Como sou um sujeito humilde e admito meus erros, reconheço que o título desta crônica está errado, pois o burocrata e a lógica não devem ser mencionados em uma mesma sentença. A lógica deu origem ao sujeito organizado e uma terrível mutação, provavelmente derivada do cruzamento entre o sujeito organizado e um funcionário público, deu origem ao burocrata.
O sujeito organizado criou o manual de procedimentos, acreditando que isso possibilitaria aos que viessem depois dele a possibilidade de dar continuidade ao seu trabalho. O burocrata olhou para o manual de procedimento e viu que aquilo era bom e adotou tudo aquilo que estava escrito nele como verdade absoluta.
Ora, nem mesmo o melhor dos manuais é capaz de prever todas as situações com cada uma das variáveis, das nuances e dos contextos possíveis. O manual precisava ser entendido como referência e não como verdade indiscutível, mas o burocrata é incapaz de entender isso.
Vejamos um exemplo simples, como o da fila. Diz o manual que idosos, gestantes e deficientes físicos devem ser atendidos primeiro, mas eis que chega ao estabelecimento um homem (eliminando a possibilidade de que seja uma gestante), de 30 anos (jovem, portanto) e com todos os membros posicionados onde se podia esperar e perfeitas funções motoras e cerebrais (não se tratando, portanto, de um deficiente), mas muito doente, encurvado de dor e febre e com uma tosse encatarrada.
Fosse o responsável pela fila uma pessoa que fizesse pleno uso da lógica, passaria o infeliz à frente, poupando-o de mais sofrimento e reduzindo a possibilidade de que os outros no recinto fossem também infectados com a moléstia. Mas, como se trata de um burocrata, ele assistirá, impassível, o calvário do indivíduo, tossindo sobre seus companheiros de fila e até sobre o próprio burocrata, eventualmente.
Até mesmo a lei é passível de interpretação, o que gerou uma outra criatura abominável conhecida como o advogado, que detesta a lógica e sofre de uma espécie de daltonismo grotesco, no qual não consegue diferenciar justiça de interesse.
Com tudo isto dito, fica fácil entender porque dormi muito mal esta noite. Meu salário, dinheiro que me possibilita seguir neste vale de lágrimas com um mínimo de hombridade e decência, não deve chegar às minhas mãos na data de sempre. Está preso no meio de um entrevero entre burocratas e advogados.
O sujeito organizado criou o manual de procedimentos, acreditando que isso possibilitaria aos que viessem depois dele a possibilidade de dar continuidade ao seu trabalho. O burocrata olhou para o manual de procedimento e viu que aquilo era bom e adotou tudo aquilo que estava escrito nele como verdade absoluta.
Ora, nem mesmo o melhor dos manuais é capaz de prever todas as situações com cada uma das variáveis, das nuances e dos contextos possíveis. O manual precisava ser entendido como referência e não como verdade indiscutível, mas o burocrata é incapaz de entender isso.
Vejamos um exemplo simples, como o da fila. Diz o manual que idosos, gestantes e deficientes físicos devem ser atendidos primeiro, mas eis que chega ao estabelecimento um homem (eliminando a possibilidade de que seja uma gestante), de 30 anos (jovem, portanto) e com todos os membros posicionados onde se podia esperar e perfeitas funções motoras e cerebrais (não se tratando, portanto, de um deficiente), mas muito doente, encurvado de dor e febre e com uma tosse encatarrada.
Fosse o responsável pela fila uma pessoa que fizesse pleno uso da lógica, passaria o infeliz à frente, poupando-o de mais sofrimento e reduzindo a possibilidade de que os outros no recinto fossem também infectados com a moléstia. Mas, como se trata de um burocrata, ele assistirá, impassível, o calvário do indivíduo, tossindo sobre seus companheiros de fila e até sobre o próprio burocrata, eventualmente.
Até mesmo a lei é passível de interpretação, o que gerou uma outra criatura abominável conhecida como o advogado, que detesta a lógica e sofre de uma espécie de daltonismo grotesco, no qual não consegue diferenciar justiça de interesse.
Com tudo isto dito, fica fácil entender porque dormi muito mal esta noite. Meu salário, dinheiro que me possibilita seguir neste vale de lágrimas com um mínimo de hombridade e decência, não deve chegar às minhas mãos na data de sempre. Está preso no meio de um entrevero entre burocratas e advogados.
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