sexta-feira, 8 de setembro de 2006

O celular do surdo-mudo

Hoje participei de uma campanha humanitária inusitada. Contribuí com cinco reais para a realização de um dos sonhos do surdo-mudo que trabalha na equipe de limpeza do meu edifício: comprar um celular.
A situação resvala no absurdo, mas não chega a ser um, visto que o rapaz pode, de fato, utilizar o parelho, por causa das funções de mensagem de texto e vibração, prova definitiva que o celular já não é mais apenas um telefone móvel, mas um aparelho muito mais sofisticado.
De qualquer maneira, ajudei a comprar um telefone para um surdo-mudo. E o fato é que ainda estou digerindo o conceito.
Sou a favor do supérfluo. Uma vítima do capitalismo que acredita no poder renovador de um presente absolutamente inútil. Pelo menos inútil do ponto de vista da simples sobrevivência. Mas, como todos sabemos, na selva social nada é completamente inútil. Tudo que pode ser ostentado ou ligado em uma tomada tem o seu valor. Mas, mesmo assim...
O celular sempre foi, para mim, um símbolo da vitória do consumismo desenfreado. E hoje descobri que ele é objeto de desejo até dos surdos-mudos. Não demora vamos encontrar por aí altares de adoração ao aparelhinho. Hoje o celular mostrou para mim quem é que manda.

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