quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Trocando de frases

Finalmente achei uma frase capaz de substituir a terrível "o importante é competir".

Atribuída ao Barão de Coubertin, a frase acabou se tornando o lema de perdedores por todo o mundo, e serve como um consolo de quinta categoria para aquele que se esforçou, mas não ganhou. E é mentira. Porque nenhum atleta vai para a Olimpíada apenas para participar da festa (com a possível exceção do único representante de Burkina Faso). Assim como ninguém participa da vida só pra curtir a paisagem (com a possível exceção do meu cunhado). A gente quer vencer – e a derrota tem um gosto amargo e triste, especialmente se houve esforço para evitá-la.

Conformar-se com a derrota é bobagem – o segredo está em não se abater com ela. A derrota não é o fim do mundo e ela também não significa que o seu empenho foi em vão. Mas como resumir isso em uma máxima que faça sentido?

Eu estava trabalhando intensamente nisso quando o matemático e desenvolvedor de jogos Reiner Knitzia passou à minha frente (o babaca!): "The goal is to win, but it is the goal that is important – not the winning.

Algo como: "O objetivo é vencer, mas o que importa é o objetivo – e não a vitória".

Agora sim, pois o máximo que podemos exigir de nós mesmos é que nos empenhemos para alcançar nossos objetivos. O importante é o esforço, é querer chegar lá – a vitória é conseqüência e, quase sempre, não depende de nada que a gente possa fazer.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Eficiência e honra

Dia desses descobri que, surpreendentemente (pelo menos pra mim), vários pilotos kamikazes que chegaram a atuar em missões, sobreviveram. O motivo é que os generais japoneses permitiam que o piloto abortasse a missão em dois casos: se não houvesse nenhum alvo razoável para ser atingido ou se o avião apresentasse problemas técnicos.

A primeira situação é meio óbvia e bastante prática e razoável, mas o segundo motivo é um exemplo magnífico do incrível senso de honra japonês, que vem se diluindo ao longo dos anos.

Ora, se o avião está mal, porque não tentar despencar com o avião em cima do alvo a todo custo? Se errar, pelo menos o cara tentou, certo? Se ele já ia morrer mesmo...

Acontece que, para os japoneses, era fundamental que a missão kamikaze fosse um sucesso. Se o piloto fosse perder a vida, essa atitude não poderia ser em vão. A vida era algo muito precioso para ser desperdiçada em uma tentativa que poderia ser frustrada porque o sistema de navegação não estava cem por cento.

A morte é inevitável, mas não precisa ser sem significado.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Muita calma nessa hora

Na maioria das vezes, procuramos não correr riscos. Não tomamos decisões definitivas para não nos arrepender depois. Afinal, ninguém sabe o dia de amanhã.

Embora haja um pouco de sabedoria nesse pensamento, é preciso tomar cuidado para não sermos comedidos demais, cautelosos demais, pois o cauteloso viverá mais, mas terá uma vida mais chata. O cauteloso, por exemplo, terá menos filhos e terá feito menos sexo (e não em muitas posições).

O cauteloso terá comida para o inverno, mas não terá levado o seu paladar a extremos. O cauteloso jamais caçará sua própria comida e em qualquer restaurante pedirá sempre o mesmo prato. Nunca faltará dinheiro ao cauteloso, mas ele nunca será milionário. O cauteloso não vai sofrer demais e nem amar demais – o cauteloso pode ler uma poesia, mas nunca irá vivê-la.

O cauteloso terá pouquíssimos inimigos – e menos amigos ainda. Porém, muita gente irá ao enterro do cauteloso, pois acautela aproxima a todos e não repele ninguém – mas é que a cautela também impede que uma aproximação maior aconteça.

O cauteloso obedece a sua cabeça e raramente obedece ao seu coração. Para o cauteloso, a opinião da maioria é mais importante do que a sua própria. Com o tempo, ele não vê mais diferença entre uma opinião e outra e, inclusive, utiliza a opinião da maioria para justificar a sua.

