Foi com olhar longínquo e sôfrego que
Melissa largou-se cambaleante nos braços maliciosos de James. Bastou apenas
este gesto lânguido para que o jovem aristocrata de sangue voluptuoso soubesse
a verdade, mesmo que trêmula e inquieta : nenhum adjetivo poderia descrever
corretamente aquela situação.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Contando os centavos
Dinheiro é, em tese, a coisa mais importante do mundo.
Países sem dinheiro vivenciam quase que literalmente o apocalipse diariamente,
com a fome, a peste, a guerra e a morte sempre presentes.
Pessoas sem dinheiro vivem em situação precária e, na
maioria das vezes, não têm condições de buscar as realizações tão necessárias
para aquele negócio chamado felicidade.
Dito isso, existe um ponto no qual o dinheiro deixa de ser
importante, de forma inversamente proporcional: quanto mais dinheiro nós temos,
menos importante ele é.
O problema é que o ser humano comum tem dificuldade de
perceber esse ponto. Não passar fome e ter onde morar parece ser o básico, mas
já conheci pessoas que passaram necessidades pesadas e nem por isso deixaram de
ser felizes e realizadas.
Dinheiro pra viajar e conhecer novos lugares e pessoas
também é importante, mas já vi gente que nunca saiu da cidade onde nasceu e não
parece se importar nem um pouco e... Bom, você já viu onde quero chegar: este
ponto indefinível em que ter mais ou menos dinheiro não tem tanta importância
assim é um alvo móvel, subjetivo, fortemente influenciado pela cultura e psicologia
do sujeito (ou sujeita, como queiram).
Mas o mais importante do dinheiro não é ter-lo – é saber
como gastá-lo. O acúmulo de dinheiro a La Tio Patinhas só pode ser visto como obsessão
e é um beco sem saída. O aproveitamento do seu dinheiro (pouco ou muito) é a
chave para transformá-lo em uma ferramenta de felicidade.
Gastar 40 reais em uma conta de boteco pode ser um
investimento melhor que 400 em um restaurante mais fino, aonde até as batatas
vêm de nariz empinado para a mesa e o garçom te olha com desdém e enfado.
E se endividar para realizar um sonho pode ser uma idéia muito
menos maluca do que aparenta.
Não estou incentivando ninguém a queimar a poupança pra
andar de lhama no Nepal e nem a freqüentar ambientes questionáveis cheios de
alegria e comidas com colônias de bactérias, estou só dizendo que, às vezes,
pra equilibrar a vida, é preciso desequilibrar nossas economias.
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Adivinha qual dos dois tem muito dinheiro... |
domingo, 11 de agosto de 2013
O que estou prestes a fazer é algo para o qual não tenho a
menor qualificação: dar um conselho. Na verdade, dois.
Sim, eu sei que todo mundo que já viveu um tanto tem, em
tese, algum tipo de experiência para compartilhar. Mas o fato de ter a
experiência não significa que vamos interpretá-la corretamente e, provavelmente,
sua experiência de vida não terá uma aplicação prática na minha, pelo simples
fato de sermos pessoas diferentes, com passados diferentes, em locais
diferentes, cercados por um ambiente diferente.
Por isso que todo livro de auto-ajuda é, no máximo uma
inspiração e, possivelmente uma enganação.
O básico discurso do “acredite em você mesmo e não desista
nunca” fez um simplório americano mergulhar na miséria, perder a família e
jogar fora vinte anos de sua vida na tentativa de colocar no mercado o seu jogo
“speedball”, que nada mais é que um air hockey bem piorado.
Então aqui vai o meu primeiro conselho: preste atenção no
contexto em que as coisas acontecem. Isso vai possibilitar que você interprete
as experiências de vida que são passadas a você através de filmes, livros,
conversas, sermões. Isso vai permitir que você consiga entender melhor o que
pode e o que não pode funcionar pra você.
