Esse blog começou com textos de humor. Humor questionável, possivelmente, mas humor. Humor barato, certamente, mas humor. De lá pra cá, todo tipo de escrevinhadura deu as caras por aqui: poesia, haikai, crítica, crônica, narrativa, boletim, mexerico, reflexão e por aí vai, mas o humor ficou mais intermitente, caprichoso, irresoluto. Compreensível, diria o amadorista, pois o texto é reflexo do espírito e varia com a vida. Bobagem! Embora todo o texto seja uma verdade, o verdadeiro escritor é um mentiroso: escreve coisas tristes quando está alegre e pode ser divertidíssimo quando está triste. A inconstância na escrita não é uma atribulação da alma, mas é, preparem-se para uma verdade desnuda, uma afetação da mente. Para o cérebro inquieto e efervescente não há dificuldade alguma em lapidar o texto. Para a cabeça enterrada na areia do cotidiano, o texto vai para onde é possível no momento – e vai decerto aos tropeções com a elegância do bebum e a graciosidade do perneta.
Felizmente, para tudo há concerto, especialmente quando se tem consciência do problema. Para tornar o humor mais freqüente nessas paragens basta meter estímulos na mente do Escritor, à força, se necessário, com jeitinho, de preferência. Sendo o Escritor um amigo próximo (tão próximo quanto possível, uma vez que se trata de mim próprio), a tarefa me parece das mais brandas. Bem sei que as aparências enganam e a experiência prévia mostra que o estilo do Escritor é costumeiramente evasivo e volúvel, dado mais à experimentação que à constância, mas sejamos pragmáticos: o humor é ferramenta preferida do Escritor e não tenham dúvida de que muito pouco será necessário para que a intenção de fazer rir volte a ser uma prioridade.
Contudo desconfio, cá entre nós, que nunca deixou de ser, pois o humor tem muitas qualidades (negro, sutil, mordaz, irônico, despropositado). Hm... Talvez seja o caso de reler alguns dos textos com outros olhos antes de propor mudanças desnecessárias.
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