O cauteloso sorri o tempo todo, mas nunca está realmente feliz. O cauteloso sempre sabe o que dizer, mas raramente diz o que pensa.

O passado e o futuro do cauteloso são a mesma coisa: não há nada que o reprove nem nada que o destaque – a maior virtude do cauteloso é que ele nunca decepciona, pois faz sempre o que se espera dele, nem mais, nem menos.

Algumas pessoas se esforçam, mas não saem da mediocridade, mas o cauteloso é o único que se esforça para permanecer medíocre. A meta do cauteloso é não mexer a panela, não jogar pedras no lago, é, enfim, não perturbar a superfície.

É abaixo da superfície que é preciso tomar cuidado com o cauteloso. No seu íntimo, ele também quer ser da turma dos que fazem a diferença. Quer ser o grande amigo que recebe telefonemas no meio da madrugada, quer ter a grande idéia que ficará imortalizada, quer escrever a grande poesia, quer ter aventuras pra contar. O que falta ao cauteloso não é ambição, é coragem para mandar tudo pro alto e fazer o inesperado. Essa covardia faz do cauteloso um frustrado que acredita que é um sucesso, pois o cauteloso jamais tem uma imagem ruim de si mesmo. E como poderia? Se ele nunca fez nada de errado?

E isso é verdade: o cauteloso evita fazer o errado. O problema é que ele também evita fazer o certo, se isso for trazer complicações. O cauteloso, diante de um dilema moral, vai deixar que os outros decidam por ele.

O cauteloso é alguém que vai pelo caminho da menor resistência, e pode passar por cima de quem estiver nesse caminho, pois se engana quem acha que o cauteloso é manso e pacato. Pelo contrário, o cauteloso tem toda a paciência para escolher suas batalhas. Se algum dia você se confrontar com alguém cauteloso, recomendo – como não poderia deixar de ser- muita cautela.

Uma dose de cautela é saudável e importante para todos. Viver orientado apenas pelo instinto é abrir mão da nossa própria racionalidade. É involução. Mas tem gente que exagera: segue pelo confortável caminho da cautela e perde de vista as outras trilhas da vida. Mais esburacadas, é verdade (algumas até sem asfalto), mas que levam a lugares fantásticos. Tá certo – umas dessas trilhas mais ousadas também levam a localidades inóspitas (Não sei por que, lembrei do Acre), mas viver sem surpreender a você mesmo não é vida, é conformismo. É se contentar com o bom, por ter medo de buscar o melhor.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Nada é impossível

Foi com perplexidade que recebi a notícia da morte de Michael Crichton. É claro que eu não o conhecia pessoalmente, mas é impossível não ser íntimo de um escritor que nos agrada.

Quando lemos algo que nos interessa, comove ou encanta, estabelecemos conexão com as palavras e, não raro, com o autor.

E de que autor estamos falando: Jurassic Park, O Enigma de Andrômeda, Linha do Tempo, Congo, Vírus e o desconhecido Presa – que trata dos perigos da nanotecnologia.

Graças a Michael Crichton, tive despertado o interesse por temas como física quântica, microbiologia e engenharia genética. Já a predileção pelos aspectos mais fantásticos de sua literatura, como dinossauros e viagem no tempo, é algo que carrego desde a infância, período no qual minha imaginação foi devidamente alimentada pelo meu pai.

Crichton sabia, como poucos, dar verossimilhança ao inacreditável. Sua idéia de trazer os dinossauros de volta à vida por conta do DNA preservado em mosquitos foi simplesmente sensacional.

Acho que Crichton é uma espécie de Júlio Verne moderno. Sua imaginação tinha a capacidade de transformar o impossível no improvável e o improvável, às vezes, até vira realidade. Assim como Verne "previu" a ida do homem à Lua, me pergunto se um dia não veremos dinossauros nos zoológicos, máquinas microscópicas substituindo nossos anticorpos ou uma traquitana capaz de teleportar humanos (que, se mal utilizada, pode também nos deslocar no tempo, claro).