Meu segundo conselho tem a ver com dinheiro – e vai ficar
para a próxima crônica.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Águas Paradas
Às vezes me pergunto onde foram parar as coisas que me animavam
a escrever para o blog. A pergunta é, obviamente, uma tentativa de fuga, pois
nada mudou com o mundo, que continua cheio de coisas estranhas e estapafúrdias.
O problema é obviamente comigo. Especialmente se o leitor
atentou para o fato de que, ao me perguntar coisas, estou basicamente falando
sozinho, o que nunca é um bom sinal.
Acho que meu cinismo finalmente evoluiu a ponto de criar uma
aura protetora e nada mais me impressiona. Ou estou ficando velho e saudosista,
achando que não se fazem mais coisas como no meu tempo, mesmo que essas coisas
sejam esquisitices a serem comentadas em um blog de segunda categoria.
Por exemplo, filmes. Nada no novo filme do Super-homem me
motivou a cutucar o teclado. Tá legal, o Super-homem mata e o filme tem um
filtro cinza permanente, mas no meu tempo, o remake do Super-homem era ruim pra
valer e tinha uma cota de efeitos especiais dedicada a esconder o pinto do
protagonista. Muito mais interessante.
Política: A Dilma faz lá suas trapalhadas, mas eu cresci
acostumado a criticar o Lula! O barbudo de caráter impermeável que só falava
bobagens e era cercado de escândalos peculiares como o caso do dinheiro na
cueca, filme pirata na videoteca do Planalto e contratos milionários com
empreiteiras patrocinando a firma de jogos para celular do próprio filho (que,
ao que me consta, não sei se chagou a produzir algum jogo).
Até as manchetes sensacionalistas não são mais as mesmas.
Legal saber que tem gente pensando em fazer implante de silicone em papagaios,
mas no meu tempo tínhamos gatos que ligavam pra polícia e cachorros com diploma
universitário.
Música ruim: o funk das poderosas é uma merda, claro. Mas
você quer mesmo comparar com a música Colostro, da Marli? E que graça tem em
sacanear o One Direction se as próprias adolescentes maníacas pelo grupo
concordam que eles são bem viadinhos mesmo?
Mas não me iludo. Sei que por mais cético ou saudosista que
eu seja, o ser humano ainda vai conseguir me impressionar novamente. Na arte de
fazer merda a gente sempre se supera.
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A calmaria antes da tempestade. E pra passar o tempo: você consegue ver o golfinho? |
quinta-feira, 16 de maio de 2013
Vida inteligente em lugares inesperados
Desde a última vez que escrevi por aqui assisti a alguns
filmes - e ainda bem, já que a última vez que escrevi foi há alguns meses
atrás. Mas o que impressiona é que alguns desses filmes foram bons, mesmo
quando tinham tudo para não ser.
Mas três em particular me chamaram a atenção.
O primeiro foi Compliance, que é bom mesmo, mas muita gente
não vai conseguir ver até o final porque incomoda. Não vou falar muito mais pra não estragar,
mas só sei que foi confirmada minha desconfiança de que devemos tomar cuidado
com frases do tipo: “Só estava cumprindo ordens”, “Não havia nada que eu
pudesse fazer a respeito” e “Eu fiz o que
qualquer outra pessoa faria no meu lugar”. Se alguma dessas frases passarem por
sua cabeça, preste bastante atenção no que você está fazendo ou prestes a
fazer: a chance de ser uma merda muito grande é alta.
Os outros dois filmes não tenho coragem e chamar de bons,
mas eu gostei. Não vejo nenhum problema em gostar de coisas ruins sabendo que é
ruim. É um guilty pleasure. Gostar de coisa ruim achando que é bom é que é
complicado. Nesse caso, é falta de cultura mesmo.
Um deles é o Wrong Turn, um filme slasher que põe um grupo
de jovens tentando sobreviver na selva fugindo de um grupo de canibais
mutantes.
