sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Machismo

Você pode ou não ter recebido um e-mail que circula por aí com trechos tirados de revistas femininas da década de sessenta. Se não recebeu, não sou eu que vou mandar. Sou definitivamente contra estes e-mails não solicitados. A não ser, é claro, que seja um e-mail não solicitado de minha autoria, como o Ninguém Perguntou.
Mas a história é basicamente a seguinte: as frases estimulam a mulher a se comportar de forma cordata e complacente em relação aos “defeitos” de seu homem. Mensagens como: “se você perceber que seu marido anda te traindo, passe a dar mais atenção a ele. Seja mais carinhosa” e etc. O autor do e-mail conclui, com uma risadinha, que já não se fazem mais revistas como antigamente.
Discordo.
As revistas femininas de hoje continuam, em sua maioria, machistas e firmes no seu papel de treinar a mulher para satisfazer o homem. Na década de sessenta, poderia ser considerado vantagem ter uma esposa prendada. Mas hoje, ninguém quer ter em casa um piloto de fogão de noventa quilos. Com a chegada da entrega em domicílio, do forno de microondas, da comida congelada e da TV a Cabo, a sala e cozinha do macho moderno já tem tudo que ele necessita para uma vida agradável.
As revistas femininas perceberam essa tendência e mudaram seu foco, para melhor servir ao homem. Agora elas ensinam as mulheres a serem gostosas e boas de cama. Qualquer revista Nova tem mais mulher pelada que a Playboy e a Cláudia tem um suplemento de sexo que é uma maravilha. Aconselho qualquer homem casado a assinar essas revistas para suas esposas.
Mas e as matérias que estimulam a mulher a ter sucesso no mercado de trabalho? Todas são ótimas e contribuem para o staus quo do novo mundo masculino. Quem não quer ter uma mulher bonita, gostosa, ninfomaníaca e que ganha os tubos? Tô na fila (ou estaria, se já não fosse casado com uma mulher maravilhosa... Preciso dar um jeito da minha esposa parar de ler o que escrevo...). Além do mais, a maioria dessas matérias dão dicas do que a mulher deve fazer para conciliar o lar com o trabalho. Ensinam a como trabalhar e continuar a dar atenção aos filhos e ao maridão (ou namoradão).
A única coisa chata é que as mulheres também ficaram um pouco mais exigentes e o índice de infidelidade e de casamentos desfeitos subiu. Mas veja o lado bom: nunca foi tão fácil comer a mulher do vizinho ou aquela colega de trabalho boazuda. Com um pouco de sorte, talvez até as duas ao mesmo tempo.
Tempos modernos, revistas modernas, o velho machismo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário