quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Livros difíceis

Confesse: você já largou um livro no meio não porque a história era ruim, mas sim por absoluta falta de compreensão ou paciência. Normal. A leitura, assim como todas as outras coisas que dão prazer, tem hora que não emplaca - como rodízio de pizza depois da feijoada ou sexo sem camisinha. Ou... Enfim, antes que eu me perca nas metáforas esdrúxulas aqui vão alguns exemplos dos livros que ganharam de mim:

1. Ulysses, de Joyce: esse, na verdade, nunca nem abri, de medo.

2. As 1001 noites: tem dois anos que este é o meu livro de cabeceira antes de dormir. Todo dia leio um pouco. Acho que, inconscientemente, estou tentando reproduzir a história em tempo real. É um livro até fácil e gostoso de ler, mas não adianta: todo dia leio um pouquinho e abandono para dormir ou ler outra coisa.

3. Empolgado pela série de videogame Dynasty Warriors, resolvi certa vez encarar o Romance dos Três Reinos, livro clássico Chinês no qual a série de jogos se baseia. Com quase mil páginas, o livro era maior que lista telefônica lá de casa – e tinha mais personagens que a lista telefônica! Pela página duzentos, tinha uns 30 sujeitos cujos nomes eram pequenas variações de Zhang Lu (e mais outros dois mil outros caras). Nem precisa dizer que voltei a acompanhar a história da reunificação da China e da revolta dos turbantes amarelos apenas pelo videogame. O que também não é exatamente compreensível, mas pelo menos dá pra saber que o tal do Lu Bei pulava três metros de altura, comia arroz do chão, brilhava quando tava puto e matou umas 15 bilhões de pessoas, todas com a mesma cara – mas pode ser que o videogame tenha usado alguma licença poética.

4. Grande Sertão Veredas, do Guimarães Rosa: esse eu li, mas não li. Porque eu entendi uma coisa e o texto dizia outra.

5. Qualquer coisa do Paulo Coelho: li O Alquimista e o Diário de um Mago, mas meu pai e minha mãe sempre me orientaram a ficar longe das drogas e, portanto, parei.

6. A Ilíada, de Homero (se é que existiu um Homero e se é que ele escreveu a Ilíada)- em verso e em inglês, quando meu inglês ainda não era lá essas coisas. Outro que cheguei até o final, mas entendi mesmo 30% da coisa toda, com boa vontade. Ainda tenho o livro, que de vez em quando me olha com ar de superioridade da estante.

Curiosamente, nunca tive esse tipo de problema com a Agatha Christie. Já li toda a obra dela umas duas vezes. Ahh, a boa e velha Agatha- em minha adolescência fui diversas vezes para a cama com ela... Pois é, o livro de mistério é a receita perfeita para o cérebro preguiçoso, pois, no finalzinho, o detetive sempre faz um resumão da história antes de revelar o assassino.

Um comentário: