A discussão é longa e, obviamente, não tenho respostas, mas tenho algumas opiniões a respeito que agora divido com vocês atendendo a demandas. O tema é, claro, a legalização das drogas.
Estes são os argumentos mais comuns de quem defende a legalização:
1. O crime organizado ficaria desestruturado, pois não teria mais o dinheiro do tráfico. Bobagem. O crime organizado teria que, no máximo, se readaptar. Tênis, CDs e DVDs são objetos legalizados e a indústria de produtos piratas com estes itens é imensa. Ora, a indústria de produtos piratas é ainda maior que a do narcotráfico, movimentando cerca de 500 bilhões de dólares ao ano (contra mais ou menos 300 bi). Continuariam existindo drogas ilegais e rastreá-las seria ainda mais difícil. Pior – poderíamos estar oferecendo uma saída legal para quem já explora o tráfico por anos. Pior ainda: estaríamos abrindo uma janela de oportunidade para empresas que gostariam de explorar jovens e crianças, assim como faz a indústria de tabaco (veja o site http://www.thetruth.com/).
2. O corpo é meu e posso fazer o que quiser com ele, certo? Infelizmente, não. Apesar do corpo ser seu, você não pode masturbar-se em público e nem mesmo andar pelado por aí. Você não pode nem ouvir música alta depois das dez da noite. Por outro lado, você pode fazer greve de fome e furar os próprios olhos se quiser. Você pode fazer umas coisas e outras não. O limite é determinado pelo grupo ao qual você pertence – a sociedade. Na minha opinião, comprar drogas altamente viciantes seria favorecer o crime. E não apenas o crime organizado. Se alguém te vende um apartamento que não existe, isso é crime, vender uma ilusão é crime – se você conseguir provar que foi iludido. Existe uma linha ética tênue sobre quais seriam os reais motivos para alguém oferecer ou comprar drogas. São produtos que não trazem benefício algum ao usuário e contribuem para o processo auto-destrutivo do ser humano que, convenhamos, não precisa de mais ajuda. As drogas atualmente legalizadas já fazem um bom estrago. Não sou inocente a ponto de achar que tenhamos que banir o álcool e o cigarro. São produtos já institucionalizados e o homem, não sei porquê, parece precisar de vícios. Ninguém – salvo algum monge budista exemplar – vive a vida sem comprometer, por opção própria, sua saúde (seja pulando de pára-quedas ou transando sem camisinha ou comendo bacon ou cheirando cocaína), mas acho importante que tenhamos, em algum ponto, um limite.
3. As pessoas vão continuar usando drogas da mesma forma, só que hoje correm risco de morte para consegui-las. Se tivessem acesso a uma farmácia... Bem, é verdade que ter que subir o morro para conseguir a droga é perturbador, mas é muito mais uma questão psicológica. O morro é um lugar relativamente seguro para o usuário (ninguém quer perder um cliente). Além disso, com drogas como heroína e cocaína, o risco de morte existe de qualquer forma. Além disso, já fiz algumas entrevistas em colégios e, embora o número de adolescentes que têm acesso a drogas seja alto, ainda é expressivo o número de pessoas que nunca tiveram contato por falta de oportunidade ou medo de se envolver em algo ilegal. Legalizar as drogas só aumenta a distribuição.
4. As doses obtidas em uma farmácia seriam controladas. Certo... Assim como conseguimos controlar as doses de cigarro, álcool, pílulas para dormir e antianciolíticos que as pessoas tomam. Além do mais, a droga pirata vai estar aí justamente para preencher essa lacuna.
Sinceramente, não prego a existência de uma sociedade virtuosa que seria, convenhamos, bastante chata, mas defendo a existência de limites, que podem parecer chatos, mas a verdade é que nos ajudam a viver mais e melhor. Os limites que definimos para nós mesmos tendem a ser egoístas e pouco objetivos (assista Dogville). A maioria das pessoas que conheço a favor da liberação são ou foram usuários (ou usam eventualmente), assim como a maioria das pessoas que conheço que são contra são caretas (ou tiveram experiências traumatizantes).
