quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Delivery

— Orgia Delivery, o prazer é todo seu, boa noite.

— Boa noite. Eu estava procurando algumas anãs albinas para uma festinha...

— Senhor, as anãs albinas estão em falta, devido à grande procura por causa das confraternizações de fim de ano.

— Hmm. E você sugere alguma coisa?

— Senhor, as dançarinas núbias e as contorcionistas coreanas têm tido muita saída. Se tiver algum sado-masoquista no grupo, eu recomendaria uma estivadora russa, senhor.

— Tenho, deixa ver, dez SM por aqui.

— Uma estivadora russa serve bem cinco pessoas, senhor.

— Vou querer duas, então. E também duas contorcionistas coreanas. O endereço é...


 

— Enfermidade Delivery, tratando você bem, pra você ficar mal, boa tarde.

— Boa tarde. Eu estava precisando ficar doente hoje, mas não sei exatamente o que pedir.

— Se o senhor me disser o motivo, talvez eu possa ajudar.

— Eu tenho uma reunião importante no trabalho amanhã, mas não vou conseguir terminar a apresentação para o presidente.

— Então o senhor precisa de algo imediato, de efeito fulminante que faça o senhor faltar ao trabalho por pelo menos uma semana?

— Algo por aí. Um simples resfriado não vai colar.

— O ideal seria alguma doença infecto-contagiosa, como a caxumba ou uma virose tropical, como febre amarela.

— A virose parece ótimo, quanto é?

— Três mil reais e cinqüenta centavos, senhor, já com a taxa de entrega.

— Ah, mas é muito caro. Eu estava imaginando algo na faixa dos cem reais...

— Senhor, por esse preço e com essa urgência que o senhor precisa, o máximo que posso fazer é mandar o Pudim até o senhor.

— Como assim?

— O Pudim, nosso operativo, vai até sua residência, agride o senhor com violência extrema e simula um assalto. O senhor fica com três ou quatro ossos quebrados e, na promoção de Natal, o senhor já ganha a ocorrência policial sem custo adicional.

— Parece ótimo.

— Só tem um probleminha: não garantimos que o senhor sobreviva, senhor. Tudo bem?

— Tudo bem, vale a pena. O endereço é...


 

— Bom-senso Delivery, o óbvio ao alcance de todos, bom dia.

— Bom-dia. Eu queria um pouco de bom-senso, por favor.

— O senhor ligou para o lugar certo! Já conhece o nosso trio? Uma porção de bom-senso e outra de praticidade, acompanhada de uma dose de direitos humanos. Que tal?

— Não, obrigado. Eu queria apenas uma dose gigante de bom-senso.

— Seria para o senhor mesmo?

— Não, é para o meu chefe.

— Ah, certo. Já vai embrulhado para presente, então. Posso ajudá-lo em mais alguma coisa?

— Vocês trabalham com ética?

— Infelizmente não, senhor.

— Sabe onde eu posso encontrar?

— É muito difícil... Hoje em dia, quase ninguém mais trabalha - tem pouca saída. Se o senhor quiser posso ver se ainda tenho um pouco de profissionalismo. Se não me engano, ele já vem com ética dentro.

— Ah, obrigado! Vou querer também, então.

— Sim, senhor. Tudo para a mesma pessoa?

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