— Orgia Delivery, o prazer é todo seu, boa noite.
— Boa noite. Eu estava procurando algumas anãs albinas para uma festinha...
— Senhor, as anãs albinas estão em falta, devido à grande procura por causa das confraternizações de fim de ano.
— Hmm. E você sugere alguma coisa?
— Senhor, as dançarinas núbias e as contorcionistas coreanas têm tido muita saída. Se tiver algum sado-masoquista no grupo, eu recomendaria uma estivadora russa, senhor.
— Tenho, deixa ver, dez SM por aqui.
— Uma estivadora russa serve bem cinco pessoas, senhor.
— Vou querer duas, então. E também duas contorcionistas coreanas. O endereço é...
— Enfermidade Delivery, tratando você bem, pra você ficar mal, boa tarde.
— Boa tarde. Eu estava precisando ficar doente hoje, mas não sei exatamente o que pedir.
— Se o senhor me disser o motivo, talvez eu possa ajudar.
— Eu tenho uma reunião importante no trabalho amanhã, mas não vou conseguir terminar a apresentação para o presidente.
— Então o senhor precisa de algo imediato, de efeito fulminante que faça o senhor faltar ao trabalho por pelo menos uma semana?
— Algo por aí. Um simples resfriado não vai colar.
— O ideal seria alguma doença infecto-contagiosa, como a caxumba ou uma virose tropical, como febre amarela.
— A virose parece ótimo, quanto é?
— Três mil reais e cinqüenta centavos, senhor, já com a taxa de entrega.
— Ah, mas é muito caro. Eu estava imaginando algo na faixa dos cem reais...
— Senhor, por esse preço e com essa urgência que o senhor precisa, o máximo que posso fazer é mandar o Pudim até o senhor.
— Como assim?
— O Pudim, nosso operativo, vai até sua residência, agride o senhor com violência extrema e simula um assalto. O senhor fica com três ou quatro ossos quebrados e, na promoção de Natal, o senhor já ganha a ocorrência policial sem custo adicional.
— Parece ótimo.
— Só tem um probleminha: não garantimos que o senhor sobreviva, senhor. Tudo bem?
— Tudo bem, vale a pena. O endereço é...
— Bom-senso Delivery, o óbvio ao alcance de todos, bom dia.
— Bom-dia. Eu queria um pouco de bom-senso, por favor.
— O senhor ligou para o lugar certo! Já conhece o nosso trio? Uma porção de bom-senso e outra de praticidade, acompanhada de uma dose de direitos humanos. Que tal?
— Não, obrigado. Eu queria apenas uma dose gigante de bom-senso.
— Seria para o senhor mesmo?
— Não, é para o meu chefe.
— Ah, certo. Já vai embrulhado para presente, então. Posso ajudá-lo em mais alguma coisa?
— Vocês trabalham com ética?
— Infelizmente não, senhor.
— Sabe onde eu posso encontrar?
— É muito difícil... Hoje em dia, quase ninguém mais trabalha - tem pouca saída. Se o senhor quiser posso ver se ainda tenho um pouco de profissionalismo. Se não me engano, ele já vem com ética dentro.
— Ah, obrigado! Vou querer também, então.
— Sim, senhor. Tudo para a mesma pessoa?