quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Inception

A Origem é um Matrix dos pobres.

Note que isso não quer dizer que o filme seja ruim, porque Matrix é um filmaço, o que significa que até uma versão mais pobre dele pode render um bom filme.

Os atores estão bem, as cenas de ação são legais, os efeitos são bacanas, o filme tem ritmo, tem tensão, tem um bom clímax, mas Crsitopher Nolan perdeu uma oportunidade gigantesca ao copiar mais idéias que o necessário.

A maneira como os caras entram no mundo dos sonhos é igualzinho a entrar na Matriz: deitadinho na cadeirinha, os amuletos foram chupados de uma história do Alan Moore sobre viajem em sonhos, mas até aí tudo bem.

Nolan teve inclusive o cuidado de criar personagens anti-heróis: paranóicos, deprimidos, neuróticos, etc. Pra diferenciar dos super-heróis de Matrix, mas falhou ao querer imprimir realismo ao mundo dos sonhos, que ficou parecendo uma Matriz sem graça.

Caramba! Mundo dos Sonhos! Era a hora de soltar a imaginação e estourar o orçamento da computação gráfica! Cadê os peixes de chapéu? As paisagens etéreas? Os diálogos enigmáticos? O mundo dos sonhos de Nolan é tão real que reflete as propriedades físicas do plano físico (se alguém cai enquanto sonha o mundo do sonho fica sem gravidade! WTF?).

Pra ser sincero, Nolan conseguiu criar um universo coerente, com regras bem definidas, que ajudam a envolver o espectador, mas é um universo que me pareceu repetitivo e sem inspiração. Em Matrix, a idéia era apresentar um mundo real para depois desconstruí-lo gradativamente. O mundo de Nolan é desconstruído apenas para atender à trama para, logo em seguida, voltar a ficar realista.

Parece-me até que essa era a intenção, já que uma das idéias centrais do filme é que nem sempre é possível diferenciar o sonho da realidade. Meh. A idéia tinha espaço para mais ousadia e foi pouco aproveitada mesmo.

E Michael Caine deveria ganhar o Oscar de melhor ator subutilizado da história do cinema. Muitas vezes bons atores aparecem pouco em um filme porque seus personagens são importantes e a cena, embora curta, precisa ter impacto. As falas do Michael Caine no filme (todas as duas!) têm impacto zero e, inclusive, o personagem dele poderia ter sido facilmente removido na edição final do filme que faria pouca diferença.

Enfim, eu esperava mais. Ainda não é o filme de ficção moderno que vai substituir Matrix.

Um outro detalhe: O Leonardo DiCaprio não compromete, mas achei todos os outros atores melhores que ele no filme – inclusive o Michael Caine.

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