quarta-feira, 27 de julho de 2011

Continuidade não é continuação

O que a Marvel está fazendo com suas produções de filmes de super-heróis é algo impressionante. Não apenas porque muitos dos filmes são genuinamente bons (o primeiro homem-aranha, Homem de Ferro), mas porque eles estão tendo sucesso em trazer algo inerente aos quadrinhos para o cinema: continuidade.

Não estou falando de uma história em sequência ao longo de diversos filmes, coisa relativamente comum, presente nas telas do cinema desde a década de cinquenta com os seriados semanais (conceito que atingiu seu ápice com Harry Porter – uma cacetada de filmes com os atores envelhecendo junto com seus personagens). Estou falando de vários filmes com personagens diferentes ambientados dentro de um mesmo universo.

Isso era exclusividade dos quadrinhos, mas a ousadia da Marvel está trazendo a ideia para o cinema – e com excepcionais resultados.

Primeiro porque, como eu disse, muitos dos filmes são realmente bons. E mesmo os que não são, são bem produzidos, com alguns bons momentos.

Segundo porque eles conseguiram se conter e estão dando vida ao projeto de forma discreta e consistente. A presença de Nick Fury no final dos créditos já é algo esperado pelos fãs, a continuidade dos x-men não atropela a dos vingadores, cada filme funciona perfeitamente bem com um elemento isolado, etc.

Quer um exemplo do funcionamento dessa continuidade? Em Capitão América, o mito dos deuses nórdicos faz parte da trama, mas eles não perdem tempo explicando nada sobre o tema... PORQUE JÁ EXPLICARAM NO FILME DO THOR!

Em que pese o contexto infanto-juvenil de super-heróis e o gosto pessoal de uns e de outros pelo tema, todos têm que reconhecer que essa ferramenta narrativa é simplesmente brilhante. É original, envolvente e está sendo utilizada com absoluta maestria.

Aproveito o assunto para comentar que, ao que tudo indica, o filme do Capitão América vai surpreender e ser excepcional (eu esperava um filme bacaninha, mas os críticos mais ácidos americanos estão tirando o chapéu para o filme dizendo que acertaram em tudo: na caracterização do personagem, na escolha do elenco de apoio, na história e até no tom de patriotismo, que era o coelho mais difícil de tirar dessa cartola).

Enquanto isso, no outro universo, o da DC, só Batman salva. O reboot do Superman a alguns anos atrás foi um dos piores filmes que já vi, o filme do Lanterna Verde é um dos piores filmes já produzidos na história da humanidade, o filme E a série da Mulher Maravilha foram cancelados... Enfim, o melhor filme de heróis da DC dos últimos tempos foi o Watchmen, que afundou nas bilheterias, embora tenha sido esteticamente brilhante e executado dentro do que era possível, dadas as limitações narrativas do cinema (sim, o cinema ainda tem limitações narrativas que os quadrinhos não têm).

Enfim, a Marvel já me convenceu de que Os Vingadores será o maior (e talvez melhor) filme de super-heróis de todos os tempos, simplesmente porque o filme é só a última parte da série composta por todos os filmes de heróis que eles fizeram nos últimos quinze anos.

Excelsior!*

* Se você não entendeu essa referência, sugiro ler mais sobre a pessoa que podemos considerar responsável por essa porra toda (e quando falo porra toda, quero dizer A PORRA TODA!), Stan Lee.

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