Somos mesmo uns animais. Pude testemunhar isso durante a recente operação-padrão dos controladores de vôo, que causou tumulto em diversos aeroportos do país, incidente que contou comigo como uma de suas vítimas.
Veja só: como qualquer animal de circo, somos perfeitamente condicionados para operar em bando. Entramos nas filas, apresentamos documentos, marcamos nossos bilhetes, entramos em mais filas, sentamos nos lugares marcados e, como prêmio pelo nosso bom comportamento, comemos a refeição de caixinha que a aeromoça nos empurra. Uma refeição muito aquém do que seria ideal, mas são as agruras da vida em cativeiro.
Gostando ou não, cumprimos o nosso papel conforme o esperado, acreditando que nossos domadores também cumpririam de forma razoável sua parte, mas as coisas começam a dar errado. Os aviões vão atrasando e o bando de animais começa a se acumular nas salas de espera dos aeroportos. As jaulas vão ficando superlotadas e as condições vão se deteriorando rapidamente. Falta acomodação e informação. O cheiro do suor do vizinho começa a invadir as nossas narinas, o condicionamento começa a falhar e o instinto toma conta.
Primeiro, a formação de bando. Sentindo-nos fragilizados e vulneráveis com a situação começamos a buscar, inconscientemente, apoio e conforto no companheiro ao lado. Em condições normais, não daríamos nem boa tarde uns aos outros, mas, acuados, trocamos sorrisos, fazemos comentários aleatórios sobre o tempo e toda essa situação e, quando menos se espera, já estamos animadamente conversando umas com as outras, montando alianças e trocando cartões de advogados.
Em seguida, marcamos nosso espaço. Não chegamos a fazer xixi no chão (eu espero), mas exigimos satisfação dos funcionários das companhias aéreas com gritos, ameaças e, em alguns casos, até agressões. Nós somos os clientes. Vocês, nossos provedores. Resolvam o problema agora! É irracional, o atendente não pode resolver o problema agora, mas o instinto já tomou conta e não queremos nem saber. Somos mamíferos com o desejo irrefreável de chegar ao nosso destino e vamos gritar, bater no próprio peito e morder até que isso aconteça.
Por último, cedemos às necessidades do corpo, não importando mais as convenções sociais. Almofadinhas engravatados sentam-se no chão ao lado da lixeira, alguns choram sobre o ombro de desconhecidos, outros dormem sentados, como se fossem pombos desconjuntados.
Felizmente, a situação acaba se resolvendo antes do instinto tomar conta completamente. No último domingo, fiquei seis horas no aeroporto e tinha gente que já estava lá há oito. Saí antes que as pessoas começassem a gritar pelos corredores e a arrancar as roupas. Próximo feriado dou um pulo no aeroporto lá pelas dez horas do noite, pra pegar só a parte do povo arrancando a roupa.
Veja só: como qualquer animal de circo, somos perfeitamente condicionados para operar em bando. Entramos nas filas, apresentamos documentos, marcamos nossos bilhetes, entramos em mais filas, sentamos nos lugares marcados e, como prêmio pelo nosso bom comportamento, comemos a refeição de caixinha que a aeromoça nos empurra. Uma refeição muito aquém do que seria ideal, mas são as agruras da vida em cativeiro.
Gostando ou não, cumprimos o nosso papel conforme o esperado, acreditando que nossos domadores também cumpririam de forma razoável sua parte, mas as coisas começam a dar errado. Os aviões vão atrasando e o bando de animais começa a se acumular nas salas de espera dos aeroportos. As jaulas vão ficando superlotadas e as condições vão se deteriorando rapidamente. Falta acomodação e informação. O cheiro do suor do vizinho começa a invadir as nossas narinas, o condicionamento começa a falhar e o instinto toma conta.
Primeiro, a formação de bando. Sentindo-nos fragilizados e vulneráveis com a situação começamos a buscar, inconscientemente, apoio e conforto no companheiro ao lado. Em condições normais, não daríamos nem boa tarde uns aos outros, mas, acuados, trocamos sorrisos, fazemos comentários aleatórios sobre o tempo e toda essa situação e, quando menos se espera, já estamos animadamente conversando umas com as outras, montando alianças e trocando cartões de advogados.
Em seguida, marcamos nosso espaço. Não chegamos a fazer xixi no chão (eu espero), mas exigimos satisfação dos funcionários das companhias aéreas com gritos, ameaças e, em alguns casos, até agressões. Nós somos os clientes. Vocês, nossos provedores. Resolvam o problema agora! É irracional, o atendente não pode resolver o problema agora, mas o instinto já tomou conta e não queremos nem saber. Somos mamíferos com o desejo irrefreável de chegar ao nosso destino e vamos gritar, bater no próprio peito e morder até que isso aconteça.
Por último, cedemos às necessidades do corpo, não importando mais as convenções sociais. Almofadinhas engravatados sentam-se no chão ao lado da lixeira, alguns choram sobre o ombro de desconhecidos, outros dormem sentados, como se fossem pombos desconjuntados.
Felizmente, a situação acaba se resolvendo antes do instinto tomar conta completamente. No último domingo, fiquei seis horas no aeroporto e tinha gente que já estava lá há oito. Saí antes que as pessoas começassem a gritar pelos corredores e a arrancar as roupas. Próximo feriado dou um pulo no aeroporto lá pelas dez horas do noite, pra pegar só a parte do povo arrancando a roupa.
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