segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Gamelife

Ao que parece, a Internet continua propiciando fama instantânea e novas maneiras de ganhar dinheiro para todo mundo - menos para mim, claro. Se bem que a foto da moça com roupinha de Mulher Maravilha deu um upgrade na audiência... Vou considerar a inclusão de mais fotos sensuais gratuitas e machistas no futuro. Mas eu queria falar mesmo era sobre outra coisa.
Está rolando na Internet o show Gamelife, no qual cinco adolescentes fazem comentários e críticas sobre videogames. O programa é o maior sucesso e a MTV americana já está apoiando a iniciativa, reservando um minuto de sua programação para os jovens em questão.
O diferencial do show? Os adolescentes não nerds de verdade, com apenas habilidades sociais básicas e nenhum senso de ridículo. Um magrelo tímido, um gordinho expansivo e um quatro-olhos hermético são os astros do show, auxiliados por uma menina bonitinha que se recusa a dar o sobrenome para que não seja reconhecida e um punk nervoso e anti-social. Eles não estão fingindo, não são personagens. São apenas jovens que pegaram a câmera digital (de baixa qualidade) do pai e montaram um programa sobre videogame, fizeram o upload para a Internet e agora estão na MTV e ganhando dinheiro com a brincadeira.
O programa é ostensivamente mal-feito e, em certos momentos, fiquei meio constrangido pelos meninos, que realmente parecem meio deslocados do mundo real. Mas quem precisa do mundo real quando o virtual pode muito bem suprir todas as nossas necessidades?

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

A caixa de chocolates

Gosto muito do filme Forest Gump, mas ele tem uma analogia que não me convence totalmente. Nem tanto pela analogia em si, mas pela explicação da mesma: a vida é como uma caixa de chocolates (até aí, tudo bem), você nunca sabe o que vai encontrar dentro dela... Melou. Afinal, até onde sei, dentro da caixa de chocolates tem chocolates e pronto, sem surpresa. Ele provavelmente estava se referindo a uma caixa de chocolates sortidos, ou ao kinderovo, vai saber, mas a explicação é fraca. A analogia, contudo, é boa.

A vida é como uma caixa de chocolates – foi feita para nos dar prazer, mas tem conseqüências. Colesterol, gordura e, no caso dos diabéticos, conseqüências mais graves. Assim também é a vida, se a consumimos despudoradamente as conseqüências serão fortes e rápidas, como a diarréia de quem come um quilo de chocolate de uma sentada só. Para vivermos bem e felizes, é importante aprender a retirar o máximo de prazer de pequenos bocados: um sorriso, um olhar, uma mordidinha no chocolate. Não adianta atacar a vida com gula e sofreguidão, pois o resultado disso só pode ser fastio, enjôo e frustração. Pois assim como não é possível comer todo o chocolate que existe no mundo, não é possível viver tudo o que há para ser vivido. Ninguém visitará todas as cidades do mundo, viverá todos os amores ou celebrará todas as comemorações. É, meu amigo, a vida é como uma caixa de chocolates – um presente que todos gostam, mas que, infelizmente, acaba rápido.

E só para esgotar o assunto, outra mensagem interessante do filme é que, para ser verdadeiramente feliz, o indivíduo tem que encarar tudo o que faz com pureza no coração e determinação absoluta. Ou seja, tem que ser meio bobo.

E tem mesmo, sabe? É claro que é perfeitamente possível ser feliz e inteligente, mas nunca ao mesmo tempo. Quando o racional está com força total, a pessoa calcula muito, pesa as conseqüências e acaba não fazendo. E, quando faz, se arrepende. E viver é fazer, é realizar, é construir alguma coisa. Não é fazer qualquer coisa de qualquer jeito, não dá para ser absolutamente inconsequente ou, pior, irresponsável – isso é só perder tempo, o equivalente a enfiar todos os bombons da caixa na boca de uma só vez.

E, para arrematar: quando falo bobo, quero dizer inocente, ingênuo e não crasso, imbecil. Estou falando do Peter Sellers em Muito Além do Jardim e não do Lula que, de bobo, não tem nada.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

O Nerd

Acaba de me ocorrer que meu último post no Ninguém Perguntou foi muito nerd. Quem mais saberia o nome de todas as namoradas que o Superman teve ao longo dos seus setenta e poucos anos de existência? Tudo bem que eu colei, mas só o fato de saber onde conseguir uma informação como essa já me torna suspeito.
Eu poderia, claro, ir pelo caminho mais fácil e remover a crônica, mas isso seria contra o espírito do blog, por isso prefiro me explicar.
Existem nerds piores do que eu, evidentemente. Mas isso é mais ou menos como dizer que existem psicopatas melhores que outros psicopatas. Nerd é nerd e pronto. Meu advogado de defesa sugeriu que eu lembrasse aos leitores que tenho uma filha, o que significa que fiz sexo pelo menos uma vez na vida, e que mostrasse minha medalha de natação conquistada aos treze anos, prova de que já pratiquei esporte com um mínimo de interesse. Mas seria inútil. No fim, minha coleção de quase 5.000 revistas em quadrinhos seria prova suficiente para uma condenação.
Como todo vício, ser nerd me dá prazeres impossíveis de explicar para quem não sabe a identidade secreta do Besouro Azul. São prazeres que, infelizmente, só fazem sentido para o viciado. AAhhh, sentar no sofá com o encadernado do Watchmen em uma mão, um copo de coca light na outra e uma madrugada inteira pela frente...
Mas por mais que assuma minha condição perante os senhores, um observador mais atento perceberá que me diferencio do resto do bando. Não apenas por já ter feito sexo (e mais de uma vez), mas porque não levo isso tudo tão a sério. É apenas entretenimento, no final das contas – e é assim que eu encaro. Além do mais, tenho um certo senso de ridículo que me impede de vestir, por exemplo, uma fantasia do Batman (nada contra, porém, o uso de determinadas fantasias, como a da foto. Veja o site http://www.3wishes.com/ para mais exemplos).
E para provar que é até perigoso adotar a cultura pop como estilo de vida, veja no site http://www.superdickery.com/ as maluquices que já pintaram nas histórias em quadrinhos de super-heróis. É diversão garantida.

