Que a FIFA é meio burra ninguém duvida.
Primeiro falaram mal da organização do Brasil pra só depois
cair a ficha de que se a Copa aqui fosse um desastre continuaria sendo a Copa
da FIFA (como eles fazem questão de chamar agora). Então dá-lhe a enfiar
dinheiro por aqui e mudar o tom do discurso, mesmo que por baixo dos panos
fique aquele pensamentozinho: “se arrependimento matasse...”.
Depois faz jogos à uma da tarde, matando o bom futebol. Impede
que os filhos do Mondragon entrem em campo e outras trapalhadas. Claro que A
FIFA não decide nada. Quem decide são as pessoas que a representam em um ou
outro momento, com graus diferentes de culpa.
Mas culpa é uma coisa e responsabilidade é outra. A
responsabilidade continua sendo do órgão. Portanto, vamos continuar chamando o
vilão de FIFA.
Enfim, nenhuma dessas burrices se compara ao resultado do
julgamento do Zuniga, o jogador colombiano que quebrou o Neymar. A FIFA
declarou, entre outras coisas, o seguinte: “nenhum fato pode ser julgado em
função de suas conseqüências”.
Não sou jurista, mas a frase me parece absurda, pois, pra
mim, qualquer coisa só pode ser julgada em função das consequências. Praticamente
nada pode ser julgado em função só da intenção porque não podemos ler a mente
dos outros. Avaliar apenas a intenção é função do pai e da mãe, não do juiz.
Uma coisa é dar um tiro em alguém e errar, outra é acertar e
outra maior ainda é matar. A intenção, comprovada ou não, é agravo. Mas alguma
coisa tem que ser feita independente da intenção. Educar é avaliar a intenção.
Julgar é avaliar as consequências. Uma coisa é fazer merda, outra coisa é fazer
merda e detonar a vida dos outros.
Tenho certeza absoluta que o Zuniga não teve intenção de
tirar o Neymar da Copa. Mas tirou. Com uma falta covarde, de força desproporcional,
já que muito pior que uma cotovelada é uma joelhada, pois, não sei se repararam,
o jogador de futebol tem muito mais força na perna que no braço. Uma joelhada
nas costas é algo que não tem como ser “de jogo”. Uma coisa é, em uma bola
dividida, um jogador, sei lá, quebrar a perna. Nesse caso a conseqüência é
realmente imprevisível, mas a falta do Zuniga foi um ato exagerado, no mínimo
impensado. Tão errado que o próprio jogador pediu desculpas.
Não quero crucificar o Zuniga. O cara não precisa levar
punição de nove jogos e ficar seis meses sem jogar. Mas uma multa, uma punição
de três jogos, um dedinho na cara dizendo que, se fizer de novo fica de
castigo. Qualquer coisa.
Mas a FIFA não está muito interessada em ser rigorosa e
justa. Ou, no mínimo consistente, se considerarmos o caso do mordedor Suarez. E, confesso, eu também não estaria se não estivesse nem aí pras consequências
do que eu faço.