segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Os opostos se atraem... ou não


Durante muito tempo acreditei que religião e ciência eram opostas. Pólo negativo e pólo positivo (não vou dizer qual é qual). Isso, claro, é uma grande bobagem.

Religião e ciência têm lá suas divergências, mas, no fundo, as duas estão tentando fazer a mesma coisa: explicar e sistematizar o universo.

O verdadeiro oposto da religião e da ciência é arte. O epicentro da arte somos nós, os banais seres humanos. Religião e ciência giram em torno do universo, da metafísica, Deus e tudo aquilo que, em geral, é muito maior que nós.

No fim das contas, a religião e a ciência nos diminuem, nos fazem sentir como mais uma peça na engrenagem, mais uma ovelha no rebanho.  A arte individualiza, valoriza a visão única e egocentrada, nos torna indivíduos.
Religião e ciência estão preocupadas em explicar o que não conseguimos entender, a arte quer desafiar a nossa compreensão das coisas.

Se você parar pra pensar, é a aparentemente inútil arte que realmente valoriza o ser humano, é o que nos motiva a bater palmas para nós mesmos, a se admirar com nós mesmos, a se impressionar com nós mesmos.

A ciência nos ensina que somos ínfimos, um grão de areia no universo e que tudo vai acabar. A religião valoriza o amor, mas na maioria das vezes o amor é um presente de Deus, a vida é uma dádiva de Deu, nossas realizações acontecem graças a Deus (ou a outra força misteriosa). De acordo com a religião, nada é nosso – já nascemos devendo.

A arte premia nossa individualidade, nosso lado competitivo, nosso instinto de superação. Mesmo que você não seja um artista, quantas vezes você já sorriu e se inspirou com um filme ou um livro? Ou se impressionou com os dribles do Garrincha (sim, se balé é arte, futebol também é).

Essa história toda me vaio à cabeça enquanto assistia ao Oscar ontem à noite. Aquele povo todo se empetecando, se aplaudindo, se premiando e se congratulando no mesmo dia em que cientistas descobriram mais uma evidência de que o universo vai mesmo acabar daqui a alguns bilhões de anos.

A arte está pouco se fodendo pro universo.

Outra coisa que me ocorreu é que preciso muito ver esse filme: Beasts of the Southern Wilds