segunda-feira, 1 de junho de 2009

Como nos filmes

Cismou de ter um mordomo. Empregada doméstica todo mundo tinha e sempre dava confusão: uma hora falta, outra hora fala mal do patrão, em outra come biscoito escondido e por aí vai. Mordomo, sim, era confiável. Não vê o Alfred? Podia ganhar uma grana preta se revelasse a identidade secreta do Batman, mas, em vez disso, faz a faxina sozinho na Mansão Wayne E na Batcaverna e ainda é médico, psicólogo, ator e faixa preta de tae bo. Tá certo que não lá essas coisas como psicólogo, já que o Batman é meio zureta, mas, mesmo assim, tá muito bom.

Queria mesmo era um mordomo inglês, mas tava difícil sobremaneira de achar um lá em Patos, sua cidade natal. Arrumou foi um infeliz de bigode escovinha, torneiro mecânico desempregado, chamado Mariano que topava ser chamado de Mathew por trinta reais extras no fim do mês.

Alugou um fraque pro Mariano e chamou o sujeito pra conversar.

— Ô Méfiu!

— Não me chama de meu filho que eu não gosto!

— Não é "meu filho", é que em inglês é assim que pronuncia seu nome: méfiu!

— Ah, sim! Meu nome artístico! Tá certo. Digaí.

— Pois é, assim não dá. O visual tá resolvido, mas tá te faltando o treinamento pra mordomo. A elegância do trem (lembrem-se que essa história se passa em Patos de Minas). Faz o seguinte: tá aqui um punhado de filme de mordomo. Assiste a tudo e aí é só fazer igualzinho.

— Igualzinho?

— Tal e qual.

Morreu estrangulado pelo Méfiu duas semanas depois. Em sua defesa, Méfiu alegou que estava apenas cumprindo ordens. Afinal, nos filmes, o assassino é sempre o mordomo.

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