Brasília não merece o Carnaval que a obrigamos a ter. Vamos parar com isso. Sugiro o seguinte: construímos um memorial para aqueles que tentaram incorporar a cultura carnavalesca à cidade – o pessoal do Pacotão, do Galinho, das Escolas, do Ceilambódromo – e pronto, não se fala mais nisso. Acabamos com o Carnaval na cidade.
A Secretaria de Turismo pode até tirar vantagem da situação. Neste feriadão, se você não gosta de Carnaval, venha para Brasilia, estaremos te esperando de braços abertos (não muito abertos, para não parecer destaque de escola de samba). Aí é só promover festivais de cinema, shows de rock, feiras de artesanato, teatro infantil; qualquer coisa, menos carnaval.
Na terça-feira, por volta das sete da noite, passei pelo Pacotão, mais por coincidência que por interesse. Fiquei uns trinta minutos preso no trânsito porque um grupo de, no máximo, cinqüenta pessoas, carregava uma faixa e apitava pelo meio da rua. Eram cerca de quinze policiais, cinco veículos e um sem número de cones para garantir o vai e vem desse pessoal. Deprimente. Não me incomodo de ficar preso no trânsito por conta de uma comoção nacional, uma mobilização popular intensa e febril ou, vá lá, para que dezenas de milhares de pessoas possam se divertir, mas aquele aglomeradozinho não justifica nem o policiamento, nem o trânsito fechado.
Não deu. Valeu a tentativa, mas precisamos reconhecer quando uma coisa não dá certo; é sinal de maturidade e de bom-senso. Não vamos mais insistir no carnaval de Brasília.
Quem disser que se divertiu porque foi ao Ceilambódromo ver o desfile, porque dançou marchinhas de 1950 no Minas ou porque viu pela milésima vez alguém vestido de Lula no pacotão está mentindo. Ou iludido. As pessoas que se divertem no carnaval de Brasília não podem atribuir sua felicidade ao carnaval. Divertem-se porque estão com os amigos, porque não precisam ir trabalhar, porque têm uma disposição natural para a festa ou porque estão completamente bêbadas.
O Carnaval de Brasília é como assistir à TV Câmara e à TV Senado: previsível, monótono, sem audiência e até engraçado de vez em quando, mas só pelo ridículo da situação.
Zinho, É impressionante como essa crônica expressou tudo o que eu sinto à respeito do carnaval de Brasília. As colocações e exemplos não poderiam ter sido melhores! A cada dia fico mais impressionado com a sua habilidade de traduzir nossos pensamentos em textos interessantes - até parece que você os escuta! ... parabéns! Tentarei pensar "mais baixo" de agora em diante, ok?
ResponderExcluireu sou contra o carnaval. sou contra e pronto!... e ponto! quero dizer. você já viu o pimp my ride na MTV onde os caras pegam um carro detonado e botam um monte de tv de 17 polegadas de tela plana no teto, no baú, perto do tanque de gasolina onde ninguém pode ver?... pois é, sou contra isso também. ah! e sou contra o JK e o JFK.
ResponderExcluirDUKRAIVÉIO !!! Acrescento que o futebol em Brasília também é igual ao Carnaval da capital. É sempre o MAIOR ZERO A ZERO !!!
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