O outro é o A Lonely Place to Die, um filme slasher que põe
um grupo de jovens tentando sobreviver nas montanhas fugindo de dois seqüestradores
psicopatas.
Eu gosto de filmes slasher: peitos de fora e pessoas
morrendo de forma criativa, e possivlemente muito humor negro. Mas esses dois
filmes me surpreenderam muito e tornaram toda a experiência muito mais
recompensadora e tensa.
Pelo simples fato de que os jovens em questão não são
idiotas. Eles só se separam quando faz sentido se separar (eu consigo descer a
montanha só no braço e você, não), eles chamam a polícia no primeiro momento
possível, eles entendem rapidamente o que está acontecendo e o perigo que estão
correndo, fogem quando vêem uma oportunidade e atacam quando acuados, a
prioridade do grupo é ficar em segurança e não “investigar” o que está
acontecendo.
Foi uma das primeiras vezes em minha vida (e nisso incluo
até filmes clássicos como Aliens) que me faço a pergunta: o que eu faria no
lugar desses caras?- e a resposta foi um
surpreendente: “Exatamente o que eles estão fazendo!”. E isso é difícil de
acontecer em qualquer tipo de filme, até nos bons!
Empolgado, fui assistir a Wrong Turn 2 e não obtive o mesmo
resultado: o filme tem bastante gente burra.
Não se pode ganhar todas. Mas ainda assim o filme é ruim o suficiente
pra ser bom.
Infleizmente, não existe um A Lonely Place to Die 2... Mas agora fiquei curioso, será que tem mais filmes slasher por aí com proitagonistas inteligentes? Vou atrás e qualquer coisa, aviso por aqui.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Os opostos se atraem... ou não
Durante muito tempo acreditei que religião e ciência eram opostas.
Pólo negativo e pólo positivo (não vou dizer qual é qual). Isso, claro, é uma
grande bobagem.
Religião e ciência têm lá suas divergências, mas, no fundo,
as duas estão tentando fazer a mesma coisa: explicar e sistematizar o universo.
O verdadeiro oposto da religião e da ciência é arte. O
epicentro da arte somos nós, os banais seres humanos. Religião e ciência giram
em torno do universo, da metafísica, Deus e tudo aquilo que, em geral, é muito
maior que nós.
No fim das contas, a religião e a ciência nos diminuem, nos
fazem sentir como mais uma peça na engrenagem, mais uma ovelha no rebanho. A arte individualiza, valoriza a visão única
e egocentrada, nos torna indivíduos.
Religião e ciência estão preocupadas em explicar o que não
conseguimos entender, a arte quer desafiar a nossa compreensão das coisas.
Se você parar pra pensar, é a aparentemente inútil arte que
realmente valoriza o ser humano, é o que nos motiva a bater palmas para nós
mesmos, a se admirar com nós mesmos, a se impressionar com nós mesmos.
A ciência nos ensina que somos ínfimos, um grão de areia no
universo e que tudo vai acabar. A religião valoriza o amor, mas na maioria das
vezes o amor é um presente de Deus, a vida é uma dádiva de Deu, nossas
realizações acontecem graças a Deus (ou a outra força misteriosa). De acordo
com a religião, nada é nosso – já nascemos devendo.
A arte premia nossa individualidade, nosso lado competitivo,
nosso instinto de superação. Mesmo que você não seja um artista, quantas vezes
você já sorriu e se inspirou com um filme ou um livro? Ou se impressionou com
os dribles do Garrincha (sim, se balé é arte, futebol também é).
Essa história toda me vaio à cabeça enquanto assistia ao
Oscar ontem à noite. Aquele povo todo se empetecando, se aplaudindo, se
premiando e se congratulando no mesmo dia em que cientistas descobriram mais
uma evidência de que o universo vai mesmo acabar daqui a alguns bilhões de anos.
A arte está pouco se fodendo pro universo.
Outra coisa que me ocorreu é que preciso muito ver esse filme: Beasts of the Southern Wilds |
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