quinta-feira, 23 de março de 2006

Crash

Se você não matou as aulas de metafísica na quinta série... Como? Sua escola não dava metafísica na quinta série? Onde vamos parar... De qualquer forma, todo mundo sabe que o tempo é uma unidade que serve para medir nossa paciência. Quanto menor a paciência, menor o tempo disponível.
Ultimamente, tenho andado meio mal-humorado e, como conseqüência, não tenho tido tempo para fazer quase nada. Por isso, fiquei feliz com minha decisão de aproveitar um tempinho que sobrou para ir ver o Crash, filme ganhador do Oscar.
Primeira coisa: não acreditem nos críticos. Fui ao cinema convencido de que assistiria a uma produção que tratava da América pós 11 de setembro. Erro crasso. O fato do filme ser ambientado nos Estados Unidos é incidental e, apesar de retratar algumas coisas muito ianques, o grosso do recheio é a humanidade que, sim, inclui os americanos, engraçadinho.
Segundo: o roteiro é primoroso e as cenas são recortadas de forma brilhante. As múltiplas histórias são o filme e não estão lá para fazer charme ou parecerem bacanas. É um filho de Pulp Fiction que soube usar a herança do pai.
Terceiro: saí do filme mudado. Não sei em que grau de profundidade ou por quanto tempo, mas passei a ver o mundo com outros olhos. Qual foi a última vez que você pôde dizer isso de um filme?
Quarto: gostei da definição de preconceito que o filme apresenta: ausência. Ausência de informação, de comunicação e de tolerância. Tudo isso tem, invariavelmente, conseqüências, umas mais graves que outras. E tudo isso é preconceito - o conceito que formamos sem saber de toda a história, o que assumimos como verdade, baseados apenas na nossa intuição. Óbvio, não?
Veja o filme.

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