quiser, posto mais depois.

Os links que encontrei:
DeathStalker
http://www.youtube.com/watch?v=jNB9PdNmWrc

DeathStalker 2 – Sim , podem acreditar, essa porqueira teve uma sequência. As mulheres nuas e as cenas de violência praticamente garantiam a audiência – e o sucesso nas locadoras para os adolescentes.
http://www.youtube.com/watch?v=VhgvvOQ-dM8&feature=related

The Viking Queen
http://www.youtube.com/watch?v=BgSaGmNOYKI&feature=related

Troll 2 – OK, aqui vai o link:
http://www.youtube.com/watch?v=3NMGsRmZTFQ&feature=related

Starcrash – versão italiana de star wars
http://www.youtube.com/watch?v=kz1-_LcntNo&feature=related

The Giant Claw
http://www.youtube.com/watch?v=hOj0nXpRqX8

The Green Slime – A musiquinha da abertura é massa. E totalmente inapropriada.
http://www.youtube.com/watch?v=ivULHjlAW-Y&feature=player_embedded

Sword of the valiant – Sean Connery
http://www.youtube.com/watch?v=TW7B-UNWk4s

Ator
http://www.youtube.com/watch?v=s7uCgiB9xfw

The Barbarians – cena fantástica!!!
http://www.youtube.com/watch?v=V6BAd7xJuU0&feature=related

Phoenix – repararam na maluquinha de terno e gravata?????? (o filme é de fantasia)
http://www.youtube.com/watch?v=nki-UZO-YP4&feature=related

Canibal Girls – “Para evitar que pessoas de coração fraco passem mal durante a exibição deste trailer, nós tocaremos um sino na hora das cenas mais chocantes para que você feche seus olhos...” Precisa dizer mais alguma coisa?
http://www.youtube.com/watch?v=IYgIuRI4nTs&feature=related

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Dúvidas instigantes

Por que toda mulher chamada Peyton nos filmes americanos tem um peitão?
E, mais importante, por que eu acho isso engraçado pra caramba?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Licença para ser ruim 3





Connery topou fazer Zardoz porque precisava de grana e, vá lá, Sword of the Valiant poderia ter dado um filme razoável se a produção não tivesse tomado todas as decisões erradas, mas, meu Deus, por que diabos Connery topou fazer Highlander 2?

O primeiro filme foi um aclamado Cult e foi, finalmente, onde Connery achou um personagem interessante fora do perfil 007, mas, no segundo, as coisas desandaram.
Algumas curiosidades:
1. O filme é tão ruim que o diretor afirmou que o filme era péssimo na noite de estréia, saindo da sala de projeção depois de 15 minutos de exibição.
2. Cristopher Lambert ameaçou desistir do projeto, mas a multa contratual era muito grande e ele ficou.
3. Os imortais foram transformados em alienígenas do planeta Zeist (ou Zest, não lembro). Curiosamente, os nomes alienígenas de McLoud e Ramirez (os personagens de Lambert e Connery) eram McLoud e Ramirez!!!!!!
4. O filme foi todo montado errado, com cenas importantes cortadas e duas cenas de lutas de espada erroneamente fundidas em uma só, com o cenário e as armas dos personagens constantemente mudando.
5. O filme tem 4 versões, em diversas tentativas desesperadas de fazer a história colar. Em duas versões as referências ao Planeta Zest (ou Zeist) foram retiradas.
6. Nenhuma das quatro versões foi considerada para a continuação ou para a série de TV, que ignoram completamente a existência do episódio 2.
A culpa disso tudo? De acordo com o diretor, o fato do filme ter sido co-produzido por uma produtora argentina... Esses hermanos, hein?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Licença para ser ruim 2

Como prometido, mais do pior de Sean Connery.

Diz a lenda que, na época que foi convidado para fazer Zardoz, Connery estava na pindaíba e chegou até a dispensar o motorista que teria na produção para incluir metade do que seria o salário do cara no seu cachê.

É que Connery só recebia convites para papéis no estilo 007 e, como ele estava querendo se livrar do estigma do personagem, acabou ficando muito tempo sem trabalhar. Porém, Connery continuou sendo convidado a fazer papéis de espião, mesmo depois de Zardoz e até fez outra vez o 007!

Pra se livrar de vez do personagem, Connery teve uma idéia brilhante: fazer um vilão!

Em sua defesa, The Sword of The Valiant – The Legend of Sir Gawain and the Green Knight (1984) prometia ser uma espécie de superprodução de fantasia para a época e vários outros atores de nome foram arrastados para a roubada, como Peter Cushing e John Rhys-Davies. Além disso, o roteiro, baseado em uma das lendas da Távola Redonda, não poderia ser tão ruim, poderia?

Famosas últimas palavras.

O problema é que, por conta do sucesso de Conan, os roteiristas decidiram que tinham que incluir muitos elementos fantásticos na história, e a produção não deu conta de acompanhar essas idéias.