Meu Deus, que saudades das idéias maravilhosas que se foram com ele. Descanse em paz, Michael.

Mais diálogos

Dois amigos conversando:

— Calor, né?

— Ô!

— Nesse calorão, sabe o que me dá a maior vontade de fazer?

— Pô, claro que sei! Também tô na maior vontade.

— Não brinca! De verdade?

— Claro!

— Você topa, então?

— Demorou!

— Ótimo!

E, quase que imediatamente, começou a tirar a roupa.

— Peraí! Que que você tá fazendo?

— Ué, tirando a roupa, como combinamos!

— Mas eu não combinei nada disso. Eu achei que você queria tomar uma cerveja!

— Não era ficar pelado?

— Claro que não!

Eram bons amigos, mas, depois disso, têm se falado cada dia menos.


 

Moral: Quem acha que sabe o que passa pela cabeça dos outros têm uma pequena probabilidade de estar certo. Quem tem certeza de que sabe, está invariavelmente errado.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Kicking Ass

Sou um grande fã... hm... Como ando emagrecendo, vou mudar o começo dessa frase para evitar comparações errôneas. Sou um animado fã da série House, da Universal. Tão animado que resolvi ver o que o ator principal Hugh Laurie fazia antes da série. E olhe o que eu encontrei: http://br.youtube.com/watch?v=6riY-103vbc&feature=related.

Isso mesmo. Ele andava chutando bundas e fazendo sketches de humor na Inglaterra. Acho interessante que nesse vídeo ele toca violão, o que costuma fazer também na série House (na série é uma guitarra – uma Fender e, depois, uma Gibson).

Se você não conhece a série, procure assistir. Ele também chuta muitas bundas por lá.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Gears of War 2

O mundo dos vídeogames anda em polvorosa por conta de três títulos que foram lançados recentemente: Fallout 3, Gears of War 2 e Dead Space.

A série Fallout, pra quem não conhece, conta a história de um mundo pós-apocalíptico. É um RPG no qual o seu personagem tem toda a liberdade do mundo para fazer as escolhas mais absurdas como, por exemplo, casar e prostituir a própria esposa para ganhar dinheiro. Essa nova versão está um pouquinho mais leve (eles tiraram a opção de dar um tiro no saco dos inimigos, por exemplo), mas o clima adulto e o alto nível de produção continuam.

Já Dead Space é uma nova franquia e o jogo se destaca pelo altíssimo nível de produção e pela ambientação fantástica. Você é um engenheiro preso em uma nave espacial à deriva tendo como companhia apenas um par de amigos e um monte de monstros invulneráveis. Isso mesmo – não adianta atirar no corpo e na cabeça dos bichinhos – a única maneira de escapar deles é cortando os braços, as pernas e os tentáculos das criaturas. Coisa de cinema. Os monstros podem atacar de qualquer lugar e até se fingem de morto para pular em cima de você no último segundo – sustos e paranóia são garantidos.

Mas o jogo que mais vai chamar a atenção é mesmo o Gears of War 2, que conta a história do esquadrão Delta, uma unidade militar futurista composta de uma machaiada forte pra cacete (só o pescoço dos caras é mais grosso que a minha coxa). E a missão do esquadrão Delta não poderia ser outra: salvar a humanidade da completa extinção, lutando contra os Locusts, alienígenas que se instalaram debaixo da superfície da Terra. Com gráficos fantásticos e ação ininterrupta, Gears of War 2 promete ser um dos jogos do ano.

O primeiro Gears of War eu joguei cooperativamente com um grande amigo e foi uma das experiências mais legais da minha vida de gamer. Hoje, como perdi contato com esse amigo (a vida, a vida...), é com uma certa tristeza e saudosismo que vejo o jogo.

Pra jogar sal na ferida, a história do Gears tem como tema principal a amizade, e a diversão é bem maior se ele for jogado com um amigo ao lado. Foi só botar o jogo pra funcionar que a lembrança do antigo amigo tomou conta.

Curioso como a saudade, assim como os monstros de Dead Space, pode vir dos lugares mais inesperados...