quarta-feira, 28 de março de 2012

Chronicle

Sabe o post anterior no qual eu falei que nem todo filme se beneficia do formato “filmagem encontrada”? Pois bem, Chronicle é um desses filmes.

Claro, claro, o fato dos personagens filmarem eles mesmos o que está acontecendo encurta distância e nos coloca na pele dos personagens, mas sabe o que mais nos coloca na pele dos personagens? Boas atuações. E os garotos do filme estão ótimos – os supercloses e imagens tremidas são desnecessários.

Chronicle ou “Poder Absoluto” é um filme de super-herói. A diferença é que esse, como já falei, conta a história a partir de pedaços de filme “encontrados” e, na verdade, essa diferença é um dos problemas do filme. Apesar de a mecânica render algumas boas cenas, da metade pro final a ideia vira mais um problema que uma solução, pois o filme toma outro ritmo.

O diretor se vira e conta a história, mas é obrigado a recorrer à câmera de segurança do caixa eletrônico, a câmeras de celulares anônimos, de helicópteros, enfim, o clima intimista, de documentário acidental, vai pro espaço. Sem contar, claro, as dezenas de cenas em que ter alguém com uma câmera ligada não faz o menor sentido.

O filme não precisava disso porque ele é diferente em outro sentido. O roteiro pseudo-realista conta a história de três jovens que se vêem com superpoderes e mostra, junto com a evolução dos poderes, a evolução desses jovens – como amigos e como pessoas.

O filme consegue ser bem humorado, dramático e dinâmico e termina de forma previsível mas não menos espetacular, com direito a flashbacks do mangá Akira. Teve um momento no qual eu achei que um dos personagens ia gritar: Tetsuooooo!

Enfim, o diretor poderia ter usado o fetiche de um dos personagens principais com câmeras de filmagem como recurso narrativo (intercalando com outras cenas) e não como obrigação (amarrando o filme, acelerando a narrativa e diminuindo a ousadia de alguns takes), mas no resto o filme acerta. Achei muito divertido. Um dos trunfos do filme é conseguir fingir que é despretensioso até o momento certo e tá, confesso, nesse ponto a “filmagem encontrada” até ajuda, mas tá na hora de acabarmos com esse gênero, não?

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