quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Loucos e pedras

Uma amiga, certa vez, me falou de um louco que costumava perambular pelas ruas de sua cidade (ou da cidade da mãe - enfim, não era aqui). A mania dele era a seguinte: toda pedra na qual tropeçava, ele guardava para si. Vivia caminhando, tropeçando e guardando pedras.

Um louco com uma pedra na mão não é uma imagem que inspire muita tranqüilidade, mas me ocorreu o seguinte: o sujeito não era tão louco assim. Ele apenas fazia literalmente o que todos nós fazemos no sentido figurado.

Quando encontramos pedras no nosso caminho, dificilmente damos a volta e seguimos em frente, sem olhar para trás. O mais provável é que, de alguma forma, levemos o obstáculo conosco, na forma de uma mágoa, um rancor ou, no mínimo, uma lembrança ruim que volta para nos assombrar de vez em quando.

O certo seria largarmos o obstáculo para trás ou, na impossibilidade disso, ao menos esvaziarmos os bolsos de vez em quando, para facilitar a caminhada.

Mas o bom mesmo, bom mesmo, seria poder jogar a pedra na cabeça de quem inicialmente a colocou no nosso caminho.

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