Ah, O Super-Homem

O Super que conheço era assim, traduzido: Super-Homem. Vinha de Krípton (e não de Kriptón), namorava a Míriam Lane, foi o Superboy quando adolescente (com direito a participação na Legião dos Super-Heróis), era primo da Supermoça (Kara Jor-El) e era interpretado pelo Christopher Reeve. O Lex Luthor da minha dolescência era o líder da Liga da Injustiça, vestia armadura verde e roxa e foi interpretado no filme pelo Gene hackman. Meu desejo secreto era pela loirinha Valerie Perrine, a senhorita Tachmaker, assistente do Luthor (que chegou a sair na Playboy).
O Super do meu pai apareceu pela primeira vez na revista Lobinho, era mais rápido que uma locomotiva (e não mais rápido que uma bala), capaz de saltar prédios altos com um só pulo (e não de voar) e já era à prova de balas, mas se uma bomba explodisse perto dele, era uma vez o herói. O Super do meu pai também não era tão bonzinho e jogou um ou dois bandidos do alto de edifícios. Ora, a identidade secreta do Super do meu pai era Edu (e não Clark Kent).
Com o passar do tempo, meu pai se adaptou à maioria das mudanças do Super-Homem e chegou a gostar de muitas coisas do meu Super, como o filme de 78, por exemplo.
O mesmo aconteceu comigo, claro. O filme de 78 revelou, para meu total espanto, que o nome da jornalista era Lois e, na década de oitenta, a série Crise nas Infinitas Terras acabou, de uma vez só, como Superboy, a Supermoça e todos os super-animais. O seriado Lois e Clark também oficializou a mudança de nome para Superman, para facilitar o merchandising com os novos produtos do kriptoniano. Vi, estupefato, a editora Abril mudar o nome do herói nas capas dos gibis.
Tive a vantagem adicional de viver na época do quadrinho adulto e, portanto, não precisei me adaptar totalmente às bobagens do seriado Lois e Clark e Smalville, já que tinha Alex Ross, Mark Millar, Grant Morrison, Kurt Busiek, Jeph loeb e John Byrne criando histórias do homem de aço especialmente para mim, do alto dos meus trinta anos.
Mas agora um novo Super-Homem, desculpe, Superman está sendo apresentado às gerações mais novas. E me sinto realmente um velho rabugento quando leio as críticas das revistas especializadas e converso com meus amigos e vejo que todo mundo pareceu gostar do filme, menos eu. Ai, ai. Pelo menos, sempre terei minha edição encadernada de Kingdom Come para me consolar.
E, só para provar que sou fã: você sabia que...
... a primeira versão do Superman não tinha nem capa?
... a foto tirada pelo garoto com o celular no filme O Retorno é uma réplica da capa da revista Action Comics, primeira parição do Superman nos quadrinhos?
... Os autores do Superman venderam os direitos autorias de sua obra por 130 dólares? E haja processo para recuperar o prejuízo. Depois de muita confusão, a DC concordou em dar uma pensão vitalícia para Siegel e Shuster.
... o Superman, assim como ator que o interpretou, Christopher Reeve, também já caiu do cavalo e ficou paralítico? A história é da década de setenta e mostra um Superman sem poderes e sem memória, depois de ter sido exposto à kriptonita vermelha (naquela época, a kriptonita tinha várias cores e a vermelha era porreta: eliminava para sempre os poderes do Super). Sem poderes, Clark Kent ficou paralítico até que caiu num rio e foi curado por uma sereia e, não, o roteirista dessa história não foi o mesmo de O Retorno.
... que o Super já beijou na boca de nove mulheres, mas que, pelo menos de acordo com as informações das revistinhas, só comeu duas? Uma é a Lois Lane, todo mundo sabe, mas e a outra? Alguém arrisca um chute? Para facilitar, segue a lista das beijadas:
Lois Lane
Lana Lang (amiga de infância)
Sally Sellwin (a que se apaixona pelo Clark sem superpoderes – o que caiu do cavalo)
Luma Lynai (uma super-heroína de um planeta com Sol azul)
Mulher-Maravilha (essa você conhece)
Lyla Lerrol (mais uma com dois Eles – uma kryptoniana)
Máxima (regente do planeta Almerac)
Lyrica Lloyd (uma atriz que morre de uma doença contraída na África)
Lori Lemaris (uma sereia e,sim, a mesma da história da paralisia).