terça-feira, 7 de novembro de 2006

Conseqüências

A última crônica, que relata meu embate com o coronel na banca de revistas (se você não leu, deve estar em algum lugar aqui no site), trouxe conseqüências tão interessantes que achei que rendia outra crônica.
Primeiro, elogios à minha atitude. Agradeço, mas é preciso ver nas entrelinhas. Não esqueçam de que afirmo que foi a primeira vez que tive esse posicionamento e, na minha adolescência, fui da turma que infernizava a vida de um menino gay que estudava na minha classe. Bom, quando adolescente eu também usava calça de nylon (aquelas que faziam barulhinho quando a gente andava) e achava que estava legal. De qualquer maneira, não sou tão bom samaritano assim.
Segundo, teve um leitor que, sabiamente, chamou a atenção para o fato de que usei o estereótipo do coronel de forma preconceituosa. É que, apesar de nenhum estereótipo ser capaz de definir uma pessoa, algumas pessoas são a própria definição do estereótipo. Era o caso.
Terceiro, teve um leitor que me mandou um e-mail dizendo que não achava bom eu falar essas coisas, porque as pessoas vão pensar mesmo que eu sou gay. Ora, mas qual o problema de pensarem que sou gay? Não vou ficar ofendido por causa disso. Afinal, o que pode me acontecer?
Receber uma cantada? Basta recusar polidamente. Eu ficaria, inclusive, envaidecido, pois a maioria dos gays que conheço são bem mais exigentes que as mulheres.
Ser convidado para festas com nomes criativos e música boa? Posso imaginar coisa bem pior para se fazer no sábado à noite.
Aumentar meu círculo de amizades? Levar um gelo de pessoas ignorantes? Conheço gente que pagaria por qualquer uma dessas coisas.
Tem até umas gatinhas bem interessantes que são doidas para “regenerar” gays...
Mas o item das gatinhas é hipotético já que minha esposa, até o momento, não apresenta sinais de que desconfia de minha heterossexualidade e tudo vai bem lá em casa.
Desencana, moçada. Vamos todos curtir nossa sexualidade sem muitas paranóias, que a vida já é difícil sem precisar da nossa ajuda.

Um comentário:

  1. Interessante que os que quiseram te avertir (cuidado, vão pensar que voce é gay) não o fizeram publicamente (so ha dois comentarios publicados aqui... alias, so um, pois o primeiro não é um comentario propriamente dito, mas puro consentimento). O que leva a pensar que eles imaginavam o risco bastante sério, e sendo assim, deveria ser tratado na privacidade.
    Mais interessante ainda: o medo, no caso, dos gays (a famosa homofobia), me parece infinitamente mais suspeita que a falta de medo. Freud explica !

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