Da Série As Aventuras de Múcio Bortolini (o nome verdadeiro dele não é esse)
Múcio Bortolini (o nome verdadeiro dele não é esse) estava ficando velho. Tinha jogado futebol na tarde de domingo e o resultado foi uma segunda-feira de agonia e sofrimento. Sabia que seus músculos não conseguiriam se recuperar sozinhos e que para livrar-se da dor teria que recorrer a um especialista.
Mencionou, a um colega de trabalho, que estava procurando uma boa massagista. O amigo prontamente indicou a Neusa, uma japonesinha (a JapoNeusa!)de um metro e meio que entendia de massagem, acupuntura, cinesiologia, sacanagem e kung-fu. Só não entendia bem o português, como o Múcio pode comprovar na hora de marcar a consulta. O telefonema demorou mais de uma hora só para acertar o horário, o endereço Múcio perguntou para o amigo.
A Neusa atendia em casa mesmo. Um quarto-e-sala modesto, mas arrumadinho. Quando Múcio chegou, a televisão estava ligada a todo volume e a japonesinha o atendeu à caráter, vestida só de quimono. Com um gesto de cabeça pediu para que ele entrasse. Múcio tentou ser educado:
— Boa tarde. Eu...
A japonesa interrompeu-o bruscamente, gritando:
— Tila tudo!
— Como?
Ela apontou para as roupas de Múcio e repetiu:
— Tila!
— Tirar tudo? Até a cueca?
Ela não se abalou. Respondeu, ainda gritando:
— Se quelê lelax, tila cueca. Se não quelê, não tila.
— Lelax?
Neusa foi mais específica:
— Você quelê que eu mexe no passalinho? Se quelê, pinto pla fola. Pla eu chutar você.
— Chutar? Que é isso?
— É... Chutar com a boca.
— Pra chu... Não! Não! Olha, você não entendeu, a dor é nas costas! – Gritou Múcio, gesticulando. Ela sorriu e balançou a cabeça, como se tivesse entendido.
— Então tila a loupa, deixa cueca e deita.
Múcio olhou em volta.
— Deitar? Onde?
— No chão.
— No chão?
— É pla eu pisar você.
Múcio não tinha certeza se o que ela estava dizendo era o que realmente queria dizer.
— Pisar com o pé?
— Com o pé, clalo.
Múcio deitou no chão gelado e a pisação começou. E ele gemia e gritava e a japonesa gritava de volta:
— Lelaxa! Lelaxa!
E ela apertava e puxava as orelhas de Múcio e dava murros em suas omoplatas e espremia a panturrilha e, num determinado momento, os olhos de Múcio encheram-se de água. Ao final, sua musculatura parecia realmente mais leve e menos dolorida, mas Múcio estava emocionalmente abalado.
Foi só quando estava voltando para casa, pensando em como iria explicar para a esposa porque suas orelhas estavam tão vermelhas, que caiu a ficha: quem troca os “erres” pelos “eles” não é chinês? Nem precisou perguntar muito para descobrir que a Neusa havia nascido em Piracicaba e que todo o lance de japonês ou era gênero ou maluquice. Mas a massagem era uma beleza.
Múcio Bortolini (o nome verdadeiro dele não é esse) estava ficando velho. Tinha jogado futebol na tarde de domingo e o resultado foi uma segunda-feira de agonia e sofrimento. Sabia que seus músculos não conseguiriam se recuperar sozinhos e que para livrar-se da dor teria que recorrer a um especialista.
Mencionou, a um colega de trabalho, que estava procurando uma boa massagista. O amigo prontamente indicou a Neusa, uma japonesinha (a JapoNeusa!)de um metro e meio que entendia de massagem, acupuntura, cinesiologia, sacanagem e kung-fu. Só não entendia bem o português, como o Múcio pode comprovar na hora de marcar a consulta. O telefonema demorou mais de uma hora só para acertar o horário, o endereço Múcio perguntou para o amigo.
A Neusa atendia em casa mesmo. Um quarto-e-sala modesto, mas arrumadinho. Quando Múcio chegou, a televisão estava ligada a todo volume e a japonesinha o atendeu à caráter, vestida só de quimono. Com um gesto de cabeça pediu para que ele entrasse. Múcio tentou ser educado:
— Boa tarde. Eu...
A japonesa interrompeu-o bruscamente, gritando:
— Tila tudo!
— Como?
Ela apontou para as roupas de Múcio e repetiu:
— Tila!
— Tirar tudo? Até a cueca?
Ela não se abalou. Respondeu, ainda gritando:
— Se quelê lelax, tila cueca. Se não quelê, não tila.
— Lelax?
Neusa foi mais específica:
— Você quelê que eu mexe no passalinho? Se quelê, pinto pla fola. Pla eu chutar você.
— Chutar? Que é isso?
— É... Chutar com a boca.
— Pra chu... Não! Não! Olha, você não entendeu, a dor é nas costas! – Gritou Múcio, gesticulando. Ela sorriu e balançou a cabeça, como se tivesse entendido.
— Então tila a loupa, deixa cueca e deita.
Múcio olhou em volta.
— Deitar? Onde?
— No chão.
— No chão?
— É pla eu pisar você.
Múcio não tinha certeza se o que ela estava dizendo era o que realmente queria dizer.
— Pisar com o pé?
— Com o pé, clalo.
Múcio deitou no chão gelado e a pisação começou. E ele gemia e gritava e a japonesa gritava de volta:
— Lelaxa! Lelaxa!
E ela apertava e puxava as orelhas de Múcio e dava murros em suas omoplatas e espremia a panturrilha e, num determinado momento, os olhos de Múcio encheram-se de água. Ao final, sua musculatura parecia realmente mais leve e menos dolorida, mas Múcio estava emocionalmente abalado.
Foi só quando estava voltando para casa, pensando em como iria explicar para a esposa porque suas orelhas estavam tão vermelhas, que caiu a ficha: quem troca os “erres” pelos “eles” não é chinês? Nem precisou perguntar muito para descobrir que a Neusa havia nascido em Piracicaba e que todo o lance de japonês ou era gênero ou maluquice. Mas a massagem era uma beleza.
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