Entre as coisas mais bizarras estão um unicórnio de chifre flácido (parecia feito de maria-mole), o visual bárbaro-gay de Connery (com maquiagem de purpurina, capacete de chifre de veado e cabelos Elba Ramalho), a cena terrivelmente executada na qual Connery arranca a própria cabeça e põe de volta só pra mostrar que é fodão e uma série de erros de continuidade bizarros, incluindo o cabelo de Morgana Le Fey, que é um nas cenas de longe e outro nas cenas de perto.

Soma-se isso a um herói com cara de bobo (o infame Miles O'Keefe), uma trama desconjuntada, que tenta contar a história toda de Sir Gawain, mas acrescenta umas partes e remove outras e uma trilha sonora das mais infelizes e temos mais um filme bem ruinzinho estrelado pelo nosso Sean Connery.

Para ser justo, enquanto as histórias do Rei Arthur, Sir Tristão e Sir Percival eram carregadas de drama, tensão e tragédia, a história de Sir Gawain, nos contos da Távola Redonda, é mais leve e até bem-humorada, sem maiores complicações. "Desafiado por todos, derrotado por ninguém" era o slogan do nobre cavaleiro, mas, mesmo considerando esse espírito meio Indiana Jones do personagem, o filme é fraco.

Além disso, nada justifica o fato de que o filme não tem nenhuma mulher pelada (fato comum e corriqueiro nas diversas produções de Espada e Fantasia da época), especialmente porque a atriz principal é a lindíssima Ciryelle Clair.

Mas você, é claro, não precisa acreditar em nada disso que estou dizendo. É só seguir o link abaixo e ver o trailer do filme com seus próprios olhos.

http://www.youtube.com/watch?v=TW7B-UNWk4s

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Inception

A Origem é um Matrix dos pobres.

Note que isso não quer dizer que o filme seja ruim, porque Matrix é um filmaço, o que significa que até uma versão mais pobre dele pode render um bom filme.

Os atores estão bem, as cenas de ação são legais, os efeitos são bacanas, o filme tem ritmo, tem tensão, tem um bom clímax, mas Crsitopher Nolan perdeu uma oportunidade gigantesca ao copiar mais idéias que o necessário.

A maneira como os caras entram no mundo dos sonhos é igualzinho a entrar na Matriz: deitadinho na cadeirinha, os amuletos foram chupados de uma história do Alan Moore sobre viajem em sonhos, mas até aí tudo bem.

Nolan teve inclusive o cuidado de criar personagens anti-heróis: paranóicos, deprimidos, neuróticos, etc. Pra diferenciar dos super-heróis de Matrix, mas falhou ao querer imprimir realismo ao mundo dos sonhos, que ficou parecendo uma Matriz sem graça.

Caramba! Mundo dos Sonhos! Era a hora de soltar a imaginação e estourar o orçamento da computação gráfica! Cadê os peixes de chapéu? As paisagens etéreas? Os diálogos enigmáticos? O mundo dos sonhos de Nolan é tão real que reflete as propriedades físicas do plano físico (se alguém cai enquanto sonha o mundo do sonho fica sem gravidade! WTF?).

Pra ser sincero, Nolan conseguiu criar um universo coerente, com regras bem definidas, que ajudam a envolver o espectador, mas é um universo que me pareceu repetitivo e sem inspiração. Em Matrix, a idéia era apresentar um mundo real para depois desconstruí-lo gradativamente. O mundo de Nolan é desconstruído apenas para atender à trama para, logo em seguida, voltar a ficar realista.

Parece-me até que essa era a intenção, já que uma das idéias centrais do filme é que nem sempre é possível diferenciar o sonho da realidade. Meh. A idéia tinha espaço para mais ousadia e foi pouco aproveitada mesmo.

E Michael Caine deveria ganhar o Oscar de melhor ator subutilizado da história do cinema. Muitas vezes bons atores aparecem pouco em um filme porque seus personagens são importantes e a cena, embora curta, precisa ter impacto. As falas do Michael Caine no filme (todas as duas!) têm impacto zero e, inclusive, o personagem dele poderia ter sido facilmente removido na edição final do filme que faria pouca diferença.

Enfim, eu esperava mais. Ainda não é o filme de ficção moderno que vai substituir Matrix.

Um outro detalhe: O Leonardo DiCaprio não compromete, mas achei todos os outros atores melhores que ele no filme – inclusive o Michael Caine.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Licença para ser ruim

Qual a primeira coisa que passa pela sua cabeça quando você ouve o nome Sean Connery? Aventura? 007? Classe? Sofisticação? Pegador?

