segunda-feira, 14 de abril de 2008

Terrorismo

— Se eu te contar uma coisa, cê promete que não vai me achar maluca?

— Prometo – respondeu o Tavinho, obviamente, mentindo.

— Eu sou louca com esse negócio de terrorista.

— Hã? Como assim?

— Terrorista. Aqueles caras irados que se explodem com o avião e tudo. Talibã, essas coisas.

— O que é terrorista eu sei. Mas não entendi essa sua confissão aí. Você gosta de terrorista? Acha legal o que eles fazem?

— Não tem nada a ver com ideologia deles. E nem com as mortes, detesto morte. Mas é com a coisa de ser terrorista, entende? Eu tenho uma coisa com terrorista. Essa piração toda das dez mil virgens e de treinar no videogame pra pilotar o avião e engolir a arma pra passar no raio-X.

— Engolir a arma? E quem é que engole arma, Malu?

— Não é uma uzi, né Otávio! Mas aquelas pequenininhas do 007 dá pra comer. Eles comem com gelatina que é pra proteger o estômago.

— Onde você viu isso, Malu?

— Ah, num programa desses aí. Eu vejo tudo de terrorista. Irã, Iraque, Arábia, Moscou, tudo. Não posso ver um figura de nariz grande e aquela cara de mau que já fico toda interessada.

— Que é isso, Malu?

— Inclusive, tenho que admitir: só me liguei em você porque você tem uma cara de homem-bomba...

— Eu?

— Véio, eu morro de tesão por homem-bomba. É uma coisa na palavra, sei lá. Ho-mem-bom-ba. Olha, fiquei toda arrepiada.

— Homem-bomba?

— Ai! Fala de novo...

— Falar o quê? Homem-bomba?

— Isso. Vem me fazer explodir, meu homem-bomba, vem. Vem...

— Malu, não to muito no clima. Esse tema é muito barra pesada...

— Eu já não vesti de enfermeira pra você?

— Já, mas não é a mesma coisa...

— Otávio, você pára de frescura. Vem você e o seu nariz pra cama agora, senão eu ponho fogo na sua coleção da Playboy!

— Pô, Malu, que terrorismo é esse?

— Ai, Tavinho... Assim você me deixa louca!


 


 

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