quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Traição

É impossível provar uma traição. Você consegue provar um assassinato, uma agressão, uma coerção e até uma sacanagem, mas você não consegue provar uma traição.

Até mesmo no caso de um membro de um casal pular a cerca ou de um espião vender informações militares para outro país. Você consegue provar que houve infidelidade (ou quebra dos votos matrimoniais), você consegue provar que houve espionagem. Mas não consegue provar uma traição.

A traição é medida pelo que você espera de uma pessoa e não existe medida mais subjetiva que essa. Você pode fazer contratos, você pode conversar por horas estabelecendo as regras e os limites de uma relação, você pode se basear na ética universal. Mas ninguém consegue determinar, escrever ou simplesmente saber, de forma cristalina, o que espera de alguém.

Em relações distantes, quase conseguimos ser objetivos: espero da polícia que ela me proteja. Existem alguns tons de cinza aí, mas trata-se de uma boa generalização. Hoje em dia não nos sentimos traídos quando a polícia falha porque, verdade seja dita, gostaríamos que a polícia nos protegesse, mas já não temos essa expectativa há um bom tempo.

O processo vai ficando mais difícil à medida que sua intimidade com a pessoa ou instituição aumenta. Você espera um sem número de coisas do local onde você trabalha, da escola do seu filho, do seu cônjuge e dos seus amigos.

E, de repente, você se vê traído. Você não vai conseguir provar, você não vai conseguir entender, você não vai encontrar ninguém imparcial o suficiente para elucidar a situação.

A solução para o problema está entre você e o “traidor”. Ele precisa entender o que fez para trair sua confiança e você precisa entender ou, o que é mais difícil, aceitar os motivos que o levaram àquele gesto, àquela palavra ou àquela ação.

Se isso não acontecer, só lhe resta uma saída: esquecer.

Mas você não vai conseguir.

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