Alguns filmes, apesar de serem bons, não são memoráveis – ou escapam de ser espetaculares por pouco. Uma fotografia comportada demais, diálogos formulaicos, um ator desinteressado ou uma história trivial podem ser fatores decisivos para que o filme troque a glória pela mediocridade. O terceiro capítulo da saga de O Poderoso Chefão é um dos exemplos mais famosos desse tipo de filme. A presença da Sophia Coppola no elenco quebra o ritmo e a credibilidade das cenas, deixando-o bem abaixo do patamar dos dois primeiros capítulos. É um bom filme, concorreu ao Oscar e tudo, mas está longe de ser obrigatório, por causa de muito pouco.
Mas o mais interessante é que o inverso pode muito bem acontecer. Filmes medíocres ou razoáveis que, por causa de uma cena ou diálogo, ou uma música marcante, ou uma brilhante atuação, ganham status muito superior ao que seria normal. Para continuar pegando no pé da Sophia Coppola, cito o exemplo de Lost in Translation. Graças a uma atuação simplesmente brilhante de Bill Murray, o filme chato, lento e sem final de Sophia virou um programa imperdível, a ponto de alçá-la à categoria de diretora respeitável.
Esse assunto me veio à mente porque ontem assisti a Diamante de Sangue, com o Leonardo diCaprio e o Djimon Hounsou (esse tive de conferir a grafia do nome na Internet), um filme legalzinho, mas meio esquizofrênico, mistura de filme de ação com denúncia social. Um bom programa que teve sua qualidade elevada por uns três ou quatro diálogos mais inteligentes que o normal e pelo momento que marca a virada de caráter do personagem de DiCaprio, pontuado pela seguinte frase: "meu coração me diz que as pessoas são inerentemente boas, mas minha experiência sugere o contrário".
Falar mais é estragar o prazer de ver o filme, mas que achei a frase brilhante, achei.
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