sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Jornalismo de verdade

Olha, jornalista é um sujeito muito sacana.

Acho que todo jornalista, antes de fazer uma entrevista, deveria recitar aquele texto (Miranda qualquer coisa) que os policiais de filme americano falam no momento em que agarram o malfeitor – e que, presumivelmente, também é dito pelos policiais estadunidenses de verdade: "você tem o direito de permanecer calado. Se abrir mão desse direito, tudo o que disser poderá ser usado contra você", e, se a entrevista for pra Veja ou pra Globo, o repórter continuaria: "... você tem direito a um advogado, etc...".

Digo isso porque não faltam exemplos de declarações tiradas de contexto e de edições mal-intencionadas, mas o pior, pior mesmo, é quando o sujeito se aproveita da humildade das pessoas só pra fazer uma sacanagenzinha. Só pra dar uma rapidinha e manter o pique.

Nesta semana, na paraolimpíada (como se escreve isso?), um atleta brasileiro cotó – o cara só tinha um braço e, mesmo assim, só até o cotovelo – e sem pernas, competiu de forma emocionante com um chinês que nem um braço tinha. Era uma prova de natação e os dois terminaram a prova dando uma cabeçada no sensor.

O brasileiro ganhou e bateu o recorde mundial – medalha de ouro para o Brasil!

Aí o FDP do jornalista foi lá pegar uma declaração do atleta brasileiro que, emocionado, não se conteve:

— A prova foi mesmo empolgante! Foi decidida na batida de mãos!

Se o editor tivesse um mínimo de consideração, cortava essa parte da matéria. Maldade, gente, maldade...

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