terça-feira, 17 de julho de 2007

Nacionalismo

Não dá para escrever muito sobre a discussão anterior porque senão ninguém lê, mas é claro que muitos argumentos ficaram de fora. Um deles é o de que a vaia ao Lula, no momento da abertura dos Jogos Panamericanos, poderia ser considerada uma atitude antipatriótica, que não era o momento adequado para esse tipo de manifestação, etc.
Bem, se a manifestação teve efeito, o momento foi adequado – se a própria manifestação foi adequada aí é outra discussão.
Mas também não achei falta de respeito com o país, não. O Presidente da República não é nem a Bandeira e nem o Hino Nacional, não é um símbolo do País (no sentido monolítico da coisa). Ele é o representante eleito do povo e acho que o povo irá respeitá-lo na medida em que considerá-lo digno desse respeito.
A Bandeira não planta a estrela do PT no jardim doado pelo Imperador japonês. O Hino não ajuda o filho a conseguir patrocínios de órgãos governamentais. O Presidente erra, o presidente é passível de impeachment, o presidente pode ser criticado – em público, inclusive.
A bandeira é um símbolo nacional. O presidente pode ser motivo de orgulho ou vergonha nacional dependendo de suas atitudes. Fingir que está tudo bem com o país enquanto recebemos a visita de delegações estrangeiras parece muito com um raciocínio do próprio Lula, revelado em pronunciamento na Estação de Tratamento de Óleo Fazenda Alegre, da Petrobrás, em fevereiro de 2005:

“Eu lembro de um momento, logo no início do governo, quando um alto companheiro meu, de uma função muito importante, veio prestar contas de como ele tinha encontrado a instituição em que estava trabalhando. E ele me dizia simplesmente o seguinte: “A nossa instituição está quebrada. Estamos falidos. O processo de corrupção que aconteceu antes de nós foi muito grande. Algumas privatizações que foram feitas em tais lugares levaram a instituição a uma quebradeira”.
— Eu disse ao meu companheiro: “Olha, se tudo isso que você está me dizendo é verdade, você só tem o direito de dizer para mim. Aí para fora você fecha a boca e diga que a nossa instituição está preparada para ajudar no desenvolvimento do país”.

O certo, então, era esperar acabar a abertura, todo mundo pegar um avião na segunda e ir vaiar o Lula lá no Planalto, dentro do gabinete dele – e bem baixinho.

E, por falar no Brasil bem representado, clique no link abaixo para relembrar pérolas como “O Atlântico é um rio caudaloso” e “A Nigéria e o Brasil são os dois países com o maior número de afro-descendentes do mundo”, dentre outras.
http://www.puggina.org/gafes/index.php?&pageNum=1

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