— Se eu te contar uma coisa, cê promete que não vai me achar maluca?
— Prometo – respondeu o Tavinho, obviamente, mentindo.
— Eu sou louca com esse negócio de terrorista.
— Hã? Como assim?
— Terrorista. Aqueles caras irados que se explodem com o avião e tudo. Talibã, essas coisas.
— O que é terrorista eu sei. Mas não entendi essa sua confissão aí. Você gosta de terrorista? Acha legal o que eles fazem?
— Não tem nada a ver com ideologia deles. E nem com as mortes, detesto morte. Mas é com a coisa de ser terrorista, entende? Eu tenho uma coisa com terrorista. Essa piração toda das dez mil virgens e de treinar no videogame pra pilotar o avião e engolir a arma pra passar no raio-X.
— Engolir a arma? E quem é que engole arma, Malu?
— Não é uma uzi, né Otávio! Mas aquelas pequenininhas do 007 dá pra comer. Eles comem com gelatina que é pra proteger o estômago.
— Onde você viu isso, Malu?
— Ah, num programa desses aí. Eu vejo tudo de terrorista. Irã, Iraque, Arábia, Moscou, tudo. Não posso ver um figura de nariz grande e aquela cara de mau que já fico toda interessada.
— Que é isso, Malu?
— Inclusive, tenho que admitir: só me liguei em você porque você tem uma cara de homem-bomba...
— Eu?
— Véio, eu morro de tesão por homem-bomba. É uma coisa na palavra, sei lá. Ho-mem-bom-ba. Olha, fiquei toda arrepiada.
— Homem-bomba?
— Ai! Fala de novo...
— Falar o quê? Homem-bomba?
— Isso. Vem me fazer explodir, meu homem-bomba, vem. Vem...
— Malu, não to muito no clima. Esse tema é muito barra pesada...
— Eu já não vesti de enfermeira pra você?
— Já, mas não é a mesma coisa...
— Otávio, você pára de frescura. Vem você e o seu nariz pra cama agora, senão eu ponho fogo na sua coleção da Playboy!
— Pô, Malu, que terrorismo é esse?
— Ai, Tavinho... Assim você me deixa louca!
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