Não é de hoje que a elite ocidental vem roubando idéias do
oriente, dos irmãos mais pobres e, na falta de alvo melhor, até uns dos outros.
Não estou falando aqui de inspiração, como no caso de Sete
Homens e Um Destino (inspirado em Os Sete Samurais), na qual a idéia original
está lá, mas com uma cara nova o suficiente pra ter seus próprios méritos, mas
de pegar uma idéia e usar ela praticamente na íntegra, de forma meio
desavergonhada mesmo. O plágio.
Harry Potter e Os Livros da Magia, Paulo Coelho e Carlos
Castanheda, O cara da Vida de Pi e o livro do brasileiro que me fugiu o nome,
Jogos Vorazes e Battle Royalle e por aí vai.
Com tanta gente pegando idéias dos outros impunemente, me
espantou a honestidade do Aronofsky. Em Réquiem para um Sonho e Cisne Negro ele
copiou deslavadamente cenas, idéias, conceitos e diálogos do Anime japonês
Perfect Blue (de 1998, salvo engano), mas pagou por isso. E adiantado!
Aronofsky comprou os direitos do filme para poder copiá-lo
com toda propriedade, com a moral e a lei ao seu lado. Foi esperto, pois o
anime é sensacional, um exercício de onirismo e delírio, muito melhor que Cisne
Negro (com exceção da Natalie Portman lésbica).
O diretor, se não foi criativo, foi de uma honestidade
admirável!
Mas, aproveitando o assunto, se você não assitiu a Perfect
Blue, pare de ler essa porcaria e corra atrás do filme (de preferência a edição
sem censura). Ele é um dos mais perfeitos filmes do gênero mind fuck, com o
apelo adicional de apresentar um final bem interessante (normalmente esses
filmes mind fuck nem o diretor nem o roteirista tem noção de como encerrar a
merda que começaram).
Minha reação ao terminar de assistir ao filme foi a de que
havia acabado de consumir uma boa história. Meia hora depois eu ainda estava
viajando na direção de arte e trilha sonora. Uma hora depois eu comecei a
desconfiar de que a história principal não era bem a que eu achei que era. Duas
horas depois eu estava vendo o filme de novo.