Do mentor imortal de Christopher Lambert em Highlander ao pai do Indiana Jones, passando pelo espetacular Malone, que lhe rendeu o Oscar em Os Intocáveis, Connery protagonizou papéis memoráveis e emprestou a todos eles uma classe e categoria muito próprias. É quase como se todos os personagens interpretados por ele se apropriassem um pouco do carisma de James Bond.

Todos?



A foto é do filme Zardoz, de 1973, escrito e dirigido por John Boorman, cineasta que já produziu e dirigiu filmes de todos os calibres, mas nada tão ruim quanto esse, eu garanto.

Por onde começar?

Bom, ver o Sean Connery de fraldão vermelho, cinto de bandoleiro, botinha de puta e rabo de cavalo (notem que nem falei nada do bigode) já é dose, mas o roteiro do filme é de lascar. Nos primeiros cinco minutos de filme acontece o seguinte: uma cabeça voadora gigante aparece e fala, sem a menor cerimônia: “A arma é boa. O pênis é ruim”. Daí a cabeça começa a cuspir um bando de armas e a galera que via a cabeça falar pega as referidas armas e se mata.

Sobra o Sean Connery, que se esconde em uma pilha de aveia e vai parar dentro da cabeça (porque a cabeça come aveia). Dentro da cabeça, que é uma nave espacial, moram imortais de pijama que torturam o nosso 007 psicodélico com cenas de sexo e, nas horas vagas, comem pão verde-limão.

O Sean Connery acaba matando os imortais (sim, ele mata os imortais) e descobre, não sei exatamente como, que o culpado de tudo é um computador. O Sean Connery então mergulha dentro do computador (num efeito especial de merda, a la Ed Wood) e rola uma batalha final na qual o interior do computador é representado por uma sala de espelhos.

Puta que pariu! Quem acompanha o blog sabe que raramente escrevo palavras de baixo calão, mas, antes de me censurar, dê novamente uma boa olhada na foto aí de cima.

Puta que pariu é pouco!

E você acha que Connery aprendeu a lição? Tem mais!

No próximo episódio do Ninguém Perguntou.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Avatar

Os americanos tem um certo tesão pela Pocahontas. Justificável se ela for mesmo mais ou menos como é mostrada nos filmes e desenhos, mas não é exatamente isso que eu queria dizer. Esclareço: quando Kevin Costner reviveu o conto do soldado estrangeiro que se apaixona pela cultura local (entenda-se por cultura uma índia suspeitamente gostosa) em Dança com Lobos, deu Oscar. Agora, em Avatar, James Cameron conseguiu garantir sua presença no Oscar com o mesmo enredo.

A falta de originalidade de Cameron vai além: reciclando a Sigourney Weaver e a cultura mariner de Aliens, com direito a um mech que lembra pra cacete a empilhadeira do referido filme.

Mas o filme é bom?

Achei o design meio cansativo. Os aliens azuis de Mass Effect (o videogame) são melhores. Além do fato de serem todos mulheres gostosas, em Mass Effect, os elementos culturais são mais criativos. Os N'avi de Cameron emulam em exagero uma cultura indígena, lembrando ainda mais a Pocahontas do primeiro parágrafo. Legal o fato do planeta todo ser uma entidade viva em simbiose com todas as suas criaturas, mas a idéia acaba sendo politicamente correta demais nessa época pós Al Gore pra estimular o meu cérebro Nerd.

Mas o filme é bom?

Não sei se os aparelhos do Cinemark não são lá essas coisas, mas o peido 3D do Shrek no filme que vi na Disney me impressionou mais. Ok, Ok, os efeitos são interessantes, mas, de novo, pouco criativos. A única cena que me arrepiou o cabelo da bunda foi uma tomada menor na qual o cara pega a tela transparente do computador e sai carregando ela pela sala. Muito bom! As naves voando, as explosões e as criaturas não me encantaram. Achei tudo tecnicamente muito bem feito, mas sem alma, sem agressividade, sem ousadia. Os bichos eram basicamente cavalos, lobos, dinossauros e pterodáctilos com mais dentes e a mesma paleta de cor. Os aliens de um Star Wars da vida são até menos coerentes, mas muito mais interessantes.

Mas o filme é bom?

Se tem uma coisa que me surpreendeu foi a atuação dos avatares dos atores, a versão digital dos caras. É uma animação muito bem feita e a gente até esquece que estamos vendo um cara que está interpretando um cara que está interpretando um cara. Entendeu? É um construto de computador simulando um ator que está simulando que está num construto genético. É uma metalinguagem que poderia até ser filosófica se o roteiro estivesse à altura.

Mas o filme é bom?

É, é, pode ir ver... Mas o marketing em torno dele é melhor e colocá-lo para concorrer ao Oscar de melhor filme entrega de cara o estado da indústria cinematográfica americana. Isso e o fato de, neste ano, o Oscar ter 10 indicações para o prêmio máximo. A continuar nesse ritmo, no ano que vem eles vão estar indicando os mais assistidos do Youtube!