quinta-feira, 22 de setembro de 2005

A Ala Oeste

Tem um estado de espírito que não é bem depressão, não é exatamente tristeza e nem desilusão. É uma emoção sem nome que mistura um pouco das três coisas e acrescenta uma dose de estupefação. Estava me sentindo assim ontem.
Assisti pela primeira vez o seriado americano The West Wing. Ele já está no décimo ano a ganhou inúmeros prêmios, mas eu nunca tinha visto. O apelo da série é mostrar a rotina da ala oeste da Casa Branca e os personagens principais da série são, nada menos, o presidente dos Estados unidos e seu staff imediato – assessores de imprensa, puxa-sacos, etc.
O presidente é magistralmente interpretado pelo veterano Martin Sheen. Mas aí é que está o problema – é magistralmente demais. Ele fala não sei quantas línguas, converte escalas métricas e de temperatura de cabeça, é ágil nas decisões, compreensivo, conciliador, diplomata, sonhador, ousado e agressivo quando necessário (só quando necessário). Enfim, é o presidente que todo mundo gostaria que os EUA tivessem. E mais: todo o staff também é competentíssimo – parece mais um grupo de executivos da AOL Time-Warner, que funcionários públicos.
E é por isso que o programa te deixa assim, meio esquisito. A gente assiste e é bombardeado por eficiência e compromisso e, então, olha pro lado e vê o Bush, o Lula, o Severino... A série é como um documentário invertido, onde a mentira é tratada de forma tão realista, que você fica desejando que fosse verdade. Rapaz... Não é fácil.
Uma amiga minha sempre disse que, para ler Caras, a pessoa precisa ter uma cabeça muito boa. Não é qualquer um que agüenta incólume aquela enxurrada de gente rica, bonita e feliz. Pois é, o seriado The West Wing também não é para qualquer um. Bom, pelo menos o Severino renunciou.

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