Defendo um meio-termo. Deixem as que já estão aí, melhorando o controle e as informações sobre o uso, acrescente a maconha e alguma outra coisa menos viciante (não sei se existe), mas deixe as com potencial de destruir vidas de forma fulminante de fora. Já basta o álcool.
Estes são os argumentos mais comuns de quem defende a legalização:
1. O crime organizado ficaria desestruturado, pois não teria mais o dinheiro do tráfico. Bobagem. O crime organizado teria que, no máximo, se readaptar. Tênis, CDs e DVDs são objetos legalizados e a indústria de produtos piratas com estes itens é imensa. Ora, a indústria de produtos piratas é ainda maior que a do narcotráfico, movimentando cerca de 500 bilhões de dólares ao ano (contra mais ou menos 300 bi). Continuariam existindo drogas ilegais e rastreá-las seria ainda mais difícil. Pior – poderíamos estar oferecendo uma saída legal para quem já explora o tráfico por anos. Pior ainda: estaríamos abrindo uma janela de oportunidade para empresas que gostariam de explorar jovens e crianças, assim como faz a indústria de tabaco (veja o site http://www.thetruth.com/).
2. O corpo é meu e posso fazer o que quiser com ele, certo? Infelizmente, não. Apesar do corpo ser seu, você não pode masturbar-se em público e nem mesmo andar pelado por aí. Você não pode nem ouvir música alta depois das dez da noite. Por outro lado, você pode fazer greve de fome e furar os próprios olhos se quiser. Você pode fazer umas coisas e outras não. O limite é determinado pelo grupo ao qual você pertence – a sociedade. Na minha opinião, comprar drogas altamente viciantes seria favorecer o crime. E não apenas o crime organizado. Se alguém te vende um apartamento que não existe, isso é crime, vender uma ilusão é crime – se você conseguir provar que foi iludido. Existe uma linha ética tênue sobre quais seriam os reais motivos para alguém oferecer ou comprar drogas. São produtos que não trazem benefício algum ao usuário e contribuem para o processo auto-destrutivo do ser humano que, convenhamos, não precisa de mais ajuda. As drogas atualmente legalizadas já fazem um bom estrago. Não sou inocente a ponto de achar que tenhamos que banir o álcool e o cigarro. São produtos já institucionalizados e o homem, não sei porquê, parece precisar de vícios. Ninguém – salvo algum monge budista exemplar – vive a vida sem comprometer, por opção própria, sua saúde (seja pulando de pára-quedas ou transando sem camisinha ou comendo bacon ou cheirando cocaína), mas acho importante que tenhamos, em algum ponto, um limite.
3. As pessoas vão continuar usando drogas da mesma forma, só que hoje correm risco de morte para consegui-las. Se tivessem acesso a uma farmácia... Bem, é verdade que ter que subir o morro para conseguir a droga é perturbador, mas é muito mais uma questão psicológica. O morro é um lugar relativamente seguro para o usuário (ninguém quer perder um cliente). Além disso, com drogas como heroína e cocaína, o risco de morte existe de qualquer forma. Além disso, já fiz algumas entrevistas em colégios e, embora o número de adolescentes que têm acesso a drogas seja alto, ainda é expressivo o número de pessoas que nunca tiveram contato por falta de oportunidade ou medo de se envolver em algo ilegal. Legalizar as drogas só aumenta a distribuição.
4. As doses obtidas em uma farmácia seriam controladas. Certo... Assim como conseguimos controlar as doses de cigarro, álcool, pílulas para dormir e antianciolíticos que as pessoas tomam. Além do mais, a droga pirata vai estar aí justamente para preencher essa lacuna.
Sinceramente, não prego a existência de uma sociedade virtuosa que seria, convenhamos, bastante chata, mas defendo a existência de limites, que podem parecer chatos, mas a verdade é que nos ajudam a viver mais e melhor. Os limites que definimos para nós mesmos tendem a ser egoístas e pouco objetivos (assista Dogville). A maioria das pessoas que conheço a favor da liberação são ou foram usuários (ou usam eventualmente), assim como a maioria das pessoas que conheço que são contra são caretas (ou tiveram experiências traumatizantes).
Defendo um meio-termo. Deixem as que já estão aí, melhorando o controle e as informações sobre o uso, acrescente a maconha e alguma outra coisa menos viciante (não sei se existe), mas deixe as com potencial de destruir vidas de forma fulminante de fora. Já basta o álcool.
Obrigado pelo texto. Estava curioso para saber o que voce pensava sobre isso. No entanto (sempre existem "nos entantos" nesses assuntos!), comparar uso de droga com nudez ou masturbação publica não vem ao caso, pois poderia usar a droga que eu quiser em casa. Ou seja, o critério segundo o qual divimos o que pode-se fazer em publico e o que deve-se fazer na privacidade do lar poderia facilmente aplicar-se ao uso das drogas, se fosse o caso. E mesmo assim, nao me parece evidente que fumar maconha em publico (numa praça, num parque, por exemplo) seja um escandalo tao aboninavel e obsceno assim... Podemos discutir.
ResponderExcluirOra, se eu escolho fumar maconha ou cheirar cocaina na minha casa, nao estaria ofendendo a moral publica. Assim como posso andar pelado e masturbar-me em casa, se eu quiser. Mais: posso andar pelado em publico, numa praia nudista, e masturbar-me em publico, num clube erotico... A comparação mostra-se assim, não somente embaçada, mas absurda, pois ela não é sobre o uso de droga em si, mas o local onde esse uso poderia ou nao acontecer, o que é outra questão. Seguindo esse argumento, proibamos também a nudez (tomaremos banho vestidos?) e a masturbação (abriremos mais hospicios, um em cada esquina!).
O mais grave é que falta ainda o critério segundo o qual julgaremos quais drogas legalizar, quais drogas proibir, para estabelecer esse famoso "meio termo". A minha pergunta foi essa, sobre o critério. A ausencia de resposta sobre essa questão (a principal questão) explica-se pelo simples fato de que não existem tais critérios. Droga é droga, e essa categoria de substância inclui tabaco e alcool (e, dizem, a cafeina!). A unica maneira de aceitar a legalidade dessas "instituições" é de abandonar todo principio, e adotar o ponto de vista subjetivo de cada um. Inutil de lembrar que sobre esse ponto de vista, é impossivel de estabelecer qualquer critério que pretenda a alguma validade argumentativa visando a elaboração de leis. Estamos no terreno da opinião pessoal, no melhor dos casos, e do completamente arbitrario, no pior. Felizmente, as leis nao são elaboradas sobre opinioes pessoais, mas sobre principios e critérios legais, e como tais, objetivos (não subjetivos, ao menos teoricamente). Para construir um critério legal suscetivel de regulamentar esse problema, é preciso recorrer a um principio segundo o qual poderiamos, visando uma objetividade, separar o joio do trigo (ou a maconha da heroina). O unico critério do qual dispomos, nesse assunto (que eu tenha conhecimento), é o critério que separa o que é droga do que não é droga. Ou seja, proibem-se todas, ou nenhuma. A impossibilidade objetiva de chegarmos a um "meio termo" resulta diretamente desse critério, que não deixa espaço para escolher algumas drogas e excluir outras, pois não existem "meia-drogas" ! Trata-se de uma logica estritamente binaria: o espaço entre os termos é completamente vazio.
Para concluir o que ja durou mais que previsto, deixo claro: sou contra o uso de drogas. Aprendi a fumar, e foi a mair besteira que eu ja fiz.
Mas devemos separar opinião pessoal, que gerencia o que cada um vai fazer da sua propria vida, e regras de sociedade, que gerencia a vida de todos. Eu nao gosto de alcool, mas não posso, baseado (!) nesse gosto pessoal, pretender estabelecer uma regra para a sociedade. O problema é que, no processo de separação entre gosto pessoal e regra geral, devemos, as vezes, aceitar como "legal" algo que pessoalmente desaprovamos.