terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Visitando Gramado


Gramado é uma Orlando de terceiro mundo. Uma cidade voltada para o turismo, bem cuidada, com um comércio centralizado ao longo de uma ou duas vias principais que vive de sazonalidades e é cercada por atrações temáticas. Mas com algumas diferenças importantes:

1. O tema: Em Gramado o Mickey é substituído por Jesus, Papai Noel, o Coelho da Páscoa e dinossauros (não pergunte), não necessariamente nessa ordem. Fica no ar um questionamento ético, uma vez que explorar comercialmente a Sagrada Família não me parece muito certo, mas alguém pode argumentar, com certa propriedade, que é melhor valorizar a paz e a união que o Pato Donald e o consumismo desenfreado. Pense sobre o assunto e, se chagar a uma conclusão, parabéns.

2. Os hotéis: a maioria dos hotéis em gramado são pensões com um ar pitoresco, que pode muito bem servir de sinônimo para mal-conservado e empoeirado, mas, justiça seja feita, uma boa parte dessas pensões são realmente agradáveis com seu jeito simples, mas todas as hospedarias, sem exceção, da mais cara a mais barata, são caras demais pelo que oferecem. O custo/benefício é baixo.

3. A cidade: sempre muito bem decorada e limpa, Gramado tem a vantagem de possuir uma beleza natural em suas cercanias que Orlando nem sonha. Assim como em Orlando, é fácil andar em Gramado, mas o trânsito de Gramado é péssimo.

4. As atrações: Poucas coisas no planeta Terra podem competir com a Universal em termos de entretenimento e, obviamente, nada em Gramado chega perto disso. Mas os principais shows de natal da cidade rivalizam com os shows B da Disney (com algumas ressalvas importantes especialmente no quesito segurança) e Orlando não tem arquitetura colonial e nem a Serra Gaúcha.

As atrações de Gramado, no entanto, tem um charmezinho por conta de sua boa intenção, já que a maioria são esforços de uma família ou indivíduo. Mas o formato comercial é podre e a conservação pobre. O Mundo a Vapor é pra mim a única atração genuinamente interessante em toda a cidade. As outras coisas podem até divertir um pouco, mas são dispensáveis, especialmente porque são caras pra entrar (pelo que oferecem).

Destaque negativo vai para a aldeia do Papai Noel. Um espaço imenso cheio de boas ideias desperdiçadas.

O comércio: Gramado não só não tem outlet, como, pelo contrário, a cidade vive de explorar o turista. Tudo é muito caro e não se anda dez metros na cidade sem pagar 10 reais pra alguma coisa. É um sistema burro e cansativo. Mesmo que eu fosse milionário não voltaria à cidade, pois não gosto de me sentir explorado. A exceção é a comida que, apesar de cara, vele à pena. Como em todo lugar, quem procura vai achar coisas legais e espaços onde seu dinheiro é tratado de forma mais honesta, mas confesso que enchi o saco de gastar dinheiro na cidade. Eu até tinha dinheiro pra gastar, só não estava mais disposto a gastá-lo.

Achei os Papais Noéis de Gramado meio sem noção.
Conhecer Gramado e Canela foi ótimo. Canela, especialmente, é bem charmosa e Gramado pode ser legal, com sua boa comida e atrações que apelam pra emoção. Mas confesso que a coisa toda requer um pouco de boa vontade por parte do turista, o que é um pré-requisito fundamental pra uma boa viajem em qualquer circunstância, mas... Mesmo assim... Olha: valeu, mas não volto.

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