terça-feira, 21 de novembro de 2006

Páginas da Vida 2

Já falei aqui no blog sobre o absurdo que foi o depoimento da senhora negra sobre o orgasmo nas cenas finais da novela Páginas da Vida. Se você é alienado ou mora na França (digaí, Fred), explico rapidamente: a novela encerra cada um de seus capítulos com um depoimento real, sobre os mais variados assuntos: traição, sexo, vida a dois, tesão, diferença de idades entre casais... Hm... Na verdade, os assuntos não são tão variados assim, a maioria dos depoimentos é sobre relacionamento mesmo. Mas tem outras coisas: vida profissional, manias, por aí vai.
Pois bem, fiquei irritado com aquele depoimento em particular e, de lá para cá, já vi mais alguns. Teve um que achei bacana, outro que ameaçou me emocionar, mas a grande maioria me deixou constrangido por aquelas pessoas ali expondo sua vida e seus sentimentos. As declarações são muito cruas e têm um certo tom bizarro, um ar meio tragicômico. Lembram-me muito as intervenções dos candidatos por partidos inexpressivos no horário político – uma coisa feita com intenção de ser séria, mas que sai pela culatra.
Comecei a achar que o problema era comigo, já que não via ninguém comentar muito sobre o assunto, mas, ontem, vendo uma mulher de olhos arregalados e dentes cerrados dizendo que, por paixão, ela faria qualquer coisa, resolvi consultar minha psicóloga. Posso consultar minha psicóloga sempre que quiser, a qualquer hora do dia ou da noite, uma vez que ela mora lá em casa e é casada comigo.
— Esses depoimentos mostram como o povo anda descompensado e louco – ela disse, tristemente.
É verdade. Os testemunhos são reais demais, mostram as pessoas sob um microscópio potente demais e, como já dizia o poeta, de perto, ninguém é mesmo normal.
E vamos todos tomando antidepressivos que é para acompanhar o ritmo.

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