sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Gravidade

Depois de uma certa idade (cada vez mais reduzida) ninguém mais tem dúvidas sobre de onde vêm os bebês. Sexo, certo? Pois aí é que você se engana.
Sexo é apenas uma ferramenta. Fundamental e, em se tratando de ferramenta, uma das mais interessantes, mas não passa disso: uma chave-de-fenda (sem trocadilhos). E, se a gente parar para pensar, sexo não é nem mesmo fundamental, está aí a inseminação artificial para provar.
Outra prova de que sexo é apenas uma ferramenta é que ele pode ter outras aplicações, além de produzir bebês, assim como uma chave-de-fenda pode ser usada, por exemplo, para arrombar a porta dos fundos (sem trocadilhos). É só uma questão de criatividade.
Mas, então, de onde vêm os bebês? Ora, do nosso instinto de preservação. Um bom banho e roupas de marca podem enganar por um tempo, mas, no fim do dia, somos todos animais.
O humano heterossexual feminino médio está, desde a adolescência, preparado para procriar. Mas fatores ambientais como o custo de vida e comportamentais, como a farra com os amigos, os estudos e a opinião dos outros, impedem que o instinto tome conta do indivíduo.
Qualquer gravidez durante este período pode ser classificada como acidente, irresponsabilidade, safadeza ou falta de luz, dependendo da área geográfica e do círculo de convivência do espécime.
A partir dos dezoito, o instinto começa a ocupar seu espaço e atinge seu ápice aos trinta. Nessa idade, a fêmea humana que ainda não procriou se torna extremamente agressiva e passa a ser uma das criaturas mais perigosas da face da Terra. Se não estiver casada, vai casar e, se não estiver grávida, vai ficar. A opinião do macho não interessa.
E, por falar no macho, é justamente neste mesmo período que ele está mais vulnerável, ao perceber que está deixando para trás o auge de seu vigor físico. A fêmea sente o cheiro dessa insegurança a quilômetros de distância e parte para a ofensiva com roupas decotadas, marquinha de biquíni, streap tease, a disposição para realizar fantasias e até, veja o ponto em que as coisas chegam, com diálogo. Daí para transar sem camisinha é um pulo.
Os bebês nascem porque são necessários. Todo o resto, os ritos, o sexo, o romantismo - tudo é acessório para garantir a preservação da espécie. Curiosamente, uma vez que o filhote é concebido, o instinto acomoda-se, passa para segundo plano e uma outra coisa, ainda inexplicável para a ciência, toma seu lugar.
Alguns chamam essa outra coisa de amor, mas quem tem um filho sabe muito bem que não existem palavras para descrever o sentimento que toma conta da gente.

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