quinta-feira, 2 de março de 2006

No creo en las brujas, pero que las hay...

Sou um cético fervoroso. Cultivo verdadeiro prazer em duvidar das coisas, aceitando apenas que existem fenômenos para os quais ainda não achamos explicação. Já vi as mesmas esquisitices serem explicadas de forma diferente por católicos e espíritas, o que me deu a impressão de que nenhuma das duas explicações era satisfatória.
Curiosamente, fui alvo recentemente de duas artes divinatórias de origens distintas – e recebi o resultado das duas com carinho e bastante respeito. Afinal, as informações vieram de pessoas que, em princípio, me querem bem, não cobraram nada pelo serviço e não estavam tentando me provar absolutamente nada.
Uma teve origem espírita, foi realmente uma espécie de previsão do futuro e incluiu boas e más notícias (não se pode ganhar todas, certo?).
Outra teve origem na astrologia e foi mais um retrato da minha personalidade que qualquer outra coisa: o meu mapa astral. Sempre tive simpatia pelo dicionário de arquétipos da astrologia e do tarô, pois acho fantástica a facilidade com que conseguimos nos enxergar em suas descrições. Acho tudo mais psicológico que místico, mas não menos fascinante por causa disso. E, embora doa a um cético ter que admitir tal coisa, meu mapa astral foi particularmente preciso, com apenas um ou outro tiro n’água.
Tenho uma certa bronca com a predestinação, pois acho uma justificativa fácil para nossos erros. “Não fui eu, foi o destino”, “estava escrito”, “tinha que ser assim”. Enfim, consolo para o inexplicável. Mas entendo perfeitamente a ânsia de saber melhor quem somos, qual nosso papel no mundo e, se der, os números do próximo sorteio da sena.

2 comentários:

  1. A segunda frase dessa cronica eh sintomatica. Lembro-me que voce eh (era?) catolico. De andar com violao e tudo para cantar os hinos religiosos com amigos da igreja, acampamentos devocionais, etc... Ou voce mudou muito, ou achou uma maneira (QUAL?) de duvidar da existencia de um Deus (especialmente como esse da Biblia) e continuar catolico.
    Discutir religiao, especialmente quando se ptrata da e pessoal de alguem, eh sempre delicado, e quase sempre ou da em briga, ou da em nada. Mas a curiosidade me obriga perguntar: o que mudou?

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  2. Não mudou muita coisa. Nunca tive muitos problemas em aceitar a mensagem básica do cristianismo. Existe um Deus e devemos amar uns aos outros. O problema está nos detalhes - de que forma esse Deus se manifesta, dogmas, doutrinas, epístolas, ritos. às vezes me convenço de determinadas coisas, mas volto a questioná-las algum tempo depois. Não se trata de um ceticismo impermeável, mas